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03 de setembro de 2020
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Carta às atuais e futuras gerações de Líderes Latino-Americanos

Por Ultimatoonline

Pastores seniores de diversos países e denominações se reuniram durante três meses para conversar sobre a necessidade de produzir um documento para a nova geração de líderes da América Latina.

Na carta, pastores mais velhos e experientes da missão de pastorear oferecem ajuda aos servos mais novos, dando apoio neste momento especial da história e reconhecendo os desafios de comunicação e evangelização que a igreja sofre em tempos de pandemia.

O grupo surgiu de forma espontânea e não foi convocado por nenhuma organização cristã e/ou missionária. O argentino Juan Pablo Bongarra serviu como facilitador nas reuniões on-line.

O material preparado tem sido divulgado por pastores e organizações cristãs em diversos países da América Latina. Confira a carta na íntegra:

Carta às atuais e futuras gerações de Líderes Latino-Americanos

Nós, pastores e líderes provenientes de diferentes países e denominações, enviamos esta carta aos novos líderes evangélicos latino-americanos. Tomamos a iniciativa de escrevê-la não porque alguém nos tenha obrigado, senão como algo que brota livremente de nossos corações, porque amamos a Cristo, amamos a sua Igreja e amamos aos nossos conservos mais jovens no Evangelho.

A intencionalidade da carta é expressar o que sentimos por vocês, porque somos mais velhos e temos muitos anos de experiência na obra cristã, que desejamos seja de benefício para a presente e próxima geração de líderes-servos. Ela não tem fins teológicos, eclesiológicos, proféticos, missiológicos nem institucionais.

Escrevemos-lhe em um momento da história que se recordará como um marco em todo o mundo. Tal circunstância nos trouxe à memória que a Igreja é muito mais do que um templo e nos desafia a buscar novas formas de comunicar a mensagem da Palavra de Deus.

Honramos aos que nos precederam

Por mais de 100 anos, e antes de nos levantarmos como líderes locais, missionários estrangeiros, pregadores, colportores e evangelistas chegaram a nossos países. Foram enviados primeiro por igrejas históricas e entidades missionárias e mais adiante também por igrejas independentes , que queriam que o Evangelho da salvação se espalhasse por essas terras. Em tempos de perseguição e escassez, semearam a Palavra a tempo e fora de tempo e, em muitos casos, não viram o resultado de seus esforços. Vários deles enterraram seus filhos e cônjuges em nossos campos, e o fizeram por que foram obedientes ao chamado de Jesus Cristo.

Esses irmãos fundaram igrejas, construíram capelas e templos, ministraram classes bíblicas domésticas, treinaram novos crentes, abriram escolas de educação teológica e publicaram livros e milhões de folhetos que distribuíam de forma gratuita. Nós os honramos e esperamos ansiosamente o dia em que possamos agradecer-lhes na presença de Cristo (Rm 13.7; Hb 11.32-40). Honramos também às igrejas que os enviaram e somos devedores àquelas gerações que obedeceram ao mandato de ir até os confins da terra. Arriscaram a saúde e a vida no ministério.

Estimamos profundamente àqueles que, em quase todas as nossas nações, foram martirizados pela causa de Cristo e pelo seu amor por nós, enquanto outros morriam de fome ou sofriam duras perseguições. Igualmente, os primeiros crentes evangélicos de nossas nações mostraram uma ousadia decisiva ao confiar em Jesus Cristo e um valor incrível ao estender o Evangelho, mesmo ao custo das próprias vidas. Cada nação e denominação tem seus "próceres da fé" aos quais fazemos bem recordar e transmitir às novas gerações as proezas de suas vidas como exemplos para cada crente.

Honramos às organizações e servos

Muitas organizações e servos reconhecidos abençoaram de maneira significativa o nosso continente. Seria impossível preparar uma lista completa de organizações especializadas que investiram recursos e se empenharam em nossos países. Honramos àquelas que colocaram ao alcance da população milhões de exemplares das Escrituras Sagradas em diferentes versões e línguas , aos tradutores da Bíblia, aos diferentes meios que transmitem a mensagem, às organizações que servem às crianças, jovens, mulheres e homens, às editoras e distribuidoras de livros cristãos, aos mestres e teólogos, às escola de preparação para diversos ministérios e a muitos mais que foram e são usados pelo Espírito Santo para tornar -nos o que somos.

O aporte dessas organizações e desses servos dedicados - tanto de igrejas históricas, livres e pentecostais - deixou um forte legado para as gerações vindouras.

Reconhecemos erros e assuntos não concluídos

Queremos pedir perdão às gerações que nos seguem por coisas que não fizemos e por aquelas que fizemos mal. Nem sempre fomos agentes de respeito e unidade e nem sempre refletimos o caráter de Cristo em nossas vidas. A graça de nosso Pai Celestial nos alcançou, porém não nos libera de humildemente rogar -lhes que nos perdoem por nossas falhas.

Durante o nosso ministério, houve uma transição necessária de liderança nas igrejas e autoridades institucionais desde mãos estrangeiras a mãos nacionais. Em alguns casos a transição foi pacífica e em outros houve conflitos e tensões, que feriram líderes e crentes de ambos os lados.

Somos agradecidos a Deus que, ao passar dos anos, paulatinamente se reestabeleceram relações de respeito mútuo e em alguns casos se intensificou a interdependência que deve funcionar na grei de Cristo. Por outro lado, ainda que tenhamos incluído os movimentos cristãos indígenas nas estruturas formais das igrejas um pouco mais do que os líderes que nos precederam, reconhecemos que não fizemos na proporção que deveria ter sido feito. Rogamos a vocês, líderes de hoje e de amanhã, que incluam com respeito e confiança a todos os irmãos e irmãs na fé dos diferentes povos nativos.

Muitas igrejas têm reconhecido a importância do ministério da mulher na vida das congregações e em outras é algo que ainda está em processo. Recomendamos -lhes a continuarem neste caminho. Olhando o passado, vemos também que em alguns casos nos deixamos levar abertamente por posições e personalidades políticas, tanto de esquerda como de direita. Hoje, damos conta de que a Igreja tem de manter postura acima das políticas temporais, pregando os valores e as éticas eternas que se fundamentam na Bíblia.

Passos que demos com a ajuda do Espírito Santo

Em todos os nossos anos de serviço, não nos envergonhamos do Evangelho.

Assim viveram os nossos país na fé e lhes seguimos também em suas pisadas. Enquanto reconhecidos evangelistas pregavam o Evangelho em massivas reuniões públicas, milhares de crentes anônimos e atuantes em todas as nossas nações, dia após dia, viveram e compartilharam o Evangelho com seus familiares, vizinhos e colegas.

Uma menção especial às mulheres latino-americanas que foram desde o início a força principal usada por Deus para a expansão das boas novas. Deus usou a todos para a extensão de sua Igreja. O Evangelho é o coração do que somos!

Pedimos-lhes, portanto, que não se esqueçam que as igrejas e instituições que vocês herdam foram fundadas graças ao Evangelho e à evangelização (Rm 1.16; 2Tm 1.8).

Nosso orgulho tem sido e continua a ser o Senhor Jesus Cristo. NEle cremos, em sua vida, seus ensinos, sua paixão, sua morte e sua ressurreição, seu atual ministério celestial por todos nós e cremos em sua segunda vinda. Que seja logo!

Confessamos que repetidas vezes lhe temos falhado, à semelhança de que falharam também os seus discípulos; no entanto, nEle encontramos perdão, restauração, consolação e força para nos levantarmos e voltar a lhe servir com tudo o que somos (1Co 1.32; 15.3-5).

Procuramos ser bibliocêntricos. A Bíblia tem sido nosso texto, nosso consolo, o Santo Livro que nos instrui e corrige. Confessamos que não a compreendemos como gostaríamos, e por isso a lemos e estudamos cada dia. Imploramos-lhes a construir e continuar a viver suas vidas, com suas famílias e seus ministérios sujeitos à insubstituível Palavra de Deus (2Tm 2.15).

A Igreja na América Latina foi fundada sobre a base da distribuição da Bíblia. Tradutores internacionais e autóctones cumpriram enorme labor de tal maneira que hoje a tradução bíblica converteu-se numa responsabilidade de toda a Igreja.

Desde algumas décadas a América Latina tornou-se uma potência missionária, enviando ao mundo mais de oito mil missionários e milhares que se preparam para ser enviados, com o apoio da Igreja em oração e recursos. Em contraste ao acentuado denominacionalismo do passado, decidimos ampliar a tenda do companheirismo (koinonia) para estreitar relações espirituais e fraternais entre igrejas históricas, livres e pentecostais. Esse espírito impulsionou à formação de distintas entidades ademais da criação de conselhos evangélicos nacionais que agrupam líderes da ampla gama de denominações.

Desde então cresceu o respeito transdenominacional que tem abençoado o nosso continente (Is 54.1-3). Dado que existem várias posturas teológicas entre os evangélicos da América Latina, adotamos o Pacto de Lausanne como a plataforma doutrinal para os nossos esforços conjuntos. Este pacto nos tem sido extremamente útil. Declara os pontos cardeais da fé cristã evangélica e deixa para o diálogo outros pontos importantes segundo cada denominação. Recomendamos que vocês considerem o Pacto de Lausanne para funções similares.

Representantes latino-americanos fizeram parte integral dos grandes congressos mundiais, como Berlim (1966), Lausanne (1974), Manila (1989), Cidade do Cabo (2010) e as três reuniões em Amsterdam (1983, 1986, 2000) e muitos outros. Cada um desses congressos emitiu um documento que lhes recomendamos estudar.

Uma palavra de ânimo e de bênção aos novos líderes

A vocês coube a responsabilidade de guiar a Igreja em um tempo de forte oposição ideológica, crescente desigualdade, esmagadora corrupção e idolatria do profano. Não é hora de vacilar nem se deixar dominar pelo temor.

Como Deus afirma nas Escrituras: "Ninguém o despreze pelo fato de você ser jovem ... Seja forte e corajoso ... Sejam santos vocês também em tudo o que fizerem ... Ame o Senhor, o seu Deus de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todo o seu entendimento ... Ame o seu próximo como a si mesmo ... Cresçam, porém, na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo" (1Tm 4.12; Js 1.6; 1 Pe 1.15; Mt 22.37,39, 2Pe 3.18, NVI).

Aprendam da história das gerações passadas e evitem cometer os mesmos erros. Mantenham-se firmes nas verdades cardeais da fé cristã e bíblica. Amem mais a Deus. Preguem e pratiquem o Evangelho, as boas novas de salvação em Cristo Jesus para cada pessoa.

Não permitam que as mudanças da cultura ou da sociedade mudem vocês. Ao contrário, permitam que Deus os transforme e os use para redimir os elementos nocivos da cultura e, acima de tudo, desenvolvam a cultura do discipulado, seguindo os ensinos e exemplo do grande Mestre Jesus.

Confiem na soberania de Deus, porque apesar das contingências e inclusive através delas, Ele cumpre seu eterno e soberano propósito para a Igreja em todo o momento.

Os discípulos de Jesus deram tudo, mesmo a própria vida, pela causa do Evangelho e encheram o mundo de seu tempo com as palavras e as obras do Evangelho. Agora a responsabilidade é de vocês. Não só em nosso continente. O mundo inteiro espera que vocês lhe mostrem a mensagem da verdadeira esperança em Jesus.

Recordamos-lhes e damos testemunho que "Deus não nos deu espírito de covardia, mas de poder". É hora de pregar a Palavra e batalhar "pela fé uma vez por todas confiada aos santos". É tempo de sermos solícitos em "conservar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz".

É o momento de corrermos "com perseverança a corrida que nos é proposta, tendo os olhos fitos em Jesus, autor e consumador da nossa fé", porque "somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou" (2Tm 1.7; Jd 1.3; Ef 4.3; Hb 1 2.1,2; Rm 8.37).

Estamos seguros de que vocês serão melhores do que nós. Uma geração bíblica, visionária, uma geração de oração, evangelística e comprometida com a responsabilidade social da Igreja e com tudo que significa e implica o processo de "ir e fazer discípulos de todas as nações".

No poder do Espírito Santo, o presente e o futuro são nossos!

Queremos dizer-lhes que esta não é uma carta de despedida. Ao contrário. Nossa geração continuará servindo ao Senhor com todas as suas forças até que Ele nos chame ou nos venha buscar. Motiva-nos poder algum dia dizer como o apóstolo Paulo com humildade, porém convencidos de que temos "combatido o bom combate, terminado a corrida e guardado a fé" (2Tm 4.7). Desejamos que vocês possam dizer o mesmo algum dia, no futuro.

Finalmente, comprometemo-nos a orar por vocês, na segurança de que, como sempre fizeram, também orarão por nós .

Juntos servindo ao Rei.

Respostas para: fraternidaddelideres@gmail.com

Juan Pablo Bongarrá | Argentina | juanpablob@lapuertaabierta.org

Samuel Olson | Venezuela | samolsonan@gmail.com

Héctor Pardo | Colômbia | vida2000@mitabernaculo.org

Galo Vásquez | Missionário | gvasquez@vela.org.mx

Geremias Couto | Brasil | gerecouto@gmail.com

Edwin Martínez | Guatemala | edwinmartinez73@aol.com

Oswaldo Prado | Brasil | op.sepal@gmail.com

Jorge Taberna | Uruguai | tabernajorge@gmail.com

Andrés Castelazo | México | castelazo@prodigy.net.mx

Luis Magín Álvarez | Venezuela | lmalvarez75@gmail.com

Sixto Porras | Costa Rica | sixto@enfoquealafamiIia.com

Pedro Lapadjian | Uruguai | pedrolapadjian@gmail.com

Guillermo Villanueva | México | villanueva.guillermo@hotmail.com

Aarón Cortés | México | aaroncorteshernandez@gmail.com

Ilya Carrera | Panamá | ilyacarrera@yahoo.com

Gregory Venables | Argentina | bpgreg@fibertel.com.ar

Raúl Justiniano Aíiez | Bolívia | rauljusti@gmail.com

Guillermo Conard | Peru | billconard511@gmail.com

David Ruiz | Guatemala | druizmac@gmail.com

Estuardo López | Equador | jestuardo.lopez94@gmail.com

Cesar Parra | Equador | cesarparral@gmail.com

Braulio Portes R. | R. Dominicana | bpm@codetel.net.do

Timoteo Ost | Missionário | timgoandtell@yahoo.com.mx

Cirilo Cruz México | Missionário | kiriosccl@hotmail.com

Norman Mydske | Missionário | nmydske@gmail.com

Benjamin Orozco | Guatema | ladorybenjamin@hotmail.com

>> Conheça o livro Desafios da Liderança Cristã, de John Stott

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» Conselhos de Paulo aos jovens pastores

» Um presente de Deus para a igreja na América Latina

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