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CADI: 25 anos trabalhando pela transformação integral, no Brasil

Por Phelipe Reis

Em 2019, o Cadi figurou novamente na lista das 100 organizações brasileiras que mais se destacam pela transparência e gestão nas suas atuações. É o segundo ano que a organização recebe o Prêmio Melhores ONGs – uma iniciativa do Instituto Doar e que tem como missão divulgar as 100 organizações identificadas e reconhecidas como inspiração para demais entidades do terceiro setor. 
 
O Cadi (Centro de Assistência e Desenvolvimento Integral) é uma organização cristã de base comunitária, com origem no município de Fazenda Rio Grande, Paraná. Desde 1994, desenvolve projetos de intervenção social, atendendo comunidades em situação de vulnerabilidade. Com 25 anos de trabalho, a organização se expandiu, possuindo unidades em sete estados brasileiros, além da Ásia e da África. 
 
As unidades do Cadi implementam projetos segundo as necessidades locais e potenciais das comunidades atendidas. São diversas ações e atividades que promovem acesso à assistência social, tecnologia, educação, arte-cultura, esporte, profissionalização, saúde, segurança alimentar, formação cidadã e advocacy. De acordo com os indicadores, o Cadi possui cerca de 500 crianças apadrinhadas, um pouco mais de quatrocentos voluntários engajados e em 2018 chegou a beneficiar mais de 12 mil pessoas.
 
Atualmente, além das unidades espalhadas pelo Brasil, o Cadi funciona como uma coalizão de organizações cristãs, com um escritório nacional em Curitiba, onde são geridos projetos que contribuem para o fortalecimento de empreendedores e iniciativas sociais. O Fortalecer é um projeto voltado ao desenvolvimento das unidades de intervenção social do Cadi; a Assessoria de Iniciativas Sociomissionárias capacita e mentoreia iniciativas sociais; e o Projeto Advocacy é voltado a incidência em políticas públicas em espaços de controle social. 
 
A celebração dos 25 anos 

Uma celebração em comemoração pelos 25 anos da entidade foi realizada em outubro de 2019, no Teatro Fernanda Montenegro, em Curitiba, PR. A celebração contou com a presença das crianças, adolescentes e famílias atendidas pelo Cadi, bem como apoiadores e autoridades. “Foi um lindo espetáculo, digno do nosso Deus e de 25 anos de fidelidade e serviço, em que nossas crianças do projeto foram as protagonistas”, escreveu Maurício Cunha, presidente da organização.
 
Segundo o presidente, é um milagre o Cadi poder completar 25 anos de serviços ininterruptos à sociedade brasileira. “Somos uma organização de base comunitária, confessional, 100% brasileira, sem vínculo institucional com nenhuma grande denominação religiosa, nenhuma grande empresa, nenhuma celebridade, nenhuma fundação, nenhum político famoso... Ou seja, somos um milagre! Ter chegado até aqui é a maior prova desse milagre”, afirmou Cunha.
 
Conversamos com Maurício Cunha sobre os 25 anos de trajetória do Cadi e os desafios da realidade brasileira. Confira abaixo.
 
Você imaginou que chegariam tão longe, tendo o Cadi por dois anos na lista das melhores ONGs do Brasil?

Maurício Cunha –
É a graça de Deus, e isso não é apenas um jargão clichê. Desde o início, há 25 anos, quando éramos um pequeno projeto de recreação orientada para crianças da periferia, eu sabia que algo muito significativo viria pela frente, pois era o resultado de um chamado de Deus. Mas não imaginava que chegaríamos tão longe. 
 
Qual a maior conquista do CADI nesses 25 anos?

Maurício Cunha –
Vidas transformadas. Minha maior alegria é ter como alguns colegas de trabalho, hoje, profissionais, educadores, que eram as crianças de quem nós cuidávamos no CADI quando tinham quatro, cinco anos de idade. Eles cresceram, foram para a universidade, realizaram sonhos, suas famílias foram transformadas, e hoje estão no CADI, servindo as suas comunidades. Isso é lindo, excepcional. 
 
Alguns dados de relatórios da OXFAM e da FGV apontam que em 2019 cresceu a desigualdade e a concentração de renda no país. Como que o Cadi encara esse cenário de crescimento da desigualdade? E o que você acha que esses tempos exigem das ONGs cristãs e dos agentes que lutam pela transformação social?

Maurício Cunha –
O papel da sociedade civil é, entre outros, questionar o status quo e incidir sobre estruturas socioeconômicas e políticas que tragam injustiça, morte e destruição. Mas não queremos entrar apenas num discurso ultrapassado de contestação que não apresenta nenhuma solução real e concreta, colocando toda a culpa da situação nos outros, no sistema, na sociedade. Queremos despertar o potencial latente, os sonhos e as vocações de indivíduos e comunidades. Estamos nas comunidades, e não apenas levantando um discurso que se autoalimenta do antagonismo e joga grupos contra grupos. Isso não contribui para o bem comum e acaba só alimentando a intolerância que esse tipo discurso tanto abomina.

 
É natural do Amazonas, casado com Luíze e pai da Elis e do Joaquim. Graduado em Comunicação Social/Jornalismo pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e mestre em Missiologia no Centro Evangélico de Missões (CEM). É missionário e colaborador do Portal Ultimato.
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