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Brasileiros em Lausanne 4: a alegria, a irreverência e o potencial missionário verde-amarelo

Por Phelipe Reis

Na manhã do segundo dia do IV Congresso Lausanne, em Incheon, Coreia do Sul, uma brasileira falou no palco principal do evento. Calça branca e blaser verde, Sara Breuel, brasileira que mora na Itália, fez uma fala carregada de emoção. Entre os que já haviam passado pelo microfone, era primeira pessoa que eu sentia transmitir tanto sentimento em sua fala. Sara não ficou atrás do púlpito. Caminhava pelo palco, gesticulava, dava pausa e ênfases. Chorou! Fez um chamado ao arrependimento a todos os presentes. Ao final de sua fala, estávamos todos de joelhos orando e pedindo perdão ao Senhor Jesus.

Na quarta-feira, os cinco mil participantes ouviam com atenção as palavras e as reflexões. Se engajavam na adoração com as músicas cantadas. No palco, novamente, um brasileiro sentado ao lado de outros precursores do Movimento Lausanne. Valdir Steuernagel falou um pouco sobre seu envolvimento com Lausanne e dos desafios do Movimento ao longo dos anos. Quase no final da noite, Jonatan Nemer subiu em uma cadeira e gritou: “Cadê os brasileiros?” E começou a cantar: “Eu sou brasileiro, om muito orgulho, com muito amor…” E os demais brasileiros presentes, que estavam próximos, se levantaram e fizeram o coro ecoar no imenso auditório. Era a noite de celebração dos 50 anos do Movimento Lausanne e a festa não podia ficar sem um toque verde e amarelo – comentaram, depois, alguns brasileiros, em tom de brincadeira.

No dia seguinte, os brasileiros fizeram novamente sua brasilidade ser notada no intervalo das palestras. Davi Chang tirou o seu cavaquinho da mochila e na companhia de outros, com pandeiros, começou a cantar: “Só o poder de Deus, pode mudar, mudar meu ser…” No mesmo dia, após o jantar, alguns brasileiros caminharam pelos corredores cantando, novamente, louvores em ritmo de samba, até chegarem ao grande auditório em que acontecem as celebrações noturnas.

O Brasil levou à quarta edição do Congresso Lausanne a quarta maior delegação: cerca de 150 pessoas, entre residentes dentro e fora do Brasil. Certamente, os brasileiros foram notados no Lausanne 4. Alguns participantes de outros países com quem conversei ao longo desses dias, sempre davam um sorriso quando viam escrito em meu crachá: BRAZIL. Alguns comentavam: “O Brasil tem uma grande delegação aqui, não é?”.

Mas, além da alegria, da irreverência e dos números da delegação em Lausanne 4, como a igreja brasileira pode ser relevante para a missão global a partir desse movimento?



Na tarde da quarta-feira, 25 de setembro, um grupo de brasileiros visitou um observatório na zona desmilitarizada na Coreia do Sul, na fronteira com a Coreia do Norte. O passeio foi oferecido pelo Departamento de Pesquisa e Estudos da Unificação das Coreias da Universidade Cristã Soongsil, a primeira universidade da Coreia. O grupo subiu em um local de onde é possível avistar a Coreia do Norte, campos de cultivo e pessoas trabalhando. Neste ponto, os dois países são separados por um rio onde circulavam cerca de dois mil barcos antes da divisão das Coreias. Há setenta anos nenhuma embarcação navega nele.

No passeio, o grupo ouviu um testemunho que me impactou profundamente. O professor chefe do departamento da universidade que proporcionou o passeio, contou sua história. Ele nasceu na Coreia do Sul, mas seus pais eram refugiados da Coreia do Norte. Eles fugiram deixando o filho mais velho para trás, com a intenção de voltar para buscá-lo. Mas não esperavam que se deparariam com uma cerca, que os impediria de voltar. Na fuga, levavam consigo duas filhas, que acabaram morrendo no trajeto. “Meus pais tiveram que enterrá-las com as próprias mãos”, contou o professor, que não conheceu suas irmãs nem seu irmão mais velho.

O professor também contou que algumas pessoas dizem que é impossível haver cristãos na Coreia do Norte ou que, se existem, não possuem um bom conhecimento bíblico e teológico. Mas, baseado em seus estudos e conhecimento de campo, o professor afirma que pode ser que existam cerca de 300 mil cristãos na Coreia do Norte. Ele contou que quando houve uma grande fome na Coreia do Norte, muitos fugiram para a China, onde conheceram a Jesus e decidiram voltar para o seu local de origem para levar o evangelho ao seu povo, mesmo sob o risco de serem presos e levados aos campos de trabalho forçado.

O curioso é que apesar de toda a perseguição que cristãos podem sofrer na Coreia do Norte, há 28 anos o país recebe equipes estrangeiras de missionários cristãos que levam serviços humanitários. São viagens de curto prazo, pequenas incursões, para levar ajuda à população, na área médica, educacional, esportes, agricultura etc. “É um lugar seguro para missionários estrangeiros onde é possível, inclusive, falar de Jesus, se alguém perguntar. Você não será preso por isso.”, disse um pastor sul-coreano, que vive no Brasil, e foi o guia no passeio.

Antes de finalizar a visita, o grupo orou pela Coreia do Norte. Todos estavam impactados e tocados. Cassiano Luz, da Missão Sepal e da Aliança Evangélica Brasileira, compartilhou seu sentimento: “Estou constrangido porque em todos os anos que tenho caminhando com o movimento missionário brasileiro, no Vocare e na AMTB (Associação de Missões Transculturais Brasileiras), eu nunca conheci nenhum missionário brasileiro que atue na Coreia do Norte ou com desejo de ir compartilhar o evangelho nesse país. E acho que depois de tudo isso que vimos e ouvimos, não podemos voltar para casa sem assumir um compromisso pessoal”.

Sabe-se que missionários brasileiros são muito bem-vindos em muitos países e que o Brasil tem se transformado numa força de envio missionário. Nestes dias de congresso, aqui em Incheon, Coreia do Sul, conheci e conversei com uma missionária baiana que vive na Coreia do Sul há seis anos e faz incursões na Coreia do Norte para realizar trabalhos humanitários. Ela é fisioterapeuta e vai até o país do norte para oferecer cursos para profissionais da saúde e atender crianças.

A brasileira me contou que nas incursões que faz, encontra uma norte-coreana designada pelo governo que atua como guia, acompanhando-a o tempo todo, vigiando cada passo seu. Em uma das viagens à Coreia do Norte, a missionária brasileira foi a um karaokê e a mulher que vigia seus passos pegou o microfone e disse: “Quero cantar para você, pois você é uma pessoa de luz que eu nunca conheci”.
 
Me alegro com a comitiva brasileira em Lausanne 4, sou grato pelo grande número de pessoas que vieram, celebro nossa diversidade, beleza, arte e cultura, mas me pergunto: "Como transformar o nosso potencial, o potencial da igreja brasileira, para aproveitar as portas que estão abertas em países fechados?".

Que Deus nos ajude, nos desperte e nos levante para responder ao clamor do mundo, proclamando e demonstrando Cristo, unidos.


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Saiba mais:
» O Compromisso da Cidade do Cabo – Uma declaração de fé e uma chamado para agir, Movimento Lausanne
» Cristo, Nosso Reconciliador – Evangelho, Igreja, Mundo, Terceiro Congresso Lausanne
» A Grande História – Um Convite para Professores Cristãos, Rick Hove, Heather Holleman
» Vai começar o Congresso Lausanne 4, por Phelipe Reis
É natural do Amazonas, casado com Luíze e pai da Elis e do Joaquim. Graduado em Comunicação Social/Jornalismo pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e mestre em Missiologia no Centro Evangélico de Missões (CEM). É missionário e colaborador do Portal Ultimato.
  • Textos publicados: 189 [ver]

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