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Opinião

Batalha contra a incivilidade

Por Antônio Carlos Costa

Aos nossos aparelhos de celular diariamente chegam imagens de assassinatos. A morte é celebrada; o mal, banalizado; quem mata, exaltado. Nas redes sociais, agressões, por conta de diferenças político-partidárias ou ideológicas, separam grandes amigos. Pessoas têm suas vidas expostas ao ridículo, seja pela divulgação de imagens, seja pela divulgação do que falaram num mau momento.

Taxa de 60 mil vidas interrompidas pelo crime anualmente alça o país ao posto de nação mais violenta do mundo. Presídios superlotados, nos quais jazem milhares que ainda não foram julgados pela Justiça, transformados em açougue. Brasileiro dizendo que quanto mais carne cortada, melhor. Silêncio por parte de quem ouve.

Valores que foram incorporados a nações desenvolvidas por intermédio do processo civilizatório são relativizados, tidos como ingênuos, rotulados de ideologicamente condicionados, a ponto de termos que discutir no Brasil o que não se discute mais em outras partes do mundo.

Deputados cospem em seus próprios pares, partem para o confronto físico e xingam uns aos outros em sessões do parlamento. Magistrados da Suprema Corte comportando-se de modo indigno ao cargo que ocupam, revelando publicamente o mesmo nível de descortesia presente no Congresso Nacional.

Na televisão, programas mantém alto índice de audiência por exporem o lado mais sórdido da vida humana. Quanto mais sangue, mais sucesso.

Até no meio que tanto amo, lamento ter que dizer publicamente, o caminho da polêmica, do achincalhe, da repreensão pública humilhante, da pregação que ofende, da identidade religiosa que precisa eleger um inimigo para ser forjada, é a via para a autopromoção e obtenção de popularidade.

Surgiu no meio evangélico uma geração de mal educados, estúpidos, descorteses, desalmados e que, a despeito da ruptura com o verdadeiro espírito cristão, são celebrados por aqueles que se dizem seguidores de Cristo. Um Cristo que parece ter-lhes ensinado a serem venenosos como as serpentes, e abrirem mão da ideia idiota de ser ovelha num mundo de lobos. Não sei que tipo de mensagem os que superlotam os templos evangélicos estão ouvindo.

Estamos vivendo um momento de inflexão na nossa cultura. Há uma jihad entre nós. Estamos perdendo a afeição natural. Grandes injustiças não nos fazem mais chorar, exceto quando nos sentimos atingidos por elas ou são beneficiados aqueles a quem odiamos.

Termino de forma que muitos podem considerar a mais patética, ingênua e piegas que se possa imaginar: gentileza gera gentileza. Precisamos semear amor. Disseminar doçura através de pequenos gestos. Não tratar ninguém de modo indigno. Fazer todo aquele que cruzar nosso caminho voltar para casa se sentindo amado por nós e tendo uma ideia do que o próprio Deus sente pela sua vida.

"... se teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas vivas sobre a sua cabeça. Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem". Se tivesse recursos, espalharia, em grandes cartazes, por todo o país, essa mensagem do apóstolo Paulo, a começar pelas portas das igrejas.

• Antonio Carlos Costa, pastor presbiteriano e ativista social do ONG Rio da Paz.

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Foto: Stevepb/Pixabay.com.

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