Opinião
03 de abril de 2025
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Assédio moral na igreja: alerta e prevenção
O ambiente eclesiástico não está imune e as consequências podem ser trágicas
Por Robson Ramos
Este breve artigo tem como objetivo chamar atenção para um tipo de conduta, nos ambientes eclesiásticos que não é tão incomum como possa parecer: assédio moral.
As consequências do assédio moral, e de outras condutas igualmente perniciosas que normalmente acompanham o assédio, podem levar à depressão, crises de pânico e ansiedade. Em situações extremas pode levar ao suicídio.
Ainda que a legislação brasileira esteja aí para proteger as pessoas no ambiente de trabalho, muitas vítimas enfrentam dificuldades para denunciar e chamar à responsabilidade os autores desse tipo de violência, sobretudo no ambiente eclesiástico.
Caso # 1
O que dá mexer com gente poderosa na igreja
Um pastor havia assumido o pastorado de uma importante igreja e pouco tempo depois chegou ao seu conhecimento que um dos integrantes de sua equipe, líder de um dos ministérios, tinha cometido adultério e, para piorar as coisas, era reincidente. Diante disso o pastor sênior, recém-contratado, recomendou ao presbitério o afastamento desse líder.
O pastor, no entanto, não sabia que o líder em questão era da família mais influente da igreja. Não apenas isso, o coordenador do presbitério era o chefe desse influente clã familiar.
Nessa hora as ligações familiares falam mais alto. O tal coordenador do presbitério influenciou todo o presbitério no sentido de afirmar que o pastor não tinha provas do que estava falando. No frigir dos ovos o pastor acabou sendo demitido, descobrindo mais tarde que durante todo o período em que esteve à frente daquela comunidade não teve os valores relativos à sua Previdência Social devidamente recolhidos. O tesoureiro havia sido orientado pelo coordenador do presbitério – aquele mesmo que era o líder do clã - a não fazer os recolhimentos. Aquilo acabou prejudicando sobremaneira a contagem de tempo para a sua aposentadoria.
Caso # 2
O estrago que faz o ciúme de um chefe
Um pastor mais jovem vai para um outro país, para atuar auxiliar um ministério que está sob a responsabilidade de um pastor que está no local há algum tempo, porém sem resultados expressivos no trabalho.
Depois de algum tempo as atividades do pastor auxiliar começaram a gerar resultados mais alvissareiros, do que o que vinha sendo desenvolvido há mais tempo pelo pastor mais antigo que, logo foi ficando com ciúmes do carinho e respeito que o pastor auxiliar, recém-chegado, recebia das pessoas.
Não demorou muito e o pastor sênior, enciumado, passou a falar de forma depreciativa do pastor mais jovem. Tudo indicava que, no mínimo, o intuito era criar certo desconforto e forçar sua saída.
Como consequência, o pastor auxiliar teve suas atividades encerradas, por uma decisão unilateral do chefe. As únicas alegações eram de que o rapaz estava introduzindo ideias e práticas incompatíveis com a tradição daquela denominação. Simples assim.
Com filhos pequenos matriculados na escola, a família segue na mesma localidade, sem trabalho, com contas pra pagar e com o sustento – que vem do Brasil – comprometido. Não sabem se ficam naquele país ou se voltam para o Brasil, pra recomeçar a vida, com a pecha de encrenqueiro. Na realidade a pecha de encrenqueiro poderá segui-lo por onde quer que vá, graças à campanha feita pelo pastor que o recebera tão bem, num primeiro momento.

Caso # 3
O mal causado por uma carniça desenterrada
Numa outra situação, após um longo e minucioso processo – como é comum na contratação de alguém para um cargo importante – um pastor estava em vias de ser oficializado como pastor sênior numa igreja famosa, numa grande capital.
Providências relacionadas com moradia e transferência de escola para os filhos já estavam bem alinhadas. As bases da contratação, de ambos os lados, já estavam acertadas. Finalmente, após praticamente um ano, depois de concluído o processo de contratação do novo pastor e a congregação devidamente informada, era grande a convicção de que tinham feito a melhor escolha. Até que, surgiu algo absolutamente inimaginável e o mundo veio abaixo.
Alguém, da equipe de liderança da igreja, desenterrou algo do passado do novo pastor que, supostamente, o desabonaria para assumir o cargo de pastor sênior, para o qual estava sendo contratado.
É preciso dizer alguma coisa sobre a confusão que se instalou? De quem era a responsabilidade por tudo aquilo? Teria o “abençoado irmão” – integrante do colegiado – agido corretamente ao divulgar aos “quatro ventos” uma situação que já estava enterrada e, pelo que se apurou, resolvida?
O que dizer dos danos morais e materiais causados ao pastor que viu seu ministério pastoral, presente e futuro, comprometido?
Tudo por causa da atitude de uma única pessoa que, sabe-se lá com que motivação, achou que tinha o direito e o dever de se envolver com um assunto que não lhe dizia respeito, mas que achou que estava falando em nome da igreja.
Casos de assédio moral na igreja não são incomuns
Situações como as acima apresentadas, e que podem ensejar alguma responsabilização por “assédio moral”, e por outros delitos, não são incomuns. Relatos sobre comportamentos desse tipo grassam por toda parte. O ambiente eclesiástico é pródigo nisso, mas, convenhamos, pouco ou nada se fala sobre o assunto.
A jornalista Marília de Camargo Cesar, discorrendo sobre os “feridos em nome de Deus”, escreve 1:
“Na prática, o abuso ocorre de formas variadas, umas escancaradas, outras sutis. Ser tachado de rebelde ou de insubordinado apenas por ter resistido a uma ordem pastoral, por discordar dela, é um exemplo de abuso. [...] É ser humilhado inúmeras vezes diante de terceiros. Ser exposto como alguém alheio à visão do corpo, do “mover do Espírito”, para usar um jargão bem evangélico”.
No livro de Marília, verifica-se como pessoas incautas e vivendo uma condição de vulnerabilidade são “habilmente capturadas pela manipulação emocional de líderes medíocres de plantão ... [...] mais cedo ou mais tarde o castelo de cartas desmorona deixando feridas abertas pelo caminho” .
Assédio moral no Código Penal
Os relatos acima remetem à conduta descrita no artigo 146-A, do Código Penal Brasileiro, que assim define o que seja o Assédio Moral: “Ofender a dignidade de alguém, causando-lhe dano ou sofrimento físico ou mental, no exercício de emprego, cargo ou função”.
Para ser “assédio moral”, nos termos do Código Penal, é preciso que a conduta ocorra no ambiente de trabalho, particularmente no contexto de relações hierárquicas, e de forma reiterada. Isso não significa, no entanto, que as condutas tenham que ocorrer entre as “quatro paredes” do escritório.
Vale lembrar que o “assédio moral” pode se configurar via mensagens de email e/ou em eventos e compromissos sociais, jantares ou conferência da igreja ou organização missionária.
Toda vez que uma conduta abusiva que viole a integridade psíquica, física e a dignidade de uma pessoa, no ambiente de trabalho, é praticada de forma reiterada, está-se diante de “assédio moral”. Isso pode ocorrer de várias maneiras, seja por atitudes, palavras e até mesmo mensagens enviadas. Às vezes é dirigido a uma ou mais pessoas, também com fins discriminatórios, ocorrendo de maneira repetitiva e gradativa.
Numa análise do assédio moral, Vladimir Passos de Freitas e Charles Giacomini, ensinam 2:
“O assédio moral está presente em empresas e instituições que ainda não chegaram à cultura de integridade, que é um requisito para a dignidade profissional. Seu enfrentamento se dá pelo estabelecimento de standards mínimos para as relações humanas no ambiente de trabalho (físico ou virtual)”.
Condutas que podem caracterizar “assédio moral”
• Desqualificar o trabalho e contribuição do funcionário, especialmente se publicamente;
• Retirar o trabalho injustificadamente, caracterizando uma situação de ócio;
• Deixar o assediado numa situação de isolamento perante a equipe;
• Ignorar a presença da pessoa na frente de outros colegas;
• Fazer perguntas indicativas de que seu tempo na organização está chegando ao fim. Exemplo: “você já pensou no que vai fazer quando deixar de trabalhar aqui?”
• Delegação de tarefas sem interesse ou afinidade com as habilidades e formação do funcionário;
• Cobranças abusivas e impróprias;
• Aproveitar-se de momentos a sós com a vítima para fazer investidas indevidas;
• Pedir para o(a) colaborador(a) fazer hora-extra e fazer comentários de cunho pessoal, tais como: “este vestido fica muito bem em você”, “esse corte de cabelo te deixa ainda mais bonita”; “Se você puder trabalhar até mais tarde eu posso te dar uma carona até sua casa.”
É necessário ressaltar que a incidência de comportamentos como os acima elencados indica a necessidade de uma averiguação aprofundada da situação, por parte da diretoria da organização, e não por uma pessoa apenas, já que a conduta assediadora pode estar partindo justamente do gerente ou do líder principal que certamente fará vista grossa e tentará colocar panos quentes.
Essas práticas afetam as pessoas de maneiras diferentes. Em razão da angústia gerada pelas experiências abusivas surge a depressão, estresse e alterações no comportamento. Inevitavelmente tais ocorrências afetam todo o ambiente de trabalho.
O combate ao assédio moral no ambiente de trabalho, seja na igreja, na organização missionária, na editora cristã e/ou numa instituição de ensino teológico, é fundamental para prevenir e reduzir a possibilidade de ações judiciais e danos causados à reputação das partes envolvidas.
Conclusão
Seguramente o tema não se esgota com o artigo ora apresentado. É preciso prevenir, detectar e lidar com situações de assédio moral na igreja, na agência missionária, numa instituição de ensino teológico e entidades afins.
Por isso é fundamental cultivar um ambiente mais saudável e seguro de se trabalhar e servir, qualquer que seja o vínculo com a organização da qual você faz parte, independentemente de você ser um pastor, missionário, funcionário com carteira assinada ou um voluntário.
A implementação de um programa de combate ao assédio é o caminho seguro como forma de zelar pelo ambiente de trabalho bem-estar dos que estão à nossa volta, com medidas que visem a transparência e fortalecimento do ambiente da organização.
Notas
1. CESAR, Marília de Camargo. Feridos em Nome de Deus, Editora Mundo Cristão, São Paulo, 2009), p. 32, versão Kindle.
2. FREITAS, Vladimir Passos e GIACOMINI, Charles. Assédio moral sob diferentes aspectos. Acessado em 15/03/2025.
Imagem: Unsplash.
REVISTA ULTIMATO – COMO VIVEM OS QUE TÊM ESPERANÇA
Com a matéria “Como vivem os que têm esperança”, Ultimato quer colocar Cristo no centro e enfatizar que a vida dos que têm esperança atrai outros para a Esperança. Quer lembrar que a comunidade dos que têm esperança deve ser uma ponte para aqueles que “passam por necessidades, cuja esperança para o futuro não é sustentada pela experiência de bênção no passado, que não conheceram cura, ou fé, ou prosperidade e que não têm esperança”.
É disso que trata a matéria de capa da edição 412 da revista Ultimato. Para assinar, clique aqui.
Saiba mais:
» Por Que [Sempre] Faço o Que Não Quero?, Elben César
» Macho e Fêmea os Criou – Celebrando a sexualidade, Carlos "Catito" Grzybowski
» Um Novo Dia – Deixando para trás ansiedade, fome, controle, vergonha, ira e desespero, Emma Scrivener
» Abuso sexual: na minha igreja, não!, por Phelipe Reis
» Como lutar contra o autoengano e a corrupção, por Kelly e Michèle O’Donnell
Por Robson Ramos

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Caso # 1
O que dá mexer com gente poderosa na igreja
Um pastor havia assumido o pastorado de uma importante igreja e pouco tempo depois chegou ao seu conhecimento que um dos integrantes de sua equipe, líder de um dos ministérios, tinha cometido adultério e, para piorar as coisas, era reincidente. Diante disso o pastor sênior, recém-contratado, recomendou ao presbitério o afastamento desse líder.
O pastor, no entanto, não sabia que o líder em questão era da família mais influente da igreja. Não apenas isso, o coordenador do presbitério era o chefe desse influente clã familiar.
Nessa hora as ligações familiares falam mais alto. O tal coordenador do presbitério influenciou todo o presbitério no sentido de afirmar que o pastor não tinha provas do que estava falando. No frigir dos ovos o pastor acabou sendo demitido, descobrindo mais tarde que durante todo o período em que esteve à frente daquela comunidade não teve os valores relativos à sua Previdência Social devidamente recolhidos. O tesoureiro havia sido orientado pelo coordenador do presbitério – aquele mesmo que era o líder do clã - a não fazer os recolhimentos. Aquilo acabou prejudicando sobremaneira a contagem de tempo para a sua aposentadoria.
Caso # 2
O estrago que faz o ciúme de um chefe
Um pastor mais jovem vai para um outro país, para atuar auxiliar um ministério que está sob a responsabilidade de um pastor que está no local há algum tempo, porém sem resultados expressivos no trabalho.
Depois de algum tempo as atividades do pastor auxiliar começaram a gerar resultados mais alvissareiros, do que o que vinha sendo desenvolvido há mais tempo pelo pastor mais antigo que, logo foi ficando com ciúmes do carinho e respeito que o pastor auxiliar, recém-chegado, recebia das pessoas.
Não demorou muito e o pastor sênior, enciumado, passou a falar de forma depreciativa do pastor mais jovem. Tudo indicava que, no mínimo, o intuito era criar certo desconforto e forçar sua saída.
Como consequência, o pastor auxiliar teve suas atividades encerradas, por uma decisão unilateral do chefe. As únicas alegações eram de que o rapaz estava introduzindo ideias e práticas incompatíveis com a tradição daquela denominação. Simples assim.
Com filhos pequenos matriculados na escola, a família segue na mesma localidade, sem trabalho, com contas pra pagar e com o sustento – que vem do Brasil – comprometido. Não sabem se ficam naquele país ou se voltam para o Brasil, pra recomeçar a vida, com a pecha de encrenqueiro. Na realidade a pecha de encrenqueiro poderá segui-lo por onde quer que vá, graças à campanha feita pelo pastor que o recebera tão bem, num primeiro momento.

Caso # 3
O mal causado por uma carniça desenterrada
Numa outra situação, após um longo e minucioso processo – como é comum na contratação de alguém para um cargo importante – um pastor estava em vias de ser oficializado como pastor sênior numa igreja famosa, numa grande capital.
Providências relacionadas com moradia e transferência de escola para os filhos já estavam bem alinhadas. As bases da contratação, de ambos os lados, já estavam acertadas. Finalmente, após praticamente um ano, depois de concluído o processo de contratação do novo pastor e a congregação devidamente informada, era grande a convicção de que tinham feito a melhor escolha. Até que, surgiu algo absolutamente inimaginável e o mundo veio abaixo.
Alguém, da equipe de liderança da igreja, desenterrou algo do passado do novo pastor que, supostamente, o desabonaria para assumir o cargo de pastor sênior, para o qual estava sendo contratado.
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O que dizer dos danos morais e materiais causados ao pastor que viu seu ministério pastoral, presente e futuro, comprometido?
Tudo por causa da atitude de uma única pessoa que, sabe-se lá com que motivação, achou que tinha o direito e o dever de se envolver com um assunto que não lhe dizia respeito, mas que achou que estava falando em nome da igreja.
Casos de assédio moral na igreja não são incomuns
Situações como as acima apresentadas, e que podem ensejar alguma responsabilização por “assédio moral”, e por outros delitos, não são incomuns. Relatos sobre comportamentos desse tipo grassam por toda parte. O ambiente eclesiástico é pródigo nisso, mas, convenhamos, pouco ou nada se fala sobre o assunto.
A jornalista Marília de Camargo Cesar, discorrendo sobre os “feridos em nome de Deus”, escreve 1:
“Na prática, o abuso ocorre de formas variadas, umas escancaradas, outras sutis. Ser tachado de rebelde ou de insubordinado apenas por ter resistido a uma ordem pastoral, por discordar dela, é um exemplo de abuso. [...] É ser humilhado inúmeras vezes diante de terceiros. Ser exposto como alguém alheio à visão do corpo, do “mover do Espírito”, para usar um jargão bem evangélico”.
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Para ser “assédio moral”, nos termos do Código Penal, é preciso que a conduta ocorra no ambiente de trabalho, particularmente no contexto de relações hierárquicas, e de forma reiterada. Isso não significa, no entanto, que as condutas tenham que ocorrer entre as “quatro paredes” do escritório.
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Toda vez que uma conduta abusiva que viole a integridade psíquica, física e a dignidade de uma pessoa, no ambiente de trabalho, é praticada de forma reiterada, está-se diante de “assédio moral”. Isso pode ocorrer de várias maneiras, seja por atitudes, palavras e até mesmo mensagens enviadas. Às vezes é dirigido a uma ou mais pessoas, também com fins discriminatórios, ocorrendo de maneira repetitiva e gradativa.
Numa análise do assédio moral, Vladimir Passos de Freitas e Charles Giacomini, ensinam 2:
“O assédio moral está presente em empresas e instituições que ainda não chegaram à cultura de integridade, que é um requisito para a dignidade profissional. Seu enfrentamento se dá pelo estabelecimento de standards mínimos para as relações humanas no ambiente de trabalho (físico ou virtual)”.
Condutas que podem caracterizar “assédio moral”
• Desqualificar o trabalho e contribuição do funcionário, especialmente se publicamente;
• Retirar o trabalho injustificadamente, caracterizando uma situação de ócio;
• Deixar o assediado numa situação de isolamento perante a equipe;
• Ignorar a presença da pessoa na frente de outros colegas;
• Fazer perguntas indicativas de que seu tempo na organização está chegando ao fim. Exemplo: “você já pensou no que vai fazer quando deixar de trabalhar aqui?”
• Delegação de tarefas sem interesse ou afinidade com as habilidades e formação do funcionário;
• Cobranças abusivas e impróprias;
• Aproveitar-se de momentos a sós com a vítima para fazer investidas indevidas;
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O combate ao assédio moral no ambiente de trabalho, seja na igreja, na organização missionária, na editora cristã e/ou numa instituição de ensino teológico, é fundamental para prevenir e reduzir a possibilidade de ações judiciais e danos causados à reputação das partes envolvidas.
Conclusão
Seguramente o tema não se esgota com o artigo ora apresentado. É preciso prevenir, detectar e lidar com situações de assédio moral na igreja, na agência missionária, numa instituição de ensino teológico e entidades afins.
Por isso é fundamental cultivar um ambiente mais saudável e seguro de se trabalhar e servir, qualquer que seja o vínculo com a organização da qual você faz parte, independentemente de você ser um pastor, missionário, funcionário com carteira assinada ou um voluntário.
A implementação de um programa de combate ao assédio é o caminho seguro como forma de zelar pelo ambiente de trabalho bem-estar dos que estão à nossa volta, com medidas que visem a transparência e fortalecimento do ambiente da organização.
Notas
1. CESAR, Marília de Camargo. Feridos em Nome de Deus, Editora Mundo Cristão, São Paulo, 2009), p. 32, versão Kindle.
2. FREITAS, Vladimir Passos e GIACOMINI, Charles. Assédio moral sob diferentes aspectos. Acessado em 15/03/2025.
Imagem: Unsplash.
- Robson Ramos é advogado e mediador em conflitos organizacionais. Mestre em Direito pela UNIVALI/Itajaí, SC. Ex-Assessor da ABU e ex-Diretor Nacional da Sociedade Bíblica Internacional, responsável pela publicação da Bíblia NVI, em 2001. Organizador e coautor de A Nova Face da Missão: desafios plurais para um mundo em convulsão (Descoberta Editora, Londrina, 2024); organizador e coautor de Compliance para micro, pequenas e médias empresas (Editora D´Plácido, BH, 2023), e autor de Evangelização no Mercado Pós Moderno (Ultimato, Viçosa, 2003). Reside em Bombinhas, SC.

Com a matéria “Como vivem os que têm esperança”, Ultimato quer colocar Cristo no centro e enfatizar que a vida dos que têm esperança atrai outros para a Esperança. Quer lembrar que a comunidade dos que têm esperança deve ser uma ponte para aqueles que “passam por necessidades, cuja esperança para o futuro não é sustentada pela experiência de bênção no passado, que não conheceram cura, ou fé, ou prosperidade e que não têm esperança”.
É disso que trata a matéria de capa da edição 412 da revista Ultimato. Para assinar, clique aqui.
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» Por Que [Sempre] Faço o Que Não Quero?, Elben César
» Macho e Fêmea os Criou – Celebrando a sexualidade, Carlos "Catito" Grzybowski
» Um Novo Dia – Deixando para trás ansiedade, fome, controle, vergonha, ira e desespero, Emma Scrivener
» Abuso sexual: na minha igreja, não!, por Phelipe Reis
» Como lutar contra o autoengano e a corrupção, por Kelly e Michèle O’Donnell
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