Opinião
- 14 de janeiro de 2021
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As 10 perguntas mais frequentes sobre as vacinas contra o coronavírus
Por John Wyatt
Existe alguma possibilidade científica de que as vacinas Pfizer e Moderna mudem o DNA humano?
Não. Ambas as vacinas empregam moléculas chamadas RNA mensageiro que foram sintetizadas em laboratórios. Após a imunização, as moléculas são projetadas para entrar nas células dentro do corpo, onde fornecem as instruções moleculares para que essas células produzam a proteína spike (ou “de pico”) do coronavírus. Esta é então liberada na corrente sanguínea fazendo com que os mecanismos imunológicos naturais do corpo gerem anticorpos e células imunológicas contra a proteína spike. Como resultado, o indivíduo torna-se imune ao coronavírus. As próprias moléculas de RNA mensageiro sobrevivem no corpo apenas por algumas horas após a imunização e, em seguida, são destruídas por mecanismos celulares normais. Não há possibilidade científica ou biológica de que as moléculas de RNA mensageiro nas novas vacinas sejam capazes de alterar o DNA humano. Existe uma classe de vírus completamente diferente, chamada retrovírus, que carrega a capacidade de alterar o DNA humano, e a análise do código genético humano sugere que uma parte significativa de nosso DNA se originou em retrovírus antigos.
É verdade que as novas vacinas contra covid não passaram pelos procedimentos normais de protocolos de segurança?
Não. As novas vacinas contra o Covid-19 foram submetidas aos mesmos extensos testes e análises independentes aos quais todos os novos medicamentos devem ser submetidos nos países desenvolvidos. Todas as vacinas candidatas foram testadas em grandes estudos “duplo-cegos”[1], cuidadosamente planejados, que passaram por todas as fases de estudo até a fase 3. Tais estudos investigam a segurança e eficácia da vacina em comparação com um grupo que utiliza um placebo[2]. Os resultados dos estudos foram analisados por um grande número de especialistas independentes e muitos dos dados foram disponibilizados publicamente para cientistas de todo o mundo. Em dezembro de 2020, época em que as vacinas Pfizer e Moderna foram aprovadas, dezenas de milhares de pessoas receberam ambas as vacinas sem quaisquer efeitos colaterais graves.
É verdade que o processo de desenvolvimento, teste e aprovação da vacina ocorreu muito mais rápido do que o normal, mas isso porque houve níveis extraordinários de esforço científico focado com cooperação internacional, financiamento maciço e interação sem precedentes entre especialistas. Desde que as campanhas de imunização em massa começaram, em dezembro de 2020, centenas de milhares de pessoas já receberam a vacina, e a análise detalhada dos possíveis efeitos colaterais continua. Embora nenhum medicamento biologicamente eficaz possa ser considerado totalmente seguro, os dados disponíveis indicam que as vacinas Pfizer e Moderna têm excelentes registros de segurança e, na verdade, são muito mais seguras do que muitos medicamentos de uso comum, como aspirina e ibuprofeno.
Existe conluio oculto entre governos ocidentais e grandes empresas farmacêuticas para ocultar os efeitos adversos das vacinas?
Essa preocupação foi ampliada pela notícia recente de que o governo do Reino Unido concedeu à empresa farmacêutica Pfizer uma indenização legal protegendo-a de ações judiciais como resultado de quaisquer problemas com a vacina. Os profissionais do NHS[3] que fornecem a vacina bem como os fabricantes do medicamento também estão protegidos. É importante entender que a avaliação da segurança e eficácia de todos os novos medicamentos é realizada por um grande número de cientistas acadêmicos independentes e altamente experientes, que são independentes do controle governamental e do pagamento por empresas farmacêuticas. Todos os cientistas envolvidos estão cientes de que sua integridade e reputação internacional dependem totalmente de serem vistos como honestos, verdadeiros e imparciais. Se subsequentemente se tornasse evidente que houve alguma desonestidade ou engano, suas carreiras e reputações seriam destruídas. Com base na minha experiência pessoal de conduzir um ensaio clínico randomizado[4] supervisionado sob os mesmos regulamentos do Reino Unido e dos Estados Unidos, estou confiante de que as informações que foram disponibilizadas publicamente sobre a segurança das vacinas são as mais honestas e precisas possíveis.
A motivação para indenizar as empresas farmacêuticas é que literalmente bilhões de doses devem ser administradas nos próximos meses. Se efeitos colaterais extremamente raros (mas graves) surgirem, os custos potenciais de litígio levariam as empresas à falência, apesar de sua imensa capitalização. Para proteger os interesses de seus acionistas, as empresas teriam o dever de suspender toda a vacinação no mundo (possivelmente por meses ou anos) assim que o primeiro efeito colateral grave fosse anunciado. Para evitar esta possibilidade, o Governo do Reino Unido assumiu a responsabilidade legal. Portanto, as proteções legais permanecem para os participantes, mas é o governo (ou seja, os contribuintes) quem terá de pagar. Na verdade, de acordo com a Vaccine Damages Payments Act (Lei de Pagamentos de Danos à Vacina no Reino Unido), haverá um pagamento único de £ 120.000 para qualquer pessoa que for permanentemente incapacitada ou prejudicada como resultado da vacina. Acordos semelhantes foram feitos para vacinas anteriores, como a vacina contra a coqueluche (tosse comprida).
É verdade que as novas vacinas contra o covid contêm tecidos de um feto abortado?
Não. As vacinas Pfizer e Moderna empregam moléculas de RNA mensageiro que foram sintetizadas artificialmente em laboratórios. No entanto, como parte do processo de desenvolvimento da vacina, as vacinas foram testadas usando uma linha celular chamada "imortal" com nome de HEK-293. Esta linha celular consiste em células em multiplicação contínua, que se multiplicam há mais de 40 anos. As células originais foram obtidas de um feto (bebê em gestação) que passou por um aborto legal por outros motivos na Holanda em 1973. Nenhum outro aborto foi realizado como parte do processo de desenvolvimento da vacina, e as vacinas não contêm qualquer tecido ou parte fetal. O uso da linha celular HEK-293 levanta a questão se a vacina pode ser considerada "moralmente contaminada". Esta é uma questão complexa que discuti em um artigo anterior no Blog do ICMDA. No momento, não há nenhuma vacina contra o coronavírus disponível que não tenha sido desenvolvida usando células HEK-293.
É verdade que os riscos de infecção por coronavírus foram enormemente exagerados por motivos políticos ou outros questionáveis?
Não. Há um consenso entre epidemiologistas, virologistas e especialistas em doenças infecciosas em todo o mundo de que a atual pandemia de Covid-19 é a mais perigosa situação de emergência global em termos de saúde desde a gripe espanhola em 1918/19. Já há evidências claras de que 2020 viu um número excessivo de mortes, centenas de milhares, que não teriam ocorrido sem a pandemia. Além das mortes trágicas, há evidências crescentes de complicações de longa duração muito significativas em alguns sobreviventes, incluindo acidentes vasculares cerebrais (AVC ou “derrame”), problemas cardíacos, doenças pulmonares crônicas e até mesmo comprometimento cognitivo de longa duração. Agora parece provável que muitos milhares, senão milhões, de pessoas viverão com as complicações médicas da infecção por coronavírus nos próximos anos.
É verdade que as vacinas contra o coronavírus usam técnicas de vigilância secretas criadas por Bill Gates?
Não. Nenhuma das vacinas aprovadas pelas autoridades regulatórias usa técnicas de vigilância encobertas. Como muitas teorias da conspiração, esta tem sua origem em uma notícia genuína. Em dezembro de 2019, um grupo de pesquisadores norte-americanos financiados pela Fundação Bill e Melinda Gates publicou um artigo de pesquisa sobre uma tecnologia que era capaz de colocar um registro de vacinação na pele de um paciente usando uma tinta inteligente que poderia ser lida por um smartphone. A pesquisa não estava relacionada à pandemia de coronavírus e a tecnologia ainda não foi desenvolvida nem implementada.
É verdade que os governos democráticos ocidentais estão planejando tornar a vacinação contra o coronavírus obrigatória?
Não. No momento em que este artigo foi escrito, nenhum governo democrático ocidental havia revelado planos para tornar a vacinação obrigatória. Existem proteções legais e históricas muito fortes para a liberdade individual e a consciência na maioria desses países, e apenas os governos totalitários têm probabilidade de impor a vacinação. No entanto, é provável que haja campanhas públicas para persuadir o maior número possível de pessoas a receber a vacinação, a fim de aumentar os níveis de imunidade da população como um todo.
É verdade que a vacinação contra o coronavírus pode levar à infertilidade?
Não há evidências científicas fortes para apoiar essa possibilidade. Os ensaios clínicos existentes excluíram mulheres grávidas, mas essa é a prática padrão em todos os ensaios clínicos, para evitar a possibilidade remota de que um novo medicamento possa causar danos imprevistos ao feto. O conselho atual do Reino Unido é que as pessoas que estão grávidas, amamentando ou que podem engravidar dentro de três meses de sua primeira dose não devem receber a vacina, mas isso é uma preocupação com os possíveis riscos para o bebê, não por causa do risco de infertilidade.
Foi sugerido que há uma pequena sobreposição nas sequências de aminoácidos da proteína spike do coronavírus e uma importante proteína placentária chamada sincitina-1. Portanto, se o corpo cria anticorpos contra a proteína spike, eles poderiam inadvertidamente atacar a proteína da placenta. Esta é uma possibilidade teórica que permanece inteiramente especulativa e a maioria dos especialistas na área acha que é extremamente improvável. Se o mecanismo for verdadeiro, então é teoricamente possível que a própria infecção com o coronavírus natural poderia inadvertidamente levar à infertilidade mais tarde. No entanto, não há absolutamente nenhuma evidência para apoiar isso no momento.
É verdade que voluntários morreram como resultado de receber vacinas experimentais contra o coronavírus?
Houve duas mortes entre as 21.000 pessoas que receberam a vacina da Pfizer mas, após extensa investigação por cientistas independentes, elas foram determinadas como eventos aleatórios não relacionados. Para efeito de comparação, houve quatro mortes que ocorreram ao acaso nas 21.000 pessoas que receberam o placebo inativo, então pode-se concluir que ser injetado com soro fisiológico era mais perigoso do que receber a vacina!
Logo após o início da imunização com a vacina da Pfizer no Reino Unido, dois profissionais de saúde, ambos com histórico anterior de alergias graves com risco de vida desenvolvidas em relação a outras substâncias, desenvolveram também reações alérgicas graves à vacina. Parece que os dois indivíduos não sofreram efeitos nocivos duradouros, mas as recomendações do Reino Unido foram modificadas após esses incidentes. A pessoas com histórico de respostas alérgicas muito graves (chamadas de anafilaxia) sugere-se avaliar com seu médico assistente se devem ou não receber a vacina.
É verdade que o vírus sofre mutações tão rapidamente que as vacinas se tornam rapidamente ineficazes?
Sabe-se bem que o vírus da gripe sofre mutações contínuas e, portanto, uma nova vacina da gripe deve ser desenvolvida a cada ano. No momento, as evidências sugerem que o vírus da Covid-19 é geneticamente mais estável do que o vírus da gripe, e os especialistas esperam que as vacinas atuais permaneçam ativas por mais de um ano. No entanto, simplesmente não há experiência suficiente com o vírus da Covid-19 para prever a probabilidade de futuras mutações.
• John Wyatt é professor emérito de pediatria neonatal, ética e perinatologia na University College London, e pesquisador sênior do Faraday Institute for Science and Religion, Cambridge, palestrante e autor de livros.
• John Wyatt é professor emérito de pediatria neonatal, ética e perinatologia na University College London, e pesquisador sênior do Faraday Institute for Science and Religion, Cambridge, palestrante e autor de livros.
Esta postagem foi originalmente publicada em johnwyatt.com[5] e reproduzida no blog ICMDA.[6]
Traduzido por Mireille Gomes e revisado por Bruna Proença.
Notas
1. Um estudo Duplo Cego significa que nem pesquisadores, nem os voluntários vacinados sabem se estão recebendo o agente ativo ou o placebo até um tempo determinado previamente no estudo.
2. Placebo é uma substância neutra, sem agente ativo, utilizada em um grupo controle para estudos de novas medicações e vacinas, por exemplo.
3. Sistema de saúde do Reino Unido
4. Processo de seleção aleatório
5. https://johnwyatt.com/2020/12/21/faq-coronavirus-vaccines-frequently-asked-questions/
6. https://blogs.icmda.net/2021/01/11/faq-vacinas-contra-o-coronavirus-perguntas-mais-frequentes/
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