Opinião
- 24 de janeiro de 2012
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Arte: o chão da nossa caminhada
Agradeço o convite feito pela Editora Ultimato para escrever esta coluna. Confesso que sou admirador de longa data dos editores desta revista e do portal que, em minha opinião, têm feito um grande bem ao povo brasileiro há mais de 40 anos.
Pretendo trazer algumas reflexões sobre outras expressões artísticas que tenho acompanhado além da música. Por vezes me deparo com separações entre “arte” e “música”. Hoje, geralmente o termo “arte” diz respeito apenas às artes plásticas (as livrarias são mestras nessa definição). Isso pode ocorrer devido a um fato: a partir da chegada da indústria fonográfica, no início do século XX, a música passou a dominar a preferência artística da maioria das pessoas, o que delegou aos músicos um outro patamar de notoriedade, influência e liberdade, levando-a a separar-se das demais. No tempo oportuno investigaremos essa problemática.
Retomarei a ideia de arte como um termo que engloba não uma, mas diversas expressões: pintura, escultura, dança, teatro, arquitetura, literatura, gastronomia, design, moda, cinema, fotografia, circo, artesanato e música.
As expressões artísticas não podem ser desassociadas em seu contexto temporal. O que os homens e mulheres querem dizer, em pleno 2012, com seu consumo das artes? E no passado, as pessoas eram mais “cultas”? Por que escolhem uma arte em detrimento das outras? Por que determinado estilo visual impera? Por que a preferência musical nacional é sobre determinado estilo? As artes podem ser divididas entre high e low? Elas podem definir o caráter de uma pessoa, como acreditavam os filósofos gregos? Acredito que tentar encaixar algumas peças desse quebra-cabeça nos ajudará a refletir sobre o momento cultural em que vivemos. Sim, “momento”, pois a cultura é viva e está sempre se modificando, recebendo influências internas e externas, sejam elas religiosas ou não.
“Cultura” é outro termo curioso e extremamente complexo - como acusa Terry Eagleton em seu livro A ideia de cultura (Editora Unesp) -, que muitos entendem como sinônimo de “arte”. No entanto, uma das várias ideias sobre o termo cultura pode ser assim delineada: é o traço de um povo de determinado lugar em determinada época, que recebeu (e recebe) influências de outros povos (e que também os pode influenciar), vista e registrada pela visão de mundo de “alguém”: de sua vestimenta à sua língua; de sua arte aos seus costumes; de suas religiões às suas festas; de sua política às suas tradições; de seus mitos às suas formas de trato social.
Esse é um terceiro viés que preciso chamar atenção em relação a esta coluna: todo texto é produzido em determinado tempo e espaço por alguém que, de antemão, possui experiências, ideias, crenças e dilemas, e que escreve para determinado grupo de pessoas com um fim. Por mais distante que eu tente ficar do objeto de minha investigação tentando promover uma imparcialidade, já confesso de antemão o que é pecado para alguns: não conseguirei vencer minha cultura e meu olhar crítico.
Entenda por “olhar crítico” que apresentarei minha visão a respeito das artes, sob forma de análise (algumas vezes técnica) para uma apreciação que crie um diálogo entre ela (a arte) e seu contexto (histórico ou com outras artes). Não pretendo desenvolver uma análise minuciosa sobre “aquela pincelada” ou sobre “aquele acorde”, mas valer, uma vez ou outra, da técnica como forma ilustrativa de meus argumentos.
Por fim, quero lembrar que me valerei de entrevistas com profissionais das artes e convidarei algumas vezes para escrever um amigo que é um grande conhecedor da música brasileira, além de psicólogo e palestrante, Guilherme Davoli. Escrevemos juntos o texto Ventura para este site.
Quem me acompanha nessa caminhada?
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É músico, historiador, educador, escritor e revisor pedagógico de História. Seu trabalho musical principal é o Baixo e Voz, que já conta com 21 anos, cinco CD's e um DVD. Mestrando em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie.
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