Opinião
- 26 de maio de 2009
- Visualizações: 3387
- 1 comentário(s)
- +A
- -A
- compartilhar
Amor indefinido
Jorge Camargo
Ano passado gravei dois clipes musicais para o programa Plataforma. Num deles, interpretei a canção “Amor Incondicional”, de minha autoria. Antes da música, no entanto, a produção do programa colheu alguns depoimentos meus que, editados, servem como introdução para a canção propriamente dita. Fui indagado sobre uma definição do que é o amor. Respondi que não sabia defini-lo e que não era a pessoa mais apropriada para dar essa definição.
Meses depois, quando o programa entrou no ar, fiquei surpreso com a minha própria resposta. Queria ter respondido alguma coisa...
Acho que a gente é assim mesmo. Somos filhos da modernidade. Nascemos sob a influência esmagadora da racionalidade, do cientificismo, das respostas pra tudo, das dissecações cadavéricas que explicam o inexplicável, definem o indefinível e determinam o que não se pode determinar. Talvez daí o meu susto.
No fundo esperava poder dar uma resposta satisfatória, bela, embasada em boa teologia, filosofia ou qualquer outro artifício humano de argumentação. Confesso que fiquei desarmado. O amor literalmente nos desarma. E nos silencia.
Impossível não lembrar das célebres palavras de Francisco de Assis: “Prega o evangelho. Se for preciso, use palavras”. Palavras que ninguém sabe ao certo se ele realmente disse. O que importa? Sua vida de entrega radical ao que acreditava e amava disse!
Como o profeta Jeremias, chamado por Deus a uma vida de excelência (se você correu com homens e eles o cansaram, como poderá competir com cavalos?), não responde a indagação divina. Silencia. No entanto, sua vida inteira dedicada a anunciar e a prantear as mazelas de seu povo respondeu.
Há poucas coisas na vida que realmente posso afirmar que sei definir. Poucas mesmo.
Decidi que é melhor mergulhar de corpo e alma nesse rio misterioso de águas profundas que é a existência.
Nu (que é como eu vim a ela) e nadando com braçadas largas, radicalmente entregue à corrente, confiante de que ele há de desaguar num mar infindo do amor mais profundo que define aquele que é indefinível como o amor... amor que é maior que o nosso coração.
Ano passado gravei dois clipes musicais para o programa Plataforma. Num deles, interpretei a canção “Amor Incondicional”, de minha autoria. Antes da música, no entanto, a produção do programa colheu alguns depoimentos meus que, editados, servem como introdução para a canção propriamente dita. Fui indagado sobre uma definição do que é o amor. Respondi que não sabia defini-lo e que não era a pessoa mais apropriada para dar essa definição.
Meses depois, quando o programa entrou no ar, fiquei surpreso com a minha própria resposta. Queria ter respondido alguma coisa...
Acho que a gente é assim mesmo. Somos filhos da modernidade. Nascemos sob a influência esmagadora da racionalidade, do cientificismo, das respostas pra tudo, das dissecações cadavéricas que explicam o inexplicável, definem o indefinível e determinam o que não se pode determinar. Talvez daí o meu susto.
No fundo esperava poder dar uma resposta satisfatória, bela, embasada em boa teologia, filosofia ou qualquer outro artifício humano de argumentação. Confesso que fiquei desarmado. O amor literalmente nos desarma. E nos silencia.
Impossível não lembrar das célebres palavras de Francisco de Assis: “Prega o evangelho. Se for preciso, use palavras”. Palavras que ninguém sabe ao certo se ele realmente disse. O que importa? Sua vida de entrega radical ao que acreditava e amava disse!
Como o profeta Jeremias, chamado por Deus a uma vida de excelência (se você correu com homens e eles o cansaram, como poderá competir com cavalos?), não responde a indagação divina. Silencia. No entanto, sua vida inteira dedicada a anunciar e a prantear as mazelas de seu povo respondeu.
Há poucas coisas na vida que realmente posso afirmar que sei definir. Poucas mesmo.
Decidi que é melhor mergulhar de corpo e alma nesse rio misterioso de águas profundas que é a existência.
Nu (que é como eu vim a ela) e nadando com braçadas largas, radicalmente entregue à corrente, confiante de que ele há de desaguar num mar infindo do amor mais profundo que define aquele que é indefinível como o amor... amor que é maior que o nosso coração.
Mestre em ciências da religião, é intérprete, compositor, músico, poeta e tradutor.
- Textos publicados: 39 [ver]
- 26 de maio de 2009
- Visualizações: 3387
- 1 comentário(s)
- +A
- -A
- compartilhar
QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU ATÉ AQUI.
Ultimato quer falar com você.
A cada dia, mais de dez mil usuários navegam pelo Portal Ultimato. Leem e compartilham gratuitamente dezenas de blogs e hotsites, além do acervo digital da revista Ultimato, centenas de estudos bíblicos, devocionais diárias de autores como John Stott, Eugene Peterson, C. S. Lewis, entre outros, além de artigos, notícias e serviços que são atualizados diariamente nas diferentes plataformas e redes sociais.
PARA CONTINUAR, precisamos do seu apoio. Compartilhe conosco um cafezinho.
Leia mais em Opinião
Opinião do leitor
Para comentar é necessário estar logado no site. Clique aqui para fazer o login ou o seu cadastro.
Escreva um artigo em resposta
Para escrever uma resposta é necessário estar cadastrado no site. Clique aqui para fazer o login ou seu cadastro.
Ainda não há artigos publicados na seção "Palavra do leitor" em resposta a este texto.
Assuntos em Últimas
- 500AnosReforma
- Aconteceu Comigo
- Aconteceu há...
- Agenda50anos
- Arte e Cultura
- Biografia e História
- Casamento e Família
- Ciência
- Devocionário
- Espiritualidade
- Estudo Bíblico
- Evangelização e Missões
- Ética e Comportamento
- Igreja e Liderança
- Igreja em ação
- Institucional
- Juventude
- Legado e Louvor
- Meio Ambiente
- Política e Sociedade
- Reportagem
- Resenha
- Série Ciência e Fé Cristã
- Teologia e Doutrina
- Testemunho
- Vida Cristã
Revista Ultimato
+ lidos
- Corpos doentes [fracos, limitados, mutilados] também adoram
- Pesquisa Força Missionária Brasileira 2025 quer saber como e onde estão os missionários brasileiros
- Perigo à vista ! - Vulnerabilidades que tornam filhos de missionários mais suscetíveis ao abuso e ao silêncio
- As 97 teses de Martinho Lutero
- Lutar pelos sonhos é possível após os 60. Sempre pela bondade do Senhor
- A urgência da reconciliação: Reflexões a partir do 4º Congresso de Lausanne, um ano após o 7 de outubro
- Para fissurados por controle, cancelamento é saída fácil
- Diálogos de Esperança: nova temporada conversa sobre a Igreja e Lausanne 4
- A última revista do ano
- Vem aí "The Connect Faith 2024"