Opinião
- 09 de dezembro de 2010
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Aliança Evangélica nasce como "movimento"
Cerca de 230 pessoas participaram da fundação da Aliança Cristã Evangélica Brasileira, na Catedral Metodista, em São Paulo (SP), no dia 30 de novembro. O programa começou às 8 horas com um café da manhã e terminou às 8 da noite com o culto de celebração e a Santa Ceia. Durante todo o dia, o tempo foi compartilhado com cânticos, reflexões bíblicas, resgates históricos, testemunhos e diversos momentos de oração.
Novo modelo
Levantando sua principal bandeira – a unidade da igreja -, a Aliança nasce sem CNPJ e com uma estrutura organizacional mais leve. Assim opta, pelo menos no início, por uma identidade de "movimento" e não de "instituição". Essa decisão gerou um debate caloroso no período da tarde. Alguns acreditavam que a aliança deveria assumir sua identidade institucional com mais coragem; outros defendiam uma cautela estratégica no começo da caminhada. Para um dos líderes da Aliança, o pastor e teólogo luterano Valdir Steuernagel, isso só evidencia que há um anseio intenso de se iniciar logo um movimento de unidade. Ao falar sobre o desafio de ir a todas as regiões do país, Steuernagel defendeu a identidade da aliança. “Esta aliança não é só para igrejas históricas, nem para grupos já existentes. Não podemos nascer como um movimento de classe média, mas sim um movimento a serviço da obra de Deus. A construção da relação é mais importante no início do que a afirmação dogmática. A relação nos purifica”. Sobre o poder de representatividade que a aliança deve ter, Welinton Pereira, pastor metodista e integrante do grupo de trabalho, também foi cauteloso: “antes de construir a representação pública do movimento, devemos ter organicidade”. Fabrício Cunha, pastor de juventude da Igreja Batista de Água Branca (SP), acha que “a tentação por representatividade traz o risco da perda de identidade”.
O sentimento de alegria com a fundação da aliança não escondeu um certo temor em repetir erros. “Existe sensibilidade quanto aos erros do passado”, disse Walter McAlister, bispo da Igreja Cristã de Nova Vida e integrante do recém-criado Conselho Geral da entidade. Nas falas de muitos percebe-se uma forte preocupação de se formar uma liderança menos personalista e mais plural. “A horizontalidade do movimento vai nos prevenir das falhas do passado”, diz Durvalina Bezerra, diretora do Seminário Betel Brasileiro. Já o pastor Key Yuasa, da Igreja Holiness, enfatizou em sua exposição bíblica sobre a igreja de Corinto que “não devemos idolatrar nem igrejas nem pessoas. A igreja de Corinto não era perfeita. Idolatrar pessoas destrói a igreja. Quando perdemos esse foco, nós contribuímos para a divisão da igreja”, disse.
Honrando a história
Logo no início da manhã, o bispo anglicano Robinson Cavalcanti lembrou a caminhada histórica dos evangélicos em busca da unidade no século 20, a quem chamou de “tijolos vivos”. Falando sobre o “caos da comunidade evangélica brasileira”, ele aconselhou que a aliança “tem de ser modesta, mas não se intimidar”. O pastor Ariovaldo Ramos, descrevendo a igreja primitiva em Atos, disse que “o Espírito Santo trouxe Deus para dentro dos discípulos e quebrou a última maldição da queda: a confusão das línguas com a torre de Babel. O Espírito fez os homens se entenderem de novo e traduziu Deus para os homens, e os homens para os homens. É nessa unidade que aprendemos a respeito de Deus e do próximo. A vocação da igreja está em se ajuntar, comungar, ter tudo em comum”. Já Steuernagel enfatizou que “não estamos criando nada novo. Estamos em uma nova gestação para responder ao desafio histórico da nossa geração”.
Enquanto honravam o passado, os presentes na cerimônia de fundação da aliança também vislumbravam um futuro melhor na caminhada conjunta. “Jesus não pode voltar se antes não nos unirmos”, disse, emocionado e espontaneamente, Albertino da Silva, de São Vicente (SP). “Temos esperança de que dê certo”, afirmou Silas Tostes, presidente da Associação de Missões Transculturais Brasileiras. “Que essa aliança fortaleça a igreja no Brasil e o evangelicalismo no mundo. Estou entusiasmado com a perspectiva do que vai acontecer e pelo valor dado à oração aqui”, ressaltou Gordon Showell-Rogers, representante da Aliança Evangélica Mundial (World Evangelical Alliance), organização presente em 128 países.
Até 1964, por mais de três décadas, a Confederação Evangélica Brasileira (CEB) fez o papel de unir e realizar projetos em comum com as igrejas evangélicas de sua época. Após um longo período, fundou-se em 1991 a Associação Evangélica Brasileira (AEVB), que por uma década se constituiu num esforço quanto à unidade de setores evangélicos no Brasil.
As conversas para o início de uma nova aliança evangélica começaram em 2009. Deste então, foram feitas várias reuniões “de escuta”, com o objetivo de ouvir líderes evangélicos em diversas cidades do Brasil, como São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Belo Horizonte MG), Recife (PE), Fortaleza (CE) e Brasília (DF).
Nova estrutura
A aliança será liderada por um Conselho Geral. A execução das ações estará a cargo de um grupo coordenador e de um secretário executivo. Além destes, a aliança terá a figura dos “embaixadores” – pessoas dispostas a divulgá-la em todo o Brasil – e o Conselho de Referência, que conta com líderes cristãos de credibilidade nacional.
Os presentes na cerimônia ajudaram a escolher quem fará parte do Conselho Geral da Aliança e a definir o conteúdo da “Carta de Princípios e Diretrizes” – um documento de sete páginas que foi construído de forma plural ao longo de quase dois anos. Tal documento descreve a visão, a missão, os objetivos e a estrutura do grupo.
A cerimônia de fundação da Aliança Cristã Evangélica Brasileira foi encerrada com um culto intitulado “Unidade em Cristo para cumprimento da Missão de Deus sob a direção do Espírito Santo”. O culto foi participativo, e contou com momentos de oração, cânticos, confissões, exposições bíblicas e a santa ceia. No sermão final, Valdir Steuernagel convidou os presentes a “irmos juntos, unidos na adoração, no testemunho, no serviço, na oração por nossa própria unidade, pela graça de Deus para que a Palavra de Deus seja o nosso rumo, o Espírito de Deus seja o nosso guia e os irmãos e irmãs sejam nossa companhia no objetivo de, juntos, dizermos que a salvação pertence ao nosso Deus”.
Acesse o site da Aliança Cristã Evangélica Brasileira.
Novo modelo
Levantando sua principal bandeira – a unidade da igreja -, a Aliança nasce sem CNPJ e com uma estrutura organizacional mais leve. Assim opta, pelo menos no início, por uma identidade de "movimento" e não de "instituição". Essa decisão gerou um debate caloroso no período da tarde. Alguns acreditavam que a aliança deveria assumir sua identidade institucional com mais coragem; outros defendiam uma cautela estratégica no começo da caminhada. Para um dos líderes da Aliança, o pastor e teólogo luterano Valdir Steuernagel, isso só evidencia que há um anseio intenso de se iniciar logo um movimento de unidade. Ao falar sobre o desafio de ir a todas as regiões do país, Steuernagel defendeu a identidade da aliança. “Esta aliança não é só para igrejas históricas, nem para grupos já existentes. Não podemos nascer como um movimento de classe média, mas sim um movimento a serviço da obra de Deus. A construção da relação é mais importante no início do que a afirmação dogmática. A relação nos purifica”. Sobre o poder de representatividade que a aliança deve ter, Welinton Pereira, pastor metodista e integrante do grupo de trabalho, também foi cauteloso: “antes de construir a representação pública do movimento, devemos ter organicidade”. Fabrício Cunha, pastor de juventude da Igreja Batista de Água Branca (SP), acha que “a tentação por representatividade traz o risco da perda de identidade”.
O sentimento de alegria com a fundação da aliança não escondeu um certo temor em repetir erros. “Existe sensibilidade quanto aos erros do passado”, disse Walter McAlister, bispo da Igreja Cristã de Nova Vida e integrante do recém-criado Conselho Geral da entidade. Nas falas de muitos percebe-se uma forte preocupação de se formar uma liderança menos personalista e mais plural. “A horizontalidade do movimento vai nos prevenir das falhas do passado”, diz Durvalina Bezerra, diretora do Seminário Betel Brasileiro. Já o pastor Key Yuasa, da Igreja Holiness, enfatizou em sua exposição bíblica sobre a igreja de Corinto que “não devemos idolatrar nem igrejas nem pessoas. A igreja de Corinto não era perfeita. Idolatrar pessoas destrói a igreja. Quando perdemos esse foco, nós contribuímos para a divisão da igreja”, disse.
Honrando a história
Logo no início da manhã, o bispo anglicano Robinson Cavalcanti lembrou a caminhada histórica dos evangélicos em busca da unidade no século 20, a quem chamou de “tijolos vivos”. Falando sobre o “caos da comunidade evangélica brasileira”, ele aconselhou que a aliança “tem de ser modesta, mas não se intimidar”. O pastor Ariovaldo Ramos, descrevendo a igreja primitiva em Atos, disse que “o Espírito Santo trouxe Deus para dentro dos discípulos e quebrou a última maldição da queda: a confusão das línguas com a torre de Babel. O Espírito fez os homens se entenderem de novo e traduziu Deus para os homens, e os homens para os homens. É nessa unidade que aprendemos a respeito de Deus e do próximo. A vocação da igreja está em se ajuntar, comungar, ter tudo em comum”. Já Steuernagel enfatizou que “não estamos criando nada novo. Estamos em uma nova gestação para responder ao desafio histórico da nossa geração”.
Enquanto honravam o passado, os presentes na cerimônia de fundação da aliança também vislumbravam um futuro melhor na caminhada conjunta. “Jesus não pode voltar se antes não nos unirmos”, disse, emocionado e espontaneamente, Albertino da Silva, de São Vicente (SP). “Temos esperança de que dê certo”, afirmou Silas Tostes, presidente da Associação de Missões Transculturais Brasileiras. “Que essa aliança fortaleça a igreja no Brasil e o evangelicalismo no mundo. Estou entusiasmado com a perspectiva do que vai acontecer e pelo valor dado à oração aqui”, ressaltou Gordon Showell-Rogers, representante da Aliança Evangélica Mundial (World Evangelical Alliance), organização presente em 128 países.
Até 1964, por mais de três décadas, a Confederação Evangélica Brasileira (CEB) fez o papel de unir e realizar projetos em comum com as igrejas evangélicas de sua época. Após um longo período, fundou-se em 1991 a Associação Evangélica Brasileira (AEVB), que por uma década se constituiu num esforço quanto à unidade de setores evangélicos no Brasil.
As conversas para o início de uma nova aliança evangélica começaram em 2009. Deste então, foram feitas várias reuniões “de escuta”, com o objetivo de ouvir líderes evangélicos em diversas cidades do Brasil, como São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Belo Horizonte MG), Recife (PE), Fortaleza (CE) e Brasília (DF).
Nova estrutura
A aliança será liderada por um Conselho Geral. A execução das ações estará a cargo de um grupo coordenador e de um secretário executivo. Além destes, a aliança terá a figura dos “embaixadores” – pessoas dispostas a divulgá-la em todo o Brasil – e o Conselho de Referência, que conta com líderes cristãos de credibilidade nacional.
Os presentes na cerimônia ajudaram a escolher quem fará parte do Conselho Geral da Aliança e a definir o conteúdo da “Carta de Princípios e Diretrizes” – um documento de sete páginas que foi construído de forma plural ao longo de quase dois anos. Tal documento descreve a visão, a missão, os objetivos e a estrutura do grupo.
A cerimônia de fundação da Aliança Cristã Evangélica Brasileira foi encerrada com um culto intitulado “Unidade em Cristo para cumprimento da Missão de Deus sob a direção do Espírito Santo”. O culto foi participativo, e contou com momentos de oração, cânticos, confissões, exposições bíblicas e a santa ceia. No sermão final, Valdir Steuernagel convidou os presentes a “irmos juntos, unidos na adoração, no testemunho, no serviço, na oração por nossa própria unidade, pela graça de Deus para que a Palavra de Deus seja o nosso rumo, o Espírito de Deus seja o nosso guia e os irmãos e irmãs sejam nossa companhia no objetivo de, juntos, dizermos que a salvação pertence ao nosso Deus”.
Acesse o site da Aliança Cristã Evangélica Brasileira.
Lissânder Dias do Amaral é jornalista, blogueiro, poeta e editor de livros. Integra o Conselho Nacional da Interserve Brasil e o Conselho da Unimissional. É autor de “O Cotidiano Extraordinário – a vida em pequenas crônicas” e responsável pelo blog Fatos e Correlatos do Portal Ultimato. É um dos fundadores do Movimento Vocare e ajudou a criar as organizações cristãs de cooperação Rede Mãos Dadas e Rede Evangélica Nacional de Ação Social (RENAS).
- Textos publicados: 126 [ver]
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Site: http://www.fatosecorrelatos.com.br
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