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Alegrias e tristezas dos missionários brasileiros

Sete missionários brasileiros, representando quatro famílias. Rostos radiantes: voltar à terra natal após três anos era de uma satisfação imensa. Enquanto os filhos – ainda mais evidentemente felizes – corriam e brincavam numa algazarra contagiante, os missionários ouviam e respondiam perguntas sobre suas tristezas e alegrias.

Eles trabalham em países de difícil acesso ao Evangelho, com instabilidade política, social e religiosa. Estão de férias no Brasil por três meses. Se encontraram ontem (13 de julho) para uma refeição comunitária com amigos e intercessores enquanto participam do Encontro de Restauração para Missionários, promovido pelo Centro Evangélico de Missões (CEM), em Viçosa (MG).

Foram honestos em reconhecer que a sensação de inutilidade (por ainda não conseguirem falar a língua local tão bem ou por serem restringidos pela cultura) é uma das maiores tristezas. “É angustiante não poder falar abertamente do Evangelho”, disse uma missionária. Por outro lado, cada pequena vitória é de grande valor. Esta mesma missionária, que trabalha em um país no Sul da Ásia, conta, com alegria, que começou a visitar mulheres de uma favela e as ensinou a costurar, com máquinas de costura doadas por cristãos brasileiros.

Um missionário que mora na Ásia narrou o interesse surpreendente de um morador da zona rural: logo no primeiro encontro ele pediu para estudar a Bíblia em sua língua local e continua buscando por Jesus.

Emocionada, uma das missionária contou como sua filha de 11 anos, vítima de bullying na  escola, superou os obstáculos e foi destaque em uma olimpíada escolar estadual. “Nossos filhos não escolheram estar conosco, mas eles fazem parte da nossa equipe. Ficamos mais felizes quando sabemos que vocês oram por nossos filhos do que quando oram por nós”, conta. Com otimismo, seu esposo diz: “Ser missionário não é fácil, mas não é um bicho-de-sete-cabeças”.

Um missionário do Nordeste africano desabafa: “não estou com saudades de lá”, para em seguida afirmar que voltará ao país. “Estávamos cansados, e retornar para cá e reencontrar a família, os amigos, a igreja, é muito bom. No entanto, quando chegamos aqui, percebemos que as perspectivas mudaram. Nossos amigos mudaram”. Sobre as dificuldades de trabalhar como missionário transcultural, ele afirma: “O Evangelho lá não existe, mas relacionamento existe”.

Uma missionária que trabalha um país no limite entre a África e a Ásia confessa que esta é a primeira vez que a família consegue ter um tempo de férias realmente planejado depois de 12 anos no campo. “É muito melhor. Estamos menos estressados e sabemos aonde iremos e quando voltaremos”. Seu esposo diz que foi muito difícil estar diante de tantos problemas sociais e discernir como ajudar. “Tivemos que ter certeza do foco de Deus para nós diante de tantas dificuldades. Decidimos trabalhar com um dos grupos mais pobres: os refugiados”.

Antonia Leonora van der Meer (Tonica), uma das organizadoras do Encontro de Restauração para Missionários do CEM, escreve em seu livro Missionários Feridos:
“A vida missionária é um privilégio. Porém, é uma carreira que tem um alto custo. Há muitos desafios, o estresse está sempre presente e com freqüência envolve sofrimento. Por isso, os missionários precisam de compreensão e apoio amoroso.”

“A maioria dos missionários brasileiros recebe pouco cuidado pastoral. As igrejas esperam que seus missionários sejam pessoas especialmente capacitadas por Deus, que apresentem grandes histórias de sucesso. Porém, há missionários deprimidos por causa de experiências dolorosas no campo, por causa de problemas em sua equipe ou por serem confrontados com situações de guerra ou morte.”
Equipe Editorial Web
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