Opinião
- 27 de maio de 2022
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Alegria em toda prova. Alegria a toda prova
Por Marcos Gladstone F. Silva
O mais espantoso é que Tiago não fala de uma alegria corriqueira nem simples, mas de uma “grande alegria” ou “toda alegria”. É uma alegria que fica marcada, da qual nos lembramos sempre. Os gregos se saudavam dizendo: “alegria!”, quase como “oi” ou “bom dia” que se pronuncia para cumprir um protocolo. Tiago resgata a alegria desse contexto superficial e a coloca no contexto da vida diária, sujeita às provações. Daí dizer “grande alegria”, tudo de bom em que se possa pensar e ter, aproximando-se do conceito de “shalom” no Antigo Testamento. Tiago diz para termos uma alegria com intensidade, para estarmos inteiramente alegres, completamente alegres. Que o nosso coração festeje, dance, cante, celebre quando passarmos por provas.
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“Meus irmãos, tenham por motivo de grande alegria o fato de passarem por várias provações, sabendo que a provação da fé que vocês têm produz perseverança. Ora, a perseverança deve ter ação completa, para que vocês sejam perfeitos e íntegros, sem que lhes falte nada.” (Tiago 1.2-3, Nova Almeida Atualizada)
Se existe algo certo na vida de todos nós é o passarmos por circunstâncias desafiadoras que provam nossa fé. São testes que nos desafiam quase que diariamente. Eles são tão certos que John Owen escreveu assim: “Devemos orar pedindo uma bênção sobre nossa vara de cada dia, tanto quanto sobre o pão nosso de cada dia.” As provações nos sobrevêm nas lutas corriqueiras, sejam em casa e no convívio familiar, no trabalho, com os amigos, no relacionamento com a sociedade em geral, e até mesmo na igreja. Parece que quanto mais nos aproximamos uns dos outros mais as provas se intensificam e mais difíceis se tornam. Elas nos marcam e algumas vezes deixam suas cicatrizes.
Mas viveremos com elas e levaremos cicatrizes, pois são as marcas dos santos. Não existe santo sem as marcas das provas. Eles devem ter costas fortes para algumas lutas. “Não oro pedindo um fardo mais leve, mas, sim, costas mais fortes.” Foi assim que escreveu Phillip Brooks sobre a certeza das provações. O próprio Senhor Jesus nos advertiu sobre elas em João 16.33, quando disse: “No mundo, vocês passam por aflições; mas tenham coragem: eu venci o mundo”.
Ao iniciarmos a leitura da carta de Tiago, somos surpreendidos com uma palavra acerca das provações. Diz assim já o segundo versículo da carta: “Meus irmãos, tenham por motivo de grande alegria o fato de passarem por várias provações.” Tiago, com sua forma direta de escrever, saúda rapidamente seus leitores e já começa a falar de provações. Não traz aquele cumprimento de louvor a Deus pela vida e progresso dos irmãos e nem uma oração por eles, como costumamos ver em outras cartas. Ele vai direto ao ponto: alegria nas provas ou, como diz o título desse texto, alegria além das provas.
O mais espantoso é que Tiago não fala de uma alegria corriqueira nem simples, mas de uma “grande alegria” ou “toda alegria”. É uma alegria que fica marcada, da qual nos lembramos sempre. Os gregos se saudavam dizendo: “alegria!”, quase como “oi” ou “bom dia” que se pronuncia para cumprir um protocolo. Tiago resgata a alegria desse contexto superficial e a coloca no contexto da vida diária, sujeita às provações. Daí dizer “grande alegria”, tudo de bom em que se possa pensar e ter, aproximando-se do conceito de “shalom” no Antigo Testamento. Tiago diz para termos uma alegria com intensidade, para estarmos inteiramente alegres, completamente alegres. Que o nosso coração festeje, dance, cante, celebre quando passarmos por provas.
Mas isto parece estranho, pois quando olhamos apenas para as provações dificilmente teremos alegria nelas. Precisamos avançar no texto. No versículo seguinte, Tiago fala do resultado da provação. Fala daquilo que a provação produz quando passamos por ela. A provação da nossa fé produz perseverança, nos aperfeiçoa, nos torna íntegros, supridos. A provação aqui não está experimentando se temos fé ou não, mas aperfeiçoando, purificando a fé que temos. Escrevendo aos Romanos (5.3-4), o apóstolo Paulo diz para nos gloriarmos nas lutas que constantemente passamos, porque elas produzem perseverança, experiência, esperança, e o amor de Deus é derramando em nosso coração pelo Espírito Santo que nos foi dado.
“Tenham grande alegria”. As aflições, lutas e dores têm o poder de nos trazerem de volta para Deus. “Elas são o cão pastor que nos traz de volta ao aprisco”. “Tenham grande alegria”. Nelas, o Espírito de Deus nos ajuda, age em nós, intercede por nós, nos fortalece. Que gozo e alegria na graça, misericórdia, amor e socorro do nosso Deus! Eles são um instrumento que nos aperfeiçoa, nos fortalece e nos fazem crescer. O próprio Tiago, no versículo 12 desse capítulo primeiro retoma o tom de provação e traz uma recompensa escatológica produzida por elas: “Bem-aventurado é aquele que suporta com perseverança a provação. Porque, depois de ter sido aprovado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor prometeu aos que o amam”.
“Contabilize como lucro qualquer assunto relacionado à sua tribulação”, disse Thomas Adams. Às vezes, é difícil compreender isso, mas as provas não agem contra nós. Elas atuam em favor de nós. Seus resultados são abençoadores. Sua ação é sempre pedagógica, seu final nos dá a medalha da vitória. E, como naquelas corridas paraolímpicas em que um guia está ao lado de um cego corredor, em todas as nossas provas, temos o grande Ajudador a passar conosco pela provação. Ele é quem nos fortalece. O Seu Espírito é quem nos guia. A sua Palavra é quem nos vivifica. Portanto, “meus irmãos, tenham por motivo de grande alegria o fato de passarem por várias provações, sabendo que a provação da fé que vocês têm produz perseverança. Ora, a perseverança deve ter ação completa, para que vocês sejam perfeitos e íntegros, sem que lhes falte nada”.
- Marcos G. F. Silva, secretário de Distribuição e Coordenação das Secretarias Regionais da SBB, bacharel em Teologia e Administração de Empresas com MBA em Marketing e MBA em Gestão Financeira e Controladoria e Auditoria pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).
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