Opinião
- 29 de maio de 2017
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Ajuda-me a vencer a minha incredulidade
Por Bruno Arruda
Todos os pais possuem um forte vínculo com seus filhos. Há dois anos e meio estou experimentando isso com o nascimento do meu herdeiro. Não estava preparado para ser pai, apesar de, na época, ter planejado ser. Aliás, ser pai parece ser uma daquelas coisas da vida que você tem que aprender na marra mesmo.
Algo que marcou minha curta carreira paterna até aqui foi vivenciar uma frase que li no Facebook de uma amiga em relação a sua filha: meu coração que bate fora do meu peito. Um apego que nunca tive e em certa medida é até meio exagerado de minha parte. Um ser tão pequeno e frágil que tomou boa parte da minha vida. Aliás, acho que minha vida já não é mais minha; é dele.
No entanto, uma dessas coisas que Deus permite para que tenhamos mais consciência de quem somos e de quem Ele é aconteceu logo aos dez dias de vida do meu filho. Ele teve alergia à proteína do leite, com o sintoma de sangue nas fezes. Dez dias, já com muito amor e apego, e um sintoma assustador. Pela ausência de febre pelo bom humor do meu filho, os médicos dos plantões diziam que não parecia ser grave. Mas também não descobríamos a causa.
Tivemos então que passar por seis longos dias internados com ele. Nada de CTI e nem coisas por demais assustadoras assim. Mas o sangue persistia em sair. Pensaram os médicos ser falta de vitamina K e aplicavam nele todos os dias uma dose e mediam por exame de sangue a dosagem. Mas este exame não tem um resultado muito preciso e sempre dava abaixo do padrão.
Eu, porém, já estava sendo consumido por temores e dúvidas. Orava, mas comecei a questionar a eficiência da oração diante da vontade de Deus. Sim, eu estava cheio de dúvidas e tendendo à desconfiança. Não de que Deus me ouvia, mas de que Ele me atenderia. Tinha dúvidas se minha oração estava em acordo com a vontade soberana de Deus, pois achava que Ele poderia querer levar o meu filho.
E se levasse? Bem, para essa pergunta eu ainda não sei a resposta. O que sei é que lentamente ia sucumbindo minha fé e minha relação com Deus estava sendo distorcida por causa disso.
Meu amigo David Júnior, pastor da igreja Pão da Vida em Belo Horizonte, me auxiliou enquanto confessava meus dilemas a ele. Juntei o seu “não é bem assim, Bruno” com o “temos que confiar no amor de Deus” de minha esposa, e pelos vinte dias após a alta do hospital - quando finalmente descobrimos que não era a vitamina K e sim a suspeita da alergia à proteína do leite, confirmada posteriormente - fui conseguindo reerguer, ou como disse C. S. Lewis, retomando a razão, retomando a fé.
Não foi fácil, não foi instantâneo. Chorei mais algumas vezes neste período, especialmente no dia do meu aniversário, quando não quis comemorar nada. Entregava e retomava meu filho de Deus.
E aos poucos Deus foi mostrando sua misericórdia. Tivemos um médico especialista nos ajudando, que receitou um leite caríssimo (duzentos reais a lata que durava cerca de três dias). Minha esposa foi pleitear subsídio do governo para esta questão de saúde. No local, na Secretaria da Saúde do Estado, perto das dezessete horas, alguém ouve a fala de minha esposa pedindo informação e intervém: ligue neste número que a pessoa irá conseguir as latas. Ela ligou e a moça do outro lado disse que tinha como doar, pois era representante de uma das marcas que tinha o tipo de leite que precisávamos. Ela nos forneceu suprimento de leite para quase todo o tratamento e ainda o levou até nós. É coisa de Deus mesmo.
E minha fé? Estava lá, lentamente sendo reestabelecida, talvez semelhante à de Tomé, precisando tocar nas feridas para crer na ressurreição, precisando de evidências para retomar a razão.
Toda minha desconfiança foi sendo apagada, toda minha dúvida do amor de Deus foi sendo eliminada por Sua misericórdia. E uma coisa ficou muito clara para mim: Seu amor é muito maior do que pensamos, pois eu não conseguiria entregar meu filho como Ele fez por nós. Mas sei também que, mais até do que nós, ele entende o que é ser Pai.
E eu? Bem, eu sou como aquele pai ao pé do monte da transfiguração sempre clamando: “Creio, ajuda-me a vencer a minha incredulidade” (Marcos 9:24).
• Bruno Arruda, membro da Lagoinha Mineirão.
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Sobre pastéis de feira, signos e responsabilidades na família
Jacó, a personificação da ovelha negra da família
Para que serve o sexo? E para que serve o casamento?
Acontece nas Melhores Famílias
Foto: Designed by Freepik
Todos os pais possuem um forte vínculo com seus filhos. Há dois anos e meio estou experimentando isso com o nascimento do meu herdeiro. Não estava preparado para ser pai, apesar de, na época, ter planejado ser. Aliás, ser pai parece ser uma daquelas coisas da vida que você tem que aprender na marra mesmo.
Algo que marcou minha curta carreira paterna até aqui foi vivenciar uma frase que li no Facebook de uma amiga em relação a sua filha: meu coração que bate fora do meu peito. Um apego que nunca tive e em certa medida é até meio exagerado de minha parte. Um ser tão pequeno e frágil que tomou boa parte da minha vida. Aliás, acho que minha vida já não é mais minha; é dele.
No entanto, uma dessas coisas que Deus permite para que tenhamos mais consciência de quem somos e de quem Ele é aconteceu logo aos dez dias de vida do meu filho. Ele teve alergia à proteína do leite, com o sintoma de sangue nas fezes. Dez dias, já com muito amor e apego, e um sintoma assustador. Pela ausência de febre pelo bom humor do meu filho, os médicos dos plantões diziam que não parecia ser grave. Mas também não descobríamos a causa.
Tivemos então que passar por seis longos dias internados com ele. Nada de CTI e nem coisas por demais assustadoras assim. Mas o sangue persistia em sair. Pensaram os médicos ser falta de vitamina K e aplicavam nele todos os dias uma dose e mediam por exame de sangue a dosagem. Mas este exame não tem um resultado muito preciso e sempre dava abaixo do padrão.
Eu, porém, já estava sendo consumido por temores e dúvidas. Orava, mas comecei a questionar a eficiência da oração diante da vontade de Deus. Sim, eu estava cheio de dúvidas e tendendo à desconfiança. Não de que Deus me ouvia, mas de que Ele me atenderia. Tinha dúvidas se minha oração estava em acordo com a vontade soberana de Deus, pois achava que Ele poderia querer levar o meu filho.
E se levasse? Bem, para essa pergunta eu ainda não sei a resposta. O que sei é que lentamente ia sucumbindo minha fé e minha relação com Deus estava sendo distorcida por causa disso.
Meu amigo David Júnior, pastor da igreja Pão da Vida em Belo Horizonte, me auxiliou enquanto confessava meus dilemas a ele. Juntei o seu “não é bem assim, Bruno” com o “temos que confiar no amor de Deus” de minha esposa, e pelos vinte dias após a alta do hospital - quando finalmente descobrimos que não era a vitamina K e sim a suspeita da alergia à proteína do leite, confirmada posteriormente - fui conseguindo reerguer, ou como disse C. S. Lewis, retomando a razão, retomando a fé.
Não foi fácil, não foi instantâneo. Chorei mais algumas vezes neste período, especialmente no dia do meu aniversário, quando não quis comemorar nada. Entregava e retomava meu filho de Deus.
E aos poucos Deus foi mostrando sua misericórdia. Tivemos um médico especialista nos ajudando, que receitou um leite caríssimo (duzentos reais a lata que durava cerca de três dias). Minha esposa foi pleitear subsídio do governo para esta questão de saúde. No local, na Secretaria da Saúde do Estado, perto das dezessete horas, alguém ouve a fala de minha esposa pedindo informação e intervém: ligue neste número que a pessoa irá conseguir as latas. Ela ligou e a moça do outro lado disse que tinha como doar, pois era representante de uma das marcas que tinha o tipo de leite que precisávamos. Ela nos forneceu suprimento de leite para quase todo o tratamento e ainda o levou até nós. É coisa de Deus mesmo.
E minha fé? Estava lá, lentamente sendo reestabelecida, talvez semelhante à de Tomé, precisando tocar nas feridas para crer na ressurreição, precisando de evidências para retomar a razão.
Toda minha desconfiança foi sendo apagada, toda minha dúvida do amor de Deus foi sendo eliminada por Sua misericórdia. E uma coisa ficou muito clara para mim: Seu amor é muito maior do que pensamos, pois eu não conseguiria entregar meu filho como Ele fez por nós. Mas sei também que, mais até do que nós, ele entende o que é ser Pai.
E eu? Bem, eu sou como aquele pai ao pé do monte da transfiguração sempre clamando: “Creio, ajuda-me a vencer a minha incredulidade” (Marcos 9:24).
• Bruno Arruda, membro da Lagoinha Mineirão.
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