Opinião
- 19 de abril de 2018
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ABU Editora: quando os leitores e os produtores dos livros são os estudantes
Por Priscila Vieira
O nome “ABU Editora” foi criado e escolhido por estudantes, conforme narra Bill Mc Conell, o primeiro editor e gestor da organização [1] . Também eram estudantes que traduziam, revisavam e criavam capas para os livros. Realidade que prossegue constante e marca a história da ABU Editora. É provável que essa realidade seja incomum: o mesmo público que lê, utiliza e consome os livros, comparece também em sua produção. O envolvimento dos estudantes com essa literatura faz a ABU Editora valer sua jornada, lutas e desafios, e faz cada conquista ser ainda mais valiosa e promissora.
O compromisso que compõe e sustenta a ABU Editora manifesta-se em diferentes direções. O compromisso dos estudantes com a ABU Editora; e o compromisso da ABU Editora com a missão estudantil em geral e os estudantes de cada época em particular. Como a parceira Ultimato afirmou em editorial, há dois anos, “a história da ABU Editora é a história de cristãos comprometidos com o reino de Deus”. Apenas um comprometimento maior, pautado e envolvido por amor é capaz de impulsionar pessoas que se doaram e se doam ao ministério de literatura cristã, ao ministério de cuidado com os estudantes.
Diante dos desafios, o compromisso conduziu e conduz às vitórias. Desde o início a conjuntura econômica apresentava-se desfavorável. Ali, nos meados da década de 1970, em contexto de altos índices de inflação, implantava-se uma editora – que, ainda que não tenha fins lucrativos, precisa vender. E os livros traduzidos têm direitos autorais a serem pagos em dólar, um custo refém do câmbio. Lidar com algo que precisasse de impressão, gráfica e papel também não era tarefa fácil, nem barata. E ainda exigia uma equipe administrativa e de produção. Essa última, em boa parte, acabava coberta pelo trabalho voluntário.
>>> Os livros que nos marcaram – ABU Editora <<<
Se a economia representava grandes desafios ao novo empreendimento, havia um contexto social específico que contribuía: o da universidade. A década de 1970 conheceu um grande crescimento do número de matrículas no Ensino Superior. Faculdades foram criadas e a oferta de cursos diversificada. No ano de 1975, o país chegava pela primeira vez a ter mais de um milhão de calouros. A taxa de matrícula no ensino superior aumentou em 540% no período [2] .
Vale ressaltar que, ainda assim, isso representava menos de 1% da população nacional da época. Apesar do baixo percentual, o momento era de crescimento, o que significava que novas oportunidades no ensino superior surgiam, inclusive para a juventude evangélica. Portas abriam-se para a missão estudantil, com sua demanda por reflexão e formação dos jovens envolvidos.
Assim, a ABU Editora atendia com suas publicações aos anseios de uma juventude protestante evangélica que chegava às universidades e que, em geral, sentia-se isolada e desafiada em relação a sua fé. Em um período da vida de tantas definições, novos contatos com pessoas, ideias, pensamentos, de aquisição de conhecimento, novas questões surgiam. E a maior parte do cenário evangélico da época não estava preparada para acolhê-las.
A isso somava-se a questão do deslocamento: em geral, as faculdades estavam nos grandes centros e os jovens universitários deixavam a casa materna/paterna para cursar a graduação. Isso significava, no caso dos cristãos, deixar também sua comunidade espiritual de origem. O ministério estudantil era um espaço de acolhimento de jovens cristãos, que tinham oportunidade de criar novas relações na família da fé. E também era um espaço de debate, fortalecimento e evangelização, atraindo novos estudantes para a fé comprometida com Cristo.
O compromisso perpassa, portanto, as diferentes dimensões do trabalho da ABU Editora, e também é o fundamento de seu surgimento e de sua história. Compromisso com os estudantes e com a literatura cristã de qualidade. Compromisso dos estudantes, seu carinho, atenção e cuidado com a ABU Editora e suas publicações. Compromisso que marca e persevera nos 43 anos de jornada.
• Priscila Vieira é coordenadora editorial da ABU Editora.
Notas:
Imagem ilustrativa: Photo by Clay Banks on Unsplash.
1. Confira a entrevista com Bil Mc Conell, publicada por ocasião dos 40 anos da ABU Editora.
2. Informações retiradas de dois artigos: MARTIN, Carlos Benedito. O Ensino Superior Brasileiro nos anos 90. São Paulo Perspectiva. vol.14 no.1 São Paulo Jan./Mar. 2000. SAMPAIO, Helena. Evolução do Ensino Superior brasileiro, 1808-1990. NUPES, Universidade de São Paulo.
O nome “ABU Editora” foi criado e escolhido por estudantes, conforme narra Bill Mc Conell, o primeiro editor e gestor da organização [1] . Também eram estudantes que traduziam, revisavam e criavam capas para os livros. Realidade que prossegue constante e marca a história da ABU Editora. É provável que essa realidade seja incomum: o mesmo público que lê, utiliza e consome os livros, comparece também em sua produção. O envolvimento dos estudantes com essa literatura faz a ABU Editora valer sua jornada, lutas e desafios, e faz cada conquista ser ainda mais valiosa e promissora.
O compromisso que compõe e sustenta a ABU Editora manifesta-se em diferentes direções. O compromisso dos estudantes com a ABU Editora; e o compromisso da ABU Editora com a missão estudantil em geral e os estudantes de cada época em particular. Como a parceira Ultimato afirmou em editorial, há dois anos, “a história da ABU Editora é a história de cristãos comprometidos com o reino de Deus”. Apenas um comprometimento maior, pautado e envolvido por amor é capaz de impulsionar pessoas que se doaram e se doam ao ministério de literatura cristã, ao ministério de cuidado com os estudantes.
Diante dos desafios, o compromisso conduziu e conduz às vitórias. Desde o início a conjuntura econômica apresentava-se desfavorável. Ali, nos meados da década de 1970, em contexto de altos índices de inflação, implantava-se uma editora – que, ainda que não tenha fins lucrativos, precisa vender. E os livros traduzidos têm direitos autorais a serem pagos em dólar, um custo refém do câmbio. Lidar com algo que precisasse de impressão, gráfica e papel também não era tarefa fácil, nem barata. E ainda exigia uma equipe administrativa e de produção. Essa última, em boa parte, acabava coberta pelo trabalho voluntário.
>>> Os livros que nos marcaram – ABU Editora <<<
Se a economia representava grandes desafios ao novo empreendimento, havia um contexto social específico que contribuía: o da universidade. A década de 1970 conheceu um grande crescimento do número de matrículas no Ensino Superior. Faculdades foram criadas e a oferta de cursos diversificada. No ano de 1975, o país chegava pela primeira vez a ter mais de um milhão de calouros. A taxa de matrícula no ensino superior aumentou em 540% no período [2] .
Vale ressaltar que, ainda assim, isso representava menos de 1% da população nacional da época. Apesar do baixo percentual, o momento era de crescimento, o que significava que novas oportunidades no ensino superior surgiam, inclusive para a juventude evangélica. Portas abriam-se para a missão estudantil, com sua demanda por reflexão e formação dos jovens envolvidos.
Assim, a ABU Editora atendia com suas publicações aos anseios de uma juventude protestante evangélica que chegava às universidades e que, em geral, sentia-se isolada e desafiada em relação a sua fé. Em um período da vida de tantas definições, novos contatos com pessoas, ideias, pensamentos, de aquisição de conhecimento, novas questões surgiam. E a maior parte do cenário evangélico da época não estava preparada para acolhê-las.
A isso somava-se a questão do deslocamento: em geral, as faculdades estavam nos grandes centros e os jovens universitários deixavam a casa materna/paterna para cursar a graduação. Isso significava, no caso dos cristãos, deixar também sua comunidade espiritual de origem. O ministério estudantil era um espaço de acolhimento de jovens cristãos, que tinham oportunidade de criar novas relações na família da fé. E também era um espaço de debate, fortalecimento e evangelização, atraindo novos estudantes para a fé comprometida com Cristo.
O compromisso perpassa, portanto, as diferentes dimensões do trabalho da ABU Editora, e também é o fundamento de seu surgimento e de sua história. Compromisso com os estudantes e com a literatura cristã de qualidade. Compromisso dos estudantes, seu carinho, atenção e cuidado com a ABU Editora e suas publicações. Compromisso que marca e persevera nos 43 anos de jornada.
• Priscila Vieira é coordenadora editorial da ABU Editora.
Notas:
Imagem ilustrativa: Photo by Clay Banks on Unsplash.
1. Confira a entrevista com Bil Mc Conell, publicada por ocasião dos 40 anos da ABU Editora.
2. Informações retiradas de dois artigos: MARTIN, Carlos Benedito. O Ensino Superior Brasileiro nos anos 90. São Paulo Perspectiva. vol.14 no.1 São Paulo Jan./Mar. 2000. SAMPAIO, Helena. Evolução do Ensino Superior brasileiro, 1808-1990. NUPES, Universidade de São Paulo.
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