Opinião
- 08 de novembro de 2024
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A urgência da reconciliação: Reflexões a partir do 4º Congresso de Lausanne, um ano após o 7 de outubro
A reconciliação exige desculpas e reparações sinceras que reconheçam a dor e o erro, restaurem a dignidade e aumentem a conscientização pública
Por Rula Khoury Mansour
Ao refletir sobre o aniversário de um ano da guerra entre Israel e Gaza, não posso deixar de me perguntar: “O que ganhamos? Para onde vamos daqui para frente?” Essas perguntas pesam muito em meu coração, moldando a urgência da tarefa do Nazareth Center for Peace Studies, onde trabalhamos para capacitar indivíduos e comunidades como construtores da paz.
Foi com um profundo senso de reflexão e com o coração pesado que viajei para Seul, Coreia do Sul, carregando essas questões. Foi nesse contexto que falei no 4º Congresso de Lausanne, onde mais de 5.200 líderes de 202 países se reuniram. .Compartilhei nossa história – uma história de esperança e um profundo desejo de paz – em meio ao sofrimento e à divisão contínuos na Terra Santa.
O tema de minha palestra durante o painel plenário da noite foi “Reconciliação – A responsabilidade da Igreja em áreas de ruptura”. Junto com outros três palestrantes da Ucrânia, Burundi e Congo, fomos convidados a compartilhar nossas jornadas de construção da paz. Diante dessa reunião global, senti o peso de representar não apenas a minha história, mas também a de pessoas que moram na Terra Santa e no Oriente Médio – em Gaza, na Cisjordânia, em Israel e no Líbano – que enfrentam conflitos desde que me lembro. Com o início da guerra mais recente, em 7 de outubro de 2023, a sensação de devastação parece mais próxima do que nunca.
Durante minha palestra, compartilhei minha jornada de construção da paz, que começou como estudante de direito e, depois, como promotora pública, acreditando que a justiça poderia ser alcançada por meios legais. No entanto, Deus tinha planos diferentes para mim. Logo compreendi que, embora as leis sejam importantes, elas não podem curar corações. A verdadeira reconciliação vai além das estruturas legais. Trata-se de reparar relacionamentos e restaurar a dignidade humana. Essa percepção me inspirou a continuar meus estudos, explorando como os ensinamentos de Cristo sobre a verdade, o perdão e a justiça poderiam oferecer cura para nossa terra fraturada.
Os quatro pilares da reconciliação
Em minha palestra, enfatizei os elementos centrais da reconciliação que orientam nosso trabalho no Nazareth Center for Peace Studies: verdade compartilhada, perdão, justiça e um futuro compartilhado. Esses princípios são essenciais para a cura genuína e a paz sustentável. Eles representam a estratégia do Reino para vencer o mal com o bem, em que nos dedicamos a transformar corações e mentes – promovendo a honestidade em vez da falsidade, o perdão e a justiça em vez da vingança, o amor em vez do ódio e a inclusão em vez da exclusão.
Quando em conflito, todos pensam que têm a posse exclusiva da verdade e, dessa forma, acabamos presos em um ciclo de culpa e vingança. A verdade compartilhada exige uma mudança de “posse da verdade” para “busca da verdade”, o que requer a humildade de reconhecer que podemos não ter o quadro completo e até mesmo estar mal informados. Também exige a disposição de ouvir as perspectivas dos outros, mesmo quando elas desafiam nossas convicções ou nosso senso de identidade.
A cura começa com a honestidade. As comissões de verdade demonstram que a cura começa com a verdade – reconhecendo tanto os erros cometidos quanto a dor sofrida. Esse processo requer o enfrentamento de histórias dolorosas e a superação de narrativas que alimentam a vitimização e a raiva, em direção a uma narrativa compartilhada ou, no mínimo, a histórias diversas mutuamente reconhecidas.
O perdão é geralmente a parte mais difícil. Pedir perdão às pessoas após assassinatos em massa pode parecer ofensivo, pois a frase “Nunca esqueça, nunca perdoe” pode parecer a única maneira de honrar a dor delas. Entretanto, manter essa mentalidade só aprofunda as feridas. Perdoar não significa fingir que o passado não aconteceu nem abrir mão da justiça. Em vez disso, o perdão eleva a justiça, criando espaço para dizer a verdade e curar. É a ponte entre a inimizade e a reconciliação, onde começamos a reconhecer o “inimigo” como humano novamente.
Em nosso contexto, onde o ódio e o trauma são profundos, o perdão não é um sinal de fraqueza, mas uma escolha radical e transformadora. Ele rompe o ciclo de violência e faz parte da estratégia do Reino de vencer o mal com o bem.
A justiça, no contexto da reconciliação, promove a cura ao restaurar a dignidade e os direitos, responsabilizar os infratores e reparar o que está quebrado. A verdadeira reconciliação exige o enfrentamento de injustiças sistêmicas, a abordagem das causas fundamentais do conflito e a garantia de uma resolução justa para todas as partes. Sem justiça, a paz é vazia; e sem perdão, a justiça se torna mais uma arma na luta. Nas nações em que a justiça restaurativa facilitou a cura em nível nacional, ela atinge três objetivos principais: documentar as atrocidades, reconhecer o sofrimento das vítimas e responsabilizar os perpetradores enquanto busca a reconciliação.
O verdadeiro desafio está em vislumbrar um futuro compartilhado. Atualmente, a exclusão e a separação dominam a vida na Terra Santa, com grupos radicais de ambos os lados se vendo como puros sem o outro. No entanto, o amor de Deus abraça a todos nós, e a verdadeira reconciliação nos chama a fazer o mesmo. Depois de abordar as causas fundamentais do conflito e trabalhar em busca de uma solução justa, a cura vem para reconciliar o sofrimento do passado com as realidades atuais, por meio de ações pessoais, comunitárias e políticas contínuas.
A reconciliação prevê um futuro compartilhado em que a coexistência pacífica se torna possível e as feridas do passado não definem mais os relacionamentos. Ela exige desculpas e reparações sinceras – simbólicas e materiais – que reconheçam a dor e o erro, restaurem a dignidade e aumentem a conscientização pública. Essas são etapas essenciais para uma cura genuína e uma mudança social significativa.
O papel da Igreja e o caminho a seguir
Essa visão de reconciliação pode parecer uma aspiração, especialmente à medida que a guerra se intensifica e as vozes de ódio e extremismo aumentam em ambos os lados – até mesmo, infelizmente, dentro de alguns círculos cristãos. No entanto, esse conflito não se trata apenas de terras ou reivindicações antigas; trata-se de pessoas reais – palestinos e israelenses – presas em suas complexidades, sofrendo suas tragédias e ansiando por dignidade, segurança e um lugar para chamar de lar. Em um contexto de dor e violência tão profundamente enraizado, a reconciliação histórica não é um luxo; é uma necessidade absoluta. Sem ela, o ciclo de violência só continuará.
No cristianismo, a reconciliação é um mandato divino. Somos chamados a participar da missão de Deus de restaurar e curar, entrando onde há coisas quebradas, confrontando a injustiça e levando esperança aos lugares mais sombrios. O papel da Igreja não é tomar partido, mas servir como uma ponte, aproximando os dois lados um do outro e de Deus. Ao viver essa missão, incorporamos o amor reconciliador de Deus em ação, refletindo o Reino de Deus, onde as feridas são curadas, os inimigos são amados e a esperança perdura.
O contato com líderes que compartilham essa visão de paz foi profundamente comovente. A Igreja, espalhada por todos os continentes, é chamada a ser uma força de cura em nosso mundo. Como família de Deus, devemos carregar os fardos uns dos outros – essa não é apenas a responsabilidade da Igreja na Terra Santa; é um chamado global. Em meu discurso de encerramento do Congresso, exortei nossa família global a permanecer ao lado da Igreja no Oriente Médio e apoiar os que sofrem em Gaza, na Cisjordânia, em Israel e no Líbano. Juntos, devemos nos manifestar, buscar a verdade compartilhada, promover o perdão e defender o fim da guerra e uma solução justa para o conflito em andamento.
Esperança em meio à tempestade
Retornar de Seul para uma terra devastada pela guerra tem sido extremamente desafiador, para dizer o mínimo. As cenas de destruição, a perda de vidas, os gritos dos feridos e dos desabrigados e o medo generalizado no ar – são fardos pesados e desoladores para carregar. No entanto, nesses momentos, lembro-me da necessidade urgente de reconciliação. É fácil perder a esperança quando se está cercado pela dor, mas somos chamados a ser portadores de esperança para aqueles que sofrem, mesmo quando isso parece impossível. Somos chamados a ficar na brecha, falar a verdade mesmo quando ela desafia nossas convicções mais profundas, estender o perdão onde ele parece imerecido e buscar a justiça que restaura a dignidade e cura os relacionamentos. Esse é o trabalho de reconciliação; não é um caminho fácil, mas é o caminho que somos chamados a trilhar.
O que nos mantém comprometidos com o trabalho de reconciliação, mesmo quando o conflito se alastra ao nosso redor, é a profunda compreensão de que esse chamado está entrelaçado no próprio tecido de quem somos – não é apenas algo que fazemos, mas uma parte integral de nossa identidade. Há uma alegria profunda e permanente em caminhar pelos vales com Deus, testemunhando Seu poder redentor em ação pelas mãos daqueles que permanecem fiéis. Nessa jornada, percebemos que o sofrimento não é apenas uma dificuldade a ser suportada – ele faz parte da missão, moldando tanto a nós quanto àqueles a quem servimos. E, em meio à escuridão, apegue-se e comemore as pequenas vitórias, sabendo que até mesmo pequenas luzes podem romper a escuridão.
Artigo publicado originalmente no site Nazareth Center for Peace Studies. Reproduzido com permissão da autora.
REVISTA ULTIMATO – BÍBLIA: REVELAÇÃO E LITERATURA
Ultimato mostra, entre outras coisas, a riqueza das Escrituras quando lidas como literatura, sem diminuir o seu caráter sagrado — a sua inspiração divina.
E reafirmamos o que publicamos em outra edição recente: A Bíblia Ainda Fala — “As Escrituras contêm a narrativa que dá sentido, esclarece e comunica a soberania e sabedoria de Deus. A lealdade ao que está exposto no Livro deve ser a marca dos cristãos”.
É disso que trata a matéria de capa da edição 410 da revista Ultimato. Para assinar, clique aqui.
Saiba mais:
» Box John Stott - O Cristão Contemporâneo (A Bíblia, O Discípulo, O Evangelho, A Igreja, O Mundo), John Stott e Tim Chester
» O Compromisso da Cidade do Cabo – Uma declaração de fé e uma chamado para agir, Movimento Lausanne
» Cristo, Nosso Reconciliador – Evangelho, Igreja, Mundo, Terceiro Congresso Lausanne
» Diálogos de Esperança: nova temporada conversa sobre a Igreja e Lausanne 4, Notícia
Por Rula Khoury Mansour
Ao refletir sobre o aniversário de um ano da guerra entre Israel e Gaza, não posso deixar de me perguntar: “O que ganhamos? Para onde vamos daqui para frente?” Essas perguntas pesam muito em meu coração, moldando a urgência da tarefa do Nazareth Center for Peace Studies, onde trabalhamos para capacitar indivíduos e comunidades como construtores da paz.
Foi com um profundo senso de reflexão e com o coração pesado que viajei para Seul, Coreia do Sul, carregando essas questões. Foi nesse contexto que falei no 4º Congresso de Lausanne, onde mais de 5.200 líderes de 202 países se reuniram. .Compartilhei nossa história – uma história de esperança e um profundo desejo de paz – em meio ao sofrimento e à divisão contínuos na Terra Santa.
O tema de minha palestra durante o painel plenário da noite foi “Reconciliação – A responsabilidade da Igreja em áreas de ruptura”. Junto com outros três palestrantes da Ucrânia, Burundi e Congo, fomos convidados a compartilhar nossas jornadas de construção da paz. Diante dessa reunião global, senti o peso de representar não apenas a minha história, mas também a de pessoas que moram na Terra Santa e no Oriente Médio – em Gaza, na Cisjordânia, em Israel e no Líbano – que enfrentam conflitos desde que me lembro. Com o início da guerra mais recente, em 7 de outubro de 2023, a sensação de devastação parece mais próxima do que nunca.
Durante minha palestra, compartilhei minha jornada de construção da paz, que começou como estudante de direito e, depois, como promotora pública, acreditando que a justiça poderia ser alcançada por meios legais. No entanto, Deus tinha planos diferentes para mim. Logo compreendi que, embora as leis sejam importantes, elas não podem curar corações. A verdadeira reconciliação vai além das estruturas legais. Trata-se de reparar relacionamentos e restaurar a dignidade humana. Essa percepção me inspirou a continuar meus estudos, explorando como os ensinamentos de Cristo sobre a verdade, o perdão e a justiça poderiam oferecer cura para nossa terra fraturada.
Os quatro pilares da reconciliação
Em minha palestra, enfatizei os elementos centrais da reconciliação que orientam nosso trabalho no Nazareth Center for Peace Studies: verdade compartilhada, perdão, justiça e um futuro compartilhado. Esses princípios são essenciais para a cura genuína e a paz sustentável. Eles representam a estratégia do Reino para vencer o mal com o bem, em que nos dedicamos a transformar corações e mentes – promovendo a honestidade em vez da falsidade, o perdão e a justiça em vez da vingança, o amor em vez do ódio e a inclusão em vez da exclusão.
Quando em conflito, todos pensam que têm a posse exclusiva da verdade e, dessa forma, acabamos presos em um ciclo de culpa e vingança. A verdade compartilhada exige uma mudança de “posse da verdade” para “busca da verdade”, o que requer a humildade de reconhecer que podemos não ter o quadro completo e até mesmo estar mal informados. Também exige a disposição de ouvir as perspectivas dos outros, mesmo quando elas desafiam nossas convicções ou nosso senso de identidade.
A cura começa com a honestidade. As comissões de verdade demonstram que a cura começa com a verdade – reconhecendo tanto os erros cometidos quanto a dor sofrida. Esse processo requer o enfrentamento de histórias dolorosas e a superação de narrativas que alimentam a vitimização e a raiva, em direção a uma narrativa compartilhada ou, no mínimo, a histórias diversas mutuamente reconhecidas.
O perdão é geralmente a parte mais difícil. Pedir perdão às pessoas após assassinatos em massa pode parecer ofensivo, pois a frase “Nunca esqueça, nunca perdoe” pode parecer a única maneira de honrar a dor delas. Entretanto, manter essa mentalidade só aprofunda as feridas. Perdoar não significa fingir que o passado não aconteceu nem abrir mão da justiça. Em vez disso, o perdão eleva a justiça, criando espaço para dizer a verdade e curar. É a ponte entre a inimizade e a reconciliação, onde começamos a reconhecer o “inimigo” como humano novamente.
Em nosso contexto, onde o ódio e o trauma são profundos, o perdão não é um sinal de fraqueza, mas uma escolha radical e transformadora. Ele rompe o ciclo de violência e faz parte da estratégia do Reino de vencer o mal com o bem.
A justiça, no contexto da reconciliação, promove a cura ao restaurar a dignidade e os direitos, responsabilizar os infratores e reparar o que está quebrado. A verdadeira reconciliação exige o enfrentamento de injustiças sistêmicas, a abordagem das causas fundamentais do conflito e a garantia de uma resolução justa para todas as partes. Sem justiça, a paz é vazia; e sem perdão, a justiça se torna mais uma arma na luta. Nas nações em que a justiça restaurativa facilitou a cura em nível nacional, ela atinge três objetivos principais: documentar as atrocidades, reconhecer o sofrimento das vítimas e responsabilizar os perpetradores enquanto busca a reconciliação.
O verdadeiro desafio está em vislumbrar um futuro compartilhado. Atualmente, a exclusão e a separação dominam a vida na Terra Santa, com grupos radicais de ambos os lados se vendo como puros sem o outro. No entanto, o amor de Deus abraça a todos nós, e a verdadeira reconciliação nos chama a fazer o mesmo. Depois de abordar as causas fundamentais do conflito e trabalhar em busca de uma solução justa, a cura vem para reconciliar o sofrimento do passado com as realidades atuais, por meio de ações pessoais, comunitárias e políticas contínuas.
A reconciliação prevê um futuro compartilhado em que a coexistência pacífica se torna possível e as feridas do passado não definem mais os relacionamentos. Ela exige desculpas e reparações sinceras – simbólicas e materiais – que reconheçam a dor e o erro, restaurem a dignidade e aumentem a conscientização pública. Essas são etapas essenciais para uma cura genuína e uma mudança social significativa.
O papel da Igreja e o caminho a seguir
Essa visão de reconciliação pode parecer uma aspiração, especialmente à medida que a guerra se intensifica e as vozes de ódio e extremismo aumentam em ambos os lados – até mesmo, infelizmente, dentro de alguns círculos cristãos. No entanto, esse conflito não se trata apenas de terras ou reivindicações antigas; trata-se de pessoas reais – palestinos e israelenses – presas em suas complexidades, sofrendo suas tragédias e ansiando por dignidade, segurança e um lugar para chamar de lar. Em um contexto de dor e violência tão profundamente enraizado, a reconciliação histórica não é um luxo; é uma necessidade absoluta. Sem ela, o ciclo de violência só continuará.
No cristianismo, a reconciliação é um mandato divino. Somos chamados a participar da missão de Deus de restaurar e curar, entrando onde há coisas quebradas, confrontando a injustiça e levando esperança aos lugares mais sombrios. O papel da Igreja não é tomar partido, mas servir como uma ponte, aproximando os dois lados um do outro e de Deus. Ao viver essa missão, incorporamos o amor reconciliador de Deus em ação, refletindo o Reino de Deus, onde as feridas são curadas, os inimigos são amados e a esperança perdura.
O contato com líderes que compartilham essa visão de paz foi profundamente comovente. A Igreja, espalhada por todos os continentes, é chamada a ser uma força de cura em nosso mundo. Como família de Deus, devemos carregar os fardos uns dos outros – essa não é apenas a responsabilidade da Igreja na Terra Santa; é um chamado global. Em meu discurso de encerramento do Congresso, exortei nossa família global a permanecer ao lado da Igreja no Oriente Médio e apoiar os que sofrem em Gaza, na Cisjordânia, em Israel e no Líbano. Juntos, devemos nos manifestar, buscar a verdade compartilhada, promover o perdão e defender o fim da guerra e uma solução justa para o conflito em andamento.
Esperança em meio à tempestade
Retornar de Seul para uma terra devastada pela guerra tem sido extremamente desafiador, para dizer o mínimo. As cenas de destruição, a perda de vidas, os gritos dos feridos e dos desabrigados e o medo generalizado no ar – são fardos pesados e desoladores para carregar. No entanto, nesses momentos, lembro-me da necessidade urgente de reconciliação. É fácil perder a esperança quando se está cercado pela dor, mas somos chamados a ser portadores de esperança para aqueles que sofrem, mesmo quando isso parece impossível. Somos chamados a ficar na brecha, falar a verdade mesmo quando ela desafia nossas convicções mais profundas, estender o perdão onde ele parece imerecido e buscar a justiça que restaura a dignidade e cura os relacionamentos. Esse é o trabalho de reconciliação; não é um caminho fácil, mas é o caminho que somos chamados a trilhar.
O que nos mantém comprometidos com o trabalho de reconciliação, mesmo quando o conflito se alastra ao nosso redor, é a profunda compreensão de que esse chamado está entrelaçado no próprio tecido de quem somos – não é apenas algo que fazemos, mas uma parte integral de nossa identidade. Há uma alegria profunda e permanente em caminhar pelos vales com Deus, testemunhando Seu poder redentor em ação pelas mãos daqueles que permanecem fiéis. Nessa jornada, percebemos que o sofrimento não é apenas uma dificuldade a ser suportada – ele faz parte da missão, moldando tanto a nós quanto àqueles a quem servimos. E, em meio à escuridão, apegue-se e comemore as pequenas vitórias, sabendo que até mesmo pequenas luzes podem romper a escuridão.
- Rula Khoury Mansour é advogada e teóloga cristã palestino-israelense, fundadora e diretora do Nazareth Center for Peace Studies. Professora associada de teologia da reconciliação e ética cristã no Nazareth Evangelical College. Autora de um livro e de artigos para vários periódicos e volumes. Como advogada, ela trabalhou por mais de uma década como promotora pública e atuou como vice-chefe do escritório de promotoria em Nazaré. Rula possui um PhD em estudos da paz e teologia pelo Oxford Centre for Mission Studies, Reino Unido, um mestrado em resolução de conflitos pela Universidade de Tel-Aviv e um diploma de direito pela Universidade Hebraica de Jerusalém.
Artigo publicado originalmente no site Nazareth Center for Peace Studies. Reproduzido com permissão da autora.
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Ultimato mostra, entre outras coisas, a riqueza das Escrituras quando lidas como literatura, sem diminuir o seu caráter sagrado — a sua inspiração divina.
E reafirmamos o que publicamos em outra edição recente: A Bíblia Ainda Fala — “As Escrituras contêm a narrativa que dá sentido, esclarece e comunica a soberania e sabedoria de Deus. A lealdade ao que está exposto no Livro deve ser a marca dos cristãos”.
É disso que trata a matéria de capa da edição 410 da revista Ultimato. Para assinar, clique aqui.
Saiba mais:
» Box John Stott - O Cristão Contemporâneo (A Bíblia, O Discípulo, O Evangelho, A Igreja, O Mundo), John Stott e Tim Chester
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