Prateleira
- 22 de fevereiro de 2012
- Visualizações: 13212
- comente!
- +A
- -A
- compartilhar
A porno-Corinto
Situada no istmo de mesmo nome, no sul da Grécia, Corinto era, no início do primeiro século, a cidade mais antiga, mais importante, mais rica, mais comercialmente próspera, mais populosa (250 mil habitantes) e mais obcecada por sexo da Europa Oriental. Ali se realizavam os Jogos Ístmicos, quase tão importantes quanto os Jogos Olímpicos, que eram mais antigos e surgiram em Olímpia, mais a oeste. Por ser uma cidade portuária (um porto no mar Egeu e outro no mar Mediterrâneo) e o elo entre Roma e o Oriente, Corinto abrigava uma grande mistura de raças, línguas e culturas (gregos, latinos, sírios, asiáticos, egípcios e judeus), de classes sociais (escravos e libertos, burgueses e pobres) e de profissões (investidores, mercadores, ambulantes, marinheiros, filósofos, ex-soldados, atletas e “promotores de todas as formas de vícios”).
Considerada a capital da licenciosidade, Corinto era notável por sua independência moral. À semelhança dos hebreus na época dos juízes, cada um fazia o que bem desejava (Jz 21.25). Não havia a quem prestar contas nem leis para obedecer, senão a lei dos desejos. Os impulsos sexuais eram um fenômeno biológico como a fome e, portanto, deveriam ser satisfeitos.
Em Corinto havia muitos templos. No templo dedicado a Afrodite, a deusa do amor (a mesma Vênus dos romanos), havia mil prostitutos e prostitutas, que ofereciam seus serviços ao pôr-do-sol. No templo dedicado a Apolo, o deus que representava o ideal de beleza masculina, havia “estátuas de Apolo nu, em diversas posturas, que exibiam sua virilidade, inflamavam seus adoradores masculinos a prestarem devoção por meio de demonstrações físicas com os belos rapazes a serviço da divindade” (David Prior, “A Mensagem de 1 Coríntios”). O problema das tais “imoralidades sexuais” (1Co 7.2) entre os coríntios era tal que um dos verbos gregos que significava “fornicar” era “corintizar”, ou seja, viver uma vida coríntia.
Esse descaso com a moral sexual vinha de longe. Demóstenes, o famoso orador grego (384-322 a.C.), escreveu: “Temos amantes para nos regozijarmos com elas, depois escravas compradas para cuidar de nossos corpos e, finalmente, esposas, que devem conceder-nos filhos legítimos e estão encarregadas de supervisionar todos os nossos misteres domiciliares”. Trezentos anos antes, na mesma época dos profetas Daniel e Habacuque (600 a.C.), Safo, a não menos famosa poetisa grega, teria levado várias jovens sob sua influência à prática do lesbianismo. Por essa razão, e por viver em Metilene, capital da ilha grega de Lesbos, próxima ao litoral da Turquia, chama-se lésbica (lésbia ou lesbiana) a mulher homossexual. “Tanto no mundo grego como no mundo romano, a parceria homossexual entre um homem mais velho e um jovem era considerada parte da educação do rapaz”, lembra Amy Orr-Ewing no livro Por Que Confiar na Bíblia?.
Foi em sua segunda grande viagem missionária que Paulo começou a evangelizar a cidade de Corinto (51 d.C.). Muitos convertidos renunciaram sua vida pregressa e tornaram-se novas criaturas em Cristo (2Co 5.17). Entre eles havia imorais, adúlteros e homossexuais passivos e ativos, como vemos na Primeira Epístola de Paulo aos Coríntios (6.9-11), escrita no ano 55. Para se referir aos homossexuais ativos, o apóstolo usa a palavra grega “arsenokoitai”, aquele que toma a iniciativa, traduzida também por sodomita (por causa do que aconteceu em Sodoma, Gn 19). Para se referir aos homossexuais passivos, usa a palavra grega “malakoi”, aquele que se permite usar, traduzida também por efeminado. Para Calvino (1509-1564), os “malakoi” são “aqueles que, enquanto não podem tornar-se prostitutos publicamente, revelam quão impudicos são no emprego da linguagem ignóbil, no maneirismo e vestuário femininos, bem como em outros meios de atrair a atenção”.
Esse trecho da Carta de Paulo aos Coríntios é a melhor passagem das Escrituras para mostrar a possibilidade de mudança de comportamento mediante uma experiência autêntica de conversão, não importando o estilo de vida anterior.
Corinto foi três vezes destruída: em 146 antes de Cristo pelos exércitos romanos, em 501 por um terremoto, e em 1858 por outro terremoto, bem mais devastador que o primeiro. Hoje, Corinto não passa de uma aldeia.
Nota
Leia mais
- 22 de fevereiro de 2012
- Visualizações: 13212
- comente!
- +A
- -A
- compartilhar
QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU ATÉ AQUI.
Ultimato quer falar com você.
A cada dia, mais de dez mil usuários navegam pelo Portal Ultimato. Leem e compartilham gratuitamente dezenas de blogs e hotsites, além do acervo digital da revista Ultimato, centenas de estudos bíblicos, devocionais diárias de autores como John Stott, Eugene Peterson, C. S. Lewis, entre outros, além de artigos, notícias e serviços que são atualizados diariamente nas diferentes plataformas e redes sociais.
PARA CONTINUAR, precisamos do seu apoio. Compartilhe conosco um cafezinho.
Leia mais em Prateleira
Opinião do leitor
Para comentar é necessário estar logado no site. Clique aqui para fazer o login ou o seu cadastro.
Ainda não há comentários sobre este texto. Seja o primeiro a comentar!
Escreva um artigo em resposta
Para escrever uma resposta é necessário estar cadastrado no site. Clique aqui para fazer o login ou seu cadastro.
Ainda não há artigos publicados na seção "Palavra do leitor" em resposta a este texto.
Assuntos em Últimas
- 500AnosReforma
- Aconteceu Comigo
- Aconteceu há...
- Agenda50anos
- Arte e Cultura
- Biografia e História
- Casamento e Família
- Ciência
- Devocionário
- Espiritualidade
- Estudo Bíblico
- Evangelização e Missões
- Ética e Comportamento
- Igreja e Liderança
- Igreja em ação
- Institucional
- Juventude
- Legado e Louvor
- Meio Ambiente
- Política e Sociedade
- Reportagem
- Resenha
- Série Ciência e Fé Cristã
- Teologia e Doutrina
- Testemunho
- Vida Cristã
Revista Ultimato
+ lidos
- Descobrindo o potencial da diáspora: um chamado à igreja brasileira
- Trabalho sob a perspectiva do reino de Deus
- Jesus [não] tem mais graça
- Onde estão as crianças?
- Não confunda o Natal com Papai Noel — Para celebrar o verdadeiro Natal
- Uma cidade sitiada - Uma abordagem literária do Salmo 31
- C. S. Lewis, 126 anos
- Ultimato recebe prêmio Areté 2024
- Exalte o Altíssimo!
- Paciência e determinação: virtudes essenciais para enfrentar a realidade da vida