Opinião
- 13 de março de 2009
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A "perspectiva de Deus" para a crise
É muito triste ouvir que nossa passagem pela Terra é breve e ponto final. O legado nos dá algumas esperanças. Aliás, para quem vamos deixar o nosso legado? Pensar em legado em meio às turbulências não é tão simples. Mas é necessário e pode nos ajudar a recalibrar as prioridades em nossas vidas.
Uma frase popular diz que todo homem deve plantar uma árvore e escrever um livro. Parece uma manifestação do desejo de dizer para as próximas gerações que alguém passou por aqui.
É um paradoxo: ao envelhecer somos rejuvenescidos pelo desejo de deixar parte de nós para alguém. E não se trata, apenas, de deixar bens e propriedades.
Ainda que utilizando um raciocínio linear, e reconhecendo uma certa dose de invidividualismo nisso, perguntei a mim mesmo: Se não serei lembrado pela maioria das pessoas, será que existe alguém que eu possa deixar algo de bom? Será que existe alguém que, genuinamente, teria prazer em ouvir o que eu tenho a dizer e prazer em aprender o pouco que tenho a ensinar?
Algo está errado em nosso modelo de vida, pelo menos, no meu modelo de vida. A fase em que estou dedicando mais tempo ao trabalho é justamente a fase em que meus dois filhos, talvez, mais precisem e queiram ficar perto de mim. Dói o coração sair para trabalhar no dia em que eles acordaram de bom humor e dispostos a brincar comigo. Penso frequentemente que deveria ser o contrário: trabalhar menos horas enquanto eles são pequenos e mais horas depois que eles crescerem e não quiserem mais o pai por perto o tempo todo. Tenho que encontrar um modelo de vida que equilibre um pouco mais essa equação.
Dentro de nós existe o desejo do legado. E isso vem de Deus.
Tenho um amigo que é capelão em hospitais, leva algum conforto espiritual e psicológico para pessoas em estágio terminal, gente que está com data de validade marcada (todos nós temos uma data de validade marcada, a diferença é que estes sabem mais ou menos qual é esta data). Ele disse que um desejo, ou arrependimento, comum nestas pessoas é o de voltar no tempo para dedicarem-se mais às pessoas que amam, dizer mais vezes o quanto amam suas esposas e maridos, brincar com os filhos que cresceram tão rápido e de repente deixaram seus quartos vazios para construírem suas vidas com outras pessoas, visitar os amigos mais chegados.
Acrescenta: “Não pedem mais tempo para investir na bolsa de valores ou fazerem mais bons negócios. Eles gostariam de passar mais tempo com as pessoas que amam”.
Deve ser muito triste descobrir algum sentido para esta vida quando se está à beira da morte.
Um alto executivo de uma multinacional contou para mim que teve um chefe, indiano, que dedicava todos os sete dias da semana ao trabalho. Em certo momento ele mandou sua esposa e seus filhos de volta para a Índia porque eles estavam atrapalhando seu desempenho profissional. Fico a pensar sobre qual seria o entendimento de legado para este indiano. Não só pelo fato de ter esposa e filhos, mas outras coisas que poderiam ser realizadas em sua vida. E mais, será que ele acredita que será lembrado na empresa durante as próximas décadas?
Uma frase popular diz que todo homem deve plantar uma árvore e escrever um livro. Parece uma manifestação do desejo de dizer para as próximas gerações que alguém passou por aqui.
É um paradoxo: ao envelhecer somos rejuvenescidos pelo desejo de deixar parte de nós para alguém. E não se trata, apenas, de deixar bens e propriedades.
Ainda que utilizando um raciocínio linear, e reconhecendo uma certa dose de invidividualismo nisso, perguntei a mim mesmo: Se não serei lembrado pela maioria das pessoas, será que existe alguém que eu possa deixar algo de bom? Será que existe alguém que, genuinamente, teria prazer em ouvir o que eu tenho a dizer e prazer em aprender o pouco que tenho a ensinar?
Algo está errado em nosso modelo de vida, pelo menos, no meu modelo de vida. A fase em que estou dedicando mais tempo ao trabalho é justamente a fase em que meus dois filhos, talvez, mais precisem e queiram ficar perto de mim. Dói o coração sair para trabalhar no dia em que eles acordaram de bom humor e dispostos a brincar comigo. Penso frequentemente que deveria ser o contrário: trabalhar menos horas enquanto eles são pequenos e mais horas depois que eles crescerem e não quiserem mais o pai por perto o tempo todo. Tenho que encontrar um modelo de vida que equilibre um pouco mais essa equação.
Dentro de nós existe o desejo do legado. E isso vem de Deus.
Tenho um amigo que é capelão em hospitais, leva algum conforto espiritual e psicológico para pessoas em estágio terminal, gente que está com data de validade marcada (todos nós temos uma data de validade marcada, a diferença é que estes sabem mais ou menos qual é esta data). Ele disse que um desejo, ou arrependimento, comum nestas pessoas é o de voltar no tempo para dedicarem-se mais às pessoas que amam, dizer mais vezes o quanto amam suas esposas e maridos, brincar com os filhos que cresceram tão rápido e de repente deixaram seus quartos vazios para construírem suas vidas com outras pessoas, visitar os amigos mais chegados.
Acrescenta: “Não pedem mais tempo para investir na bolsa de valores ou fazerem mais bons negócios. Eles gostariam de passar mais tempo com as pessoas que amam”.
Deve ser muito triste descobrir algum sentido para esta vida quando se está à beira da morte.
Um alto executivo de uma multinacional contou para mim que teve um chefe, indiano, que dedicava todos os sete dias da semana ao trabalho. Em certo momento ele mandou sua esposa e seus filhos de volta para a Índia porque eles estavam atrapalhando seu desempenho profissional. Fico a pensar sobre qual seria o entendimento de legado para este indiano. Não só pelo fato de ter esposa e filhos, mas outras coisas que poderiam ser realizadas em sua vida. E mais, será que ele acredita que será lembrado na empresa durante as próximas décadas?
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