Opinião
- 20 de junho de 2014
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A oração que falta
Notícias recentes têm nos chegado a respeito de cristãos sendo perseguidos, aprisionados, torturados e mortos, especialmente no mundo muçulmano (saiba mais no site da Missão Portas Abertas). Mas qual será a nossa reação a isso? Como Cristo nos ensinou que deveríamos reagir ao mundo que persegue cristãos?
Entre os evangelistas, João se destaca por enfatizar os últimos anos da vida e do ministério de Jesus sobre a face da Terra. Mas desde o começo, há uma ênfase sobre o ministério de Cristo, quando Ele é inscrito na ordem da criação como sendo o Verbo de Deus, nas famosas palavras de abertura quase poéticas sobre “o princípio” que era o “Verbo”. Logo em seguida, o evangelista João apela para o testemunho de outro João, o batista, para atestar a razão de ser de Jesus de Nazaré.
Esse evangelho também traz a promessa do Consolador e daquele que trará a paz verdadeira:
“Isto vos tenho dito, estando ainda convosco; mas o Consolador, o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito. Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como a dá o mundo. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize.” (João 14.25-27)
Ou seja, Jesus sabia muito bem a que veio a esse mundo e não abandonará seus seguidores, por pior que possa ser o cenário externo geral. E nisso ele concorda com o outro livro atribuído a João, o Apocalipse, que tem gerado tantas controvérsias ao longo da história e da teologia.
A metáfora da videira verdadeira, que segue no capítulo 15, a missão do consolador e as palavras de despedida de Cristo são inigualáveis em seu poder consolador. Mas nada há de mais comovente do que a oração sacerdotal de Jesus, que é um dos trechos mais lindos de toda a Bíblia, em que Cristo compara a sua missão nessa Terra diretamente com a nossa. Ao invés de pedir ao Pai que Ele evite as perseguições, Jesus lhe pede uma coisa só: união.
“Já não estou no mundo, mas eles continuam no mundo, ao passo que eu vou para junto de ti. Pai santo, guarda-os em teu nome, que me deste, para que eles sejam um, assim como nós. Quando eu estava com eles, guardava-os no teu nome, que me deste, e protegi-os, e nenhum deles se perdeu, exceto o filho da perdição, para que se cumprisse a Escritura. Mas, agora, vou para junto de ti e isto falo no mundo para que eles tenham o meu gozo completo em si mesmos. Eu lhes tenho dado a tua palavra, e o mundo os odiou, porque eles não são do mundo, como também eu não sou. Não peço que os tires do mundo, e sim que os guardes do mal. Eles não são do mundo, como também eu não sou. Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade. Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo. E a favor deles eu me santifico a mim mesmo, para que eles também sejam santificados na verdade. Não rogo somente por estes, mas também por aqueles que vierem a crer em mim, por intermédio da sua palavra; a fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste. Eu lhes tenho transmitido a glória que me tens dado, para que sejam um, como nós o somos; eu neles, e tu em mim, a fim de que sejam aperfeiçoados na unidade, para que o mundo conheça que tu me enviaste e os amaste, como também amaste a mim” (João 17.11-23).
Não, não somos definitivamente desse mundo, e é por isso que somos odiados aqui. Mas o trecho final é que traz a fórmula que deve guiar os cristãos, principalmente nesses últimos tempos que vivemos em que sua igreja está sendo perseguida em tantos lugares: o “aperfeiçoamento na união”. Ou seja, a união não é apenas um sinal visível da Igreja Santa de Cristo sobre a Terra, ela é o sinal, o único possível, que distingue os verdadeiros cristãos, não importa de que vertente do Cristianismo.
É bom lembrar que esse texto foi tradicionalmente utilizado pelos defensores do ecumenismo. Mas longe de simplesmente defendermos a “oikoumene”, ou união pela união, conduzida por delegações e comitês humanos, defendemos a união que temos desde já em Cristo, pela fé, e que vivamos de acordo com ela.
Quantas controvérsias existem ainda entre os cristãos de tantas denominações que não ouviram ou esqueceram a oração sacerdotal de Cristo? A união não é uma opção na esteira da “tolerância” e do civismo, ou dos direitos humanos. Mais do que uma ordenança e das mais sérias que Cristo reservou para esses últimos momentos com os seus discípulos, trata-se de uma constatação de fato: os cristãos que são cristãos de verdade se unem. Vamos levar isso a sério, assumindo nossa parte, e unindo-nos ao menos na intercessão por esses nossos irmãos perseguidos?
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No essencial, unidade; nas diferenças, liberdade; e em ambas as coisas, o amor
“Eu sou de São Cristóvão” e “Eu sou de Madureira”
A caminhada cristã na história
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Esse evangelho também traz a promessa do Consolador e daquele que trará a paz verdadeira:
“Isto vos tenho dito, estando ainda convosco; mas o Consolador, o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito. Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como a dá o mundo. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize.” (João 14.25-27)
Ou seja, Jesus sabia muito bem a que veio a esse mundo e não abandonará seus seguidores, por pior que possa ser o cenário externo geral. E nisso ele concorda com o outro livro atribuído a João, o Apocalipse, que tem gerado tantas controvérsias ao longo da história e da teologia.
A metáfora da videira verdadeira, que segue no capítulo 15, a missão do consolador e as palavras de despedida de Cristo são inigualáveis em seu poder consolador. Mas nada há de mais comovente do que a oração sacerdotal de Jesus, que é um dos trechos mais lindos de toda a Bíblia, em que Cristo compara a sua missão nessa Terra diretamente com a nossa. Ao invés de pedir ao Pai que Ele evite as perseguições, Jesus lhe pede uma coisa só: união.
“Já não estou no mundo, mas eles continuam no mundo, ao passo que eu vou para junto de ti. Pai santo, guarda-os em teu nome, que me deste, para que eles sejam um, assim como nós. Quando eu estava com eles, guardava-os no teu nome, que me deste, e protegi-os, e nenhum deles se perdeu, exceto o filho da perdição, para que se cumprisse a Escritura. Mas, agora, vou para junto de ti e isto falo no mundo para que eles tenham o meu gozo completo em si mesmos. Eu lhes tenho dado a tua palavra, e o mundo os odiou, porque eles não são do mundo, como também eu não sou. Não peço que os tires do mundo, e sim que os guardes do mal. Eles não são do mundo, como também eu não sou. Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade. Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo. E a favor deles eu me santifico a mim mesmo, para que eles também sejam santificados na verdade. Não rogo somente por estes, mas também por aqueles que vierem a crer em mim, por intermédio da sua palavra; a fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste. Eu lhes tenho transmitido a glória que me tens dado, para que sejam um, como nós o somos; eu neles, e tu em mim, a fim de que sejam aperfeiçoados na unidade, para que o mundo conheça que tu me enviaste e os amaste, como também amaste a mim” (João 17.11-23).
Não, não somos definitivamente desse mundo, e é por isso que somos odiados aqui. Mas o trecho final é que traz a fórmula que deve guiar os cristãos, principalmente nesses últimos tempos que vivemos em que sua igreja está sendo perseguida em tantos lugares: o “aperfeiçoamento na união”. Ou seja, a união não é apenas um sinal visível da Igreja Santa de Cristo sobre a Terra, ela é o sinal, o único possível, que distingue os verdadeiros cristãos, não importa de que vertente do Cristianismo.
É bom lembrar que esse texto foi tradicionalmente utilizado pelos defensores do ecumenismo. Mas longe de simplesmente defendermos a “oikoumene”, ou união pela união, conduzida por delegações e comitês humanos, defendemos a união que temos desde já em Cristo, pela fé, e que vivamos de acordo com ela.
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É mestre e doutora em educação (USP) e doutora em estudos da tradução (UFSC). É autora de O Senhor dos Anéis: da fantasia à ética e tradutora de Um Ano com C.S. Lewis e Deus em Questão. Costuma se identificar como missionária no mundo acadêmico. É criadora e editora do site www.cslewis.com.br
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