Opinião
18 de outubro de 2019
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A música na Bíblia e a Bíblia na música
Por Paulo Roberto Teixeira

A Bíblia e a música têm realmente muito a ver uma com a outra. Primeiramente, a Bíblia fala da música. Como sumarizei em outro artigo recentemente publicado pela Ultimato (O que a Bíblia fala sobre a arte), há na Bíblia muitas manifestações e alusões à música e à poesia, remetendo a um mundo de sons, tons, ritmos e harmonias. Jubal é reputado como “o pai de todos os que tocam harpa e flauta” (Gn 4.21). Jacó abençoa seus filhos com belos versos, cujas rimas estão nos pensamentos, e não nos sons (Gn 49). Moisés e Miriã celebram a libertação do Egito com cânticos (Êx 15.1-21). As vitórias de Davi são festejadas com música e dança (1Sm 18.7). Salmos são entoados pelo povo de Deus ao som de instrumentos e corais. Jesus e seus discípulos mais chegados cantam um hino, possivelmente um dos salmos, após a instituição da Santa Ceia (Mt 26.30). Paulo e Silas entoam hinos na prisão (At 16.25). Estudiosos do Novo Testamento creem que Filipenses 2.5-11 poderia ser um dos hinos entoados pela Igreja Primitiva. Paulo conclama os cristãos a que “louvem a Deus com salmos, hinos e cânticos espirituais” (Cl 3.16). E o Apocalipse está repleto de hinos de vitória e louvor ao Cordeiro vencedor (Ap 5; 11; 14; 15).
Mas a Bíblia não apenas fala de música. Sua mensagem é expressa em música. O próprio texto do Antigo Testamento, por exemplo, pode ser cantado. Escribas judeus, conhecidos como massoretas, colocaram marcas no texto hebraico de modo a facilitar e a embelezar a leitura e o canto dos textos. E, passando o tempo, encontramos as leituras bíblicas do Antigo e do Novo Testamentos – agora já traduzidas para o latim – também sendo entoadas ipsis litteris, de forma recitativa, no canto gregoriano, parte essencial da liturgia cristã medieval. Também Calvino, no despontar da Reforma, adotará o Saltério bíblico – o mesmíssimo texto dos salmos – como o hinário dos cultos em Genebra. A perda ou o desconhecimento das melodias originais nunca foi impedimento para que novas melodias servissem de suporte para que o texto da Bíblia continuasse sendo transmitido de geração em geração.
E por falar em gerações, cada uma sempre terá os seus hinos e estilos prediletos. Não há como, nem por que, lutar contra isso. A Palavra permanece; a forma de compartilhá-la, especialmente quando aliada à música, muda constantemente. E as Escrituras que motivaram um Giuseppe Verdi a compor “Nabucco” continuam inspirando talentosos músicos a plasmarem novas e belas canções que aplicam a Palavra à vida e enlevam o ser. Logo, todo músico cristão vive plantado nas Escrituras (Sl 1.3), deixando-se ser lido e moldado e inspirado por elas para compor e tocar e impactar o mundo com um novo cântico (Sl 98.1).
Lutero costumava colocar a música ao lado da teologia. Em certa ocasião, ele disse: “A música é o melhor remédio para quem está triste, pois devolve a paz ao coração, renova e refrigera. A música é um belo e glorioso presente de Deus, muito semelhante à teologia. Eu não trocaria meus poucos dons de música por nada neste mundo!”.
Concordo com o reformador. Eu também não trocaria. Por graça de Deus, tenho a honra de devotar minha vida ao estudo e ao ensino das Escrituras Sagradas. Por bondade divina, também a música me acompanha desde a infância. Minha flauta continua soando e, enquanto tiver voz, a elevarei ao meu Criador e Redentor. E, como a Bíblia e a música têm tudo a ver uma com a outra, assim vou caminhando, tendo as Escrituras e a música por companheiras.
• Paulo Roberto Teixeira é secretário de Tradução e Publicações da Sociedade Bíblica do Brasil. Bacharel em Teologia e em Letras (Linguística, Hebraico e Português), é especialista em Língua e Literatura Hebraica pela USP e em Tradutologia e Administração Editorial pelo Summer Institute of Linguistics/University of Texas.

A BÍBLIA NÃO ERRA. OS LEITORES, NEM TANTO | REVISTA ULTIMATO


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