A mística da "mão invisível": capitalismo e progresso

A responsabilidade moral e a justiça na produção de bens

Por Anderson Paz

No livro Capitalismo e Progresso — um diagnóstico da sociedade ocidental, o economista holandês Bob Goudzwaard explica que — na modernidade — a expansão da produção econômica, orientada por fé no progresso, ganhou autonomia da ética cristã abandonando muito de seus valores e princípios.

O ideal Iluminista da "mão invisível" representou uma secularização da noção de providência divina: o progresso seria inevitável em caso de haver liberdade econômica.

Diante de algumas consequências danosas da Revolução Industrial, o movimento socialista ganhou espaço defendendo uma nova forma de exercer fé no progresso.

O socialismo de vertente marxista defendeu a crença de que as próprias contradições do capitalismo levariam necessariamente à superação dele.

A mística da "mão invisível" e a mística da "contradição capitalista" prometiam que o progresso viria necessariamente.

Os dois polos, porém, geraram várias consequências nefastas para comunidades, sociedades, meio ambiente, etc.

Para Bob, a polarização entre um estrito individualismo liberal e o coletivismo socialista fechou a sociedade ao divino.

Em contrapartida, é preciso, defende Bob, abrir a compreensão da sociedade às normas transcendentes divinas para recuperar uma adequada visão da relação entre o homem, o trabalho e o meio ambiente.

Ele propõe que:
a) Haja recuperação do significado e valor da vida humana fora da sujeição e serviço ao progresso;
b) Instituições culturais e sociais possam se desenvolver conforme suas próprias responsabilidades distintas; e,
c) Haja a reintrodução da responsabilidade moral e da justiça na produção de bens.

• Anderson Paz é membro da Igreja do Betel Brasileiro em João Pessoa, PB. Advogado, é doutorando em Ciência Política pela Universidade Federal de Pernambuco.

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