Prateleira
07 de março de 2007
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A mãe do soldado americano e a mãe do general cananeu
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No final das contas, quem sofre mais com as guerras são as mães dos militares mortos. Em todos os tempos, desde a remota guerra entre os israelitas e os cananeus, na época da profetisa Débora, por volta do ano 1350 antes de Cristo, até a atual guerra entre os americanos e os iraquianos, desde 2003. Ambas foram desenroladas na mesma região turbulenta do Oriente Médio.
Em 4 de abril de 2004, a americana Cindy Sheehan, então com 46 anos, perdeu seu filho Casey no Iraque. Até hoje ela chora e reclama com a mais justa razão: “Ter um filho assassinado por mentiras, erros e traições é sombrio e triste”. O momento mais devastador para Cindy foi em janeiro de 2005, quando a morte do filho completou nove meses. Ela se lembrou dramaticamente dos primeiros nove meses de vida de Casey, no ventre materno. Como tantas outras mães e pais, a mulher que virou ativista aguardou ansiosa ao lado do marido a chegada do meninozinho em formação.
Todavia, não é menos trágica a dor de uma senhora cujo o nome não se sabe, que era mãe não de um simples soldado raso, mas do comandante-chefe do exército de Jabim, rei de Canaã, na época da história de Israel que se desenrolou entre a posse da terra de Canaã e o início da monarquia, talvez entre 1380 e 1050 antes de Cristo. O filho dela, Sísera, apesar de todo-poderoso e de ter à sua disposição novecentos carros de ferro, foi derrotado pelas tropas de Israel, comandadas por Baraque com o apoio de Débora. No final da batalha, Sísera desceu de seu carro e tentou fugir a pé. Foi acolhido por uma mulher que lhe ofereceu leite, cama e uma coberta. Exausto, o general não demorou a cair no sono. Enquanto dormia, Jael, a mulher “hospedeira”, cujo povo tinha boas relações com o rei de Canaã, “apanhou uma estaca da tenda e um martelo e aproximou-se silenciosamente [...] e cravou-lhe a estaca na têmpora até penetrar o chão, e ele morreu” (Jz 4.21).
Enquanto isso, a mãe de Sísera, com a demora de notícias, andava de um lado para o outro em sua casa. Aproximava-se da janela várias vezes, nervosa, para ver se o famoso blindado do filho estava de volta da batalha. E nada. Na imaginação poética de Débora, a mãe de Sísera teria perguntado: “Por que o seu carro se demora tanto? Por que custa a chegar o ruído de seus carros? [...] Estarão [Sísera e seu exército] achando e repartindo os despojos? Uma ou duas mulheres para cada homem, roupas coloridas como despojo para Sísera, roupas coloridas e bordadas, tecidos bordados para o meu pescoço, tudo issso como despojo?” (Jz 5.28-30).
É difícil dizer qual das duas infelizes mães — a mãe americana e a mãe cananita — sofreu mais. Porém, se a malícia de Débora é justificável, então, certamente, a mãe de Casey despertará mais simpatia do que a mãe de Sísera.
Débora nos leva a fazer uma pergunta inevitável: a mãe de Sísera chorava mais pela morte do filho ou pelo cachecol que não veio?
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