Opinião
24 de junho de 2022
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A liberdade cristã na era digital
Por Davi Lago

Por outro lado, os cristãos evangélicos têm um histórico de interação com as tecnologias de comunicação muito aberto. Salvo as dissidências protestantes com contornos de seita e a índole legalista de determinados setores evangélicos, a ampla tradição evangélica é ativa: do uso da imprensa de Gutenberg pelo movimento luterano à estruturação de sociedades bíblicas calvinistas, da utilização intensa do rádio pelos evangelistas pentecostais às transmissões televisivas ao vivo das cruzadas de Billy Graham. Não é diferente na era das mídias digitais. Essa ampla aceitação dos meios de comunicação, entretanto, não pode ser acrítica. Como pessoas livres em Cristo Jesus, somos chamados a viver com sabedoria, discernimento, justiça e amor conforme o evangelho. Com base em 1 Coríntios, podemos questionar antes de toda atividade midiática:
1. Isso está me escravizando? “‘Tudo me é permitido’, mas nem tudo convém. ‘Tudo me é permitido’, mas eu não deixarei que nada me domine” (1Co 6.12). O vício virtual é perigoso. Cuidado também com o “culto ao sincero” que existe nas redes sociais. Como se a exposição perene da intimidade e de todas as suas opiniões sobre todos os assuntos funcionasse como uma prova de sinceridade e inocência. Debaixo desse verniz de “sincericismo” está nada mais que alguém escravo de si mesmo e da opinião dos outros.
2. Isso é um bom exemplo? “Tenham cuidado para que o exercício da liberdade de vocês não se torne uma pedra de tropeço para os fracos” (1Co 8.8-13). Nosso comportamento é um testemunho para nossos próprios irmãos na fé, muitas vezes recém-convertidos.
3. Isso edifica? “‘Tudo é permitido’, mas nem tudo convém. ‘Tudo é permitido’, mas nem tudo edifica” (1Co 10.23). Nossas postagens são úteis de algum modo? Ou apenas aumentamos as fileiras dos disseminadores do ódio, os propagadores do caos? O cristão é chamado na Escritura de “ministro da reconciliação”, de “cooperador de Deus”. Não saia nenhuma postagem torpe de vossos dedos.
4. Isso glorifica a Deus? “Assim, quer vocês comam, bebam ou façam qualquer outra coisa, façam tudo para a glória de Deus” (1Co 10.31). Minha motivação é glorificar a Deus ou a mim mesmo? Nas redes sociais, caracterizadas pela legitimação do selfie, do autorretrato, da postagem de si mesmo, existe a clara e autoevidente tentação narcisista, essência do pecado: o orgulho, a ostentação de si mesmo, a alienação de Deus.
5. Isso anuncia o evangelho? “Não se tornem motivo de tropeço, nem para judeus, nem para gregos, nem para a igreja de Deus [...] para que sejam salvos” (1Co 10.32-33). Qual o testemunho deste comportamento para os que são de fora? Como um não cristão poderá interpretar tal postagem?
Nossa liberdade não pode ser desculpa para pecar. Sejamos testemunhas de Jesus na cultura-tela.
- Davi Lago, coautor de A Igreja do Futuro e o Futuro da Igreja, professor de filosofia do direito, ensaísta e coordenador de pesquisa no Laboratório de Política, Comportamento e Mídia (PUC-SP).
Originalmente publicada na edição 383 (maio/junho de 2020) de Ultimato.
“O mundo das redes sociais e o testemunho cristão” é tema da live de Diálogos de Esperança
Para conversar sobre este assunto, Diálogos de Esperança recebe a comunicadora digital Luiza Agreste Nazareth e o escritor e pesquisador Davi Lago.
Saiba mais:
» Educar crianças na era digital
» Guia de Redes Para Igrejas e Organizações (E-BOOK)
» Ontem Esponja, Amanhã Peneira, de Marcos Botelho e Victor Fontana
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