Opinião
- 11 de junho de 2018
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A influência do budismo está mais próxima de nós do que nunca
Por Ludmila Gomides
Não acredito em coincidência.
Assim que me sentei para escrever este texto, mirei para a parede da cafeteria e numa bela tipografia li: “A lei da mente é implacável, o que você acredita, torna-se realidade” (Buda). A influência do budismo está mais próxima de nós do que nunca.
Desde que voltei ao Brasil, após um tempo servindo nos países budistas na Ásia, tenho recebido perguntas sobre como cristãos brasileiros devem se posicionar diante do budismo, religião que tem crescido no Ocidente e ressurgido no Oriente.
Nas livrarias nacionais há livros ensinando mindfulness, meditação e outros princípios budistas para brasileiros. Os escritos de Dalai Lama e mestres budistas estão disponíveis em português. Grandes empresas disputam um lugar na agenda da monja Coen para palestras motivacionais. As universidades abrem cada vez mais espaço para o estudo do budismo.
Cristãos percebem esse movimento e ficam confusos: “O budismo é uma filosofia ou uma religião?”, “Os ensinos são parecidos com os nossos?”, “Como falar de Jesus para budistas?”, “Cristãos podem fazer ioga?”.
Vivi entre budistas na Ásia e percebi que pouco sabia sobre eles. Onde estava o grupo meditando todos os dias? Aprendendo sobre paz ou amor nos templos? Não foi isso que encontrei. Vi diferentes budistas e budismos: Altares xamânicos feitos por monges, na Mongólia; monges que não podiam falar comigo por eu ser mulher, na Tailândia; imagens de Confúcio e divindades daoístas ao lado das de Buda nos templos de Taiwan; e em Mianmar um genocídio de muçulmanos incitados por monges budistas.
Ao voltar ao Brasil em 2013, para um tempo de aperfeiçoamento, eu estava cheia de perguntas. Procurei capacitação missionária sobre o assunto, mas nada encontrei. Queria me aprofundar no testemunho de Cristo entre budistas. A convite do Centro de Reflexão Missiológica Martureo e do Seminário Teológico Servo de Cristo, entendemos que era hora de abrir o caminho para que a Igreja Brasileira fosse capacitada sobre missões entre budistas.
Após quase duzentos anos de missões protestantes entre budistas, incomodou-nos o tímido crescimento da Igreja de Cristo entre eles, com exceção da Coreia do Sul e China. Parece-me que estamos nos esquecendo de fazer perguntas cruciais: O que é o budismo? Quem são os budistas? Como comunicar uma mensagem ao outro, se nem ao menos sabemos quem ele é ou o que ele pensa? Como resultado, continuamos a falar: “Deus te ama!” em contextos nos quais não existe a crença em Deus nem se deseja o amor.
Ronaldo Lidório afirma no livro Comunicação e Cultura: “Esta limitação da compreensão do outro, do modo como ele vê e interpreta o universo que o cerca, não fomenta o respeito cultural, não aproxima as partes nem constrói bons canais de comunicação”. E o pesquisador evangélico tailandês Mejudohon desafiou missionários a mudarem sua atitude e a acharem pontes de contato com a cultura local, estudando o budismo a fim de perceber as expressões populares e o impacto que elas têm no dia a dia dos budistas.
O livro Budismo – Uma abordagem cristã sobre o pensamento budista representa essa nova fase da missiologia, no Brasil. Temos pela primeira vez, em português, a oportunidade de estudar o que é o budismo, sua origem, expansão e diversas expressões, apresentadas detalhadamente por um antropólogo inglês que saiu do gabinete acadêmico e foi morar na Ásia entre os budistas. David Burnett faz uma análise histórica do budismo – citando fontes de sites budistas –, valoriza o pensamento do “outro” e faz uma honesta autocrítica às abordagens cristãs. Ao final de cada capítulo, o leitor encontra perguntas que estimulam o diálogo sobre as diferenças entre o budismo e o cristianismo.
Faço parte da segunda geração de missionários brasileiros entre budistas. Somos a geração com mais acesso à informação, mas ainda tateando o paradigma pós-colonialista. É com grande expectativa do que o Senhor fará tanto no Brasil, quanto nos países budistas que recomendo a leitura deste livro.
Ludmila Gomides
Centro de Reflexão Missiológica Martureo
>>> Conheça o lançamento “Budismo – Uma Abordagem Cristã sobre o Pensamento Budista”, de David Burnett.
Photo by Sabine Schulte on Unsplash
Não acredito em coincidência.
Assim que me sentei para escrever este texto, mirei para a parede da cafeteria e numa bela tipografia li: “A lei da mente é implacável, o que você acredita, torna-se realidade” (Buda). A influência do budismo está mais próxima de nós do que nunca.
Desde que voltei ao Brasil, após um tempo servindo nos países budistas na Ásia, tenho recebido perguntas sobre como cristãos brasileiros devem se posicionar diante do budismo, religião que tem crescido no Ocidente e ressurgido no Oriente.
Nas livrarias nacionais há livros ensinando mindfulness, meditação e outros princípios budistas para brasileiros. Os escritos de Dalai Lama e mestres budistas estão disponíveis em português. Grandes empresas disputam um lugar na agenda da monja Coen para palestras motivacionais. As universidades abrem cada vez mais espaço para o estudo do budismo.
Cristãos percebem esse movimento e ficam confusos: “O budismo é uma filosofia ou uma religião?”, “Os ensinos são parecidos com os nossos?”, “Como falar de Jesus para budistas?”, “Cristãos podem fazer ioga?”.
Vivi entre budistas na Ásia e percebi que pouco sabia sobre eles. Onde estava o grupo meditando todos os dias? Aprendendo sobre paz ou amor nos templos? Não foi isso que encontrei. Vi diferentes budistas e budismos: Altares xamânicos feitos por monges, na Mongólia; monges que não podiam falar comigo por eu ser mulher, na Tailândia; imagens de Confúcio e divindades daoístas ao lado das de Buda nos templos de Taiwan; e em Mianmar um genocídio de muçulmanos incitados por monges budistas.
Ao voltar ao Brasil em 2013, para um tempo de aperfeiçoamento, eu estava cheia de perguntas. Procurei capacitação missionária sobre o assunto, mas nada encontrei. Queria me aprofundar no testemunho de Cristo entre budistas. A convite do Centro de Reflexão Missiológica Martureo e do Seminário Teológico Servo de Cristo, entendemos que era hora de abrir o caminho para que a Igreja Brasileira fosse capacitada sobre missões entre budistas.
Após quase duzentos anos de missões protestantes entre budistas, incomodou-nos o tímido crescimento da Igreja de Cristo entre eles, com exceção da Coreia do Sul e China. Parece-me que estamos nos esquecendo de fazer perguntas cruciais: O que é o budismo? Quem são os budistas? Como comunicar uma mensagem ao outro, se nem ao menos sabemos quem ele é ou o que ele pensa? Como resultado, continuamos a falar: “Deus te ama!” em contextos nos quais não existe a crença em Deus nem se deseja o amor.
Ronaldo Lidório afirma no livro Comunicação e Cultura: “Esta limitação da compreensão do outro, do modo como ele vê e interpreta o universo que o cerca, não fomenta o respeito cultural, não aproxima as partes nem constrói bons canais de comunicação”. E o pesquisador evangélico tailandês Mejudohon desafiou missionários a mudarem sua atitude e a acharem pontes de contato com a cultura local, estudando o budismo a fim de perceber as expressões populares e o impacto que elas têm no dia a dia dos budistas.
O livro Budismo – Uma abordagem cristã sobre o pensamento budista representa essa nova fase da missiologia, no Brasil. Temos pela primeira vez, em português, a oportunidade de estudar o que é o budismo, sua origem, expansão e diversas expressões, apresentadas detalhadamente por um antropólogo inglês que saiu do gabinete acadêmico e foi morar na Ásia entre os budistas. David Burnett faz uma análise histórica do budismo – citando fontes de sites budistas –, valoriza o pensamento do “outro” e faz uma honesta autocrítica às abordagens cristãs. Ao final de cada capítulo, o leitor encontra perguntas que estimulam o diálogo sobre as diferenças entre o budismo e o cristianismo.
Faço parte da segunda geração de missionários brasileiros entre budistas. Somos a geração com mais acesso à informação, mas ainda tateando o paradigma pós-colonialista. É com grande expectativa do que o Senhor fará tanto no Brasil, quanto nos países budistas que recomendo a leitura deste livro.
Ludmila Gomides
Centro de Reflexão Missiológica Martureo
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