Opinião
- 23 de dezembro de 2015
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A história do Natal
Há pouco mais de 150 anos, o francês Ernest Renan (1823-1892) escreveu a sua famosa “Vida de Jesus” (1863). Apesar de declarar que Jesus é maior do que qualquer outra pessoa, Renan afirma também que os Evangelhos são em parte lendários, “já que estão repletos de milagres e do sobrenatural”. Isso quer dizer que Renan não acredita nas colunas básicas do cristianismo: o nascimento virginal, a morte vicária e a ressurreição de Jesus. Foi ele quem espalhou a versão de que a paixão de uma possessa (Maria Madalena) “deu ao mundo um Deus ressuscitado”1.
Quase sessenta anos antes de Renan, Thomas Jefferson, o terceiro presidente dos Estados Unidos (1801-1809), reverenciava Jesus por sua benevolência e ética, mas rejeitava os milagres por serem incompatíveis com a natureza e a razão. A chamada popularmente “Bíblia de Jefferson”, o principal arquiteto da Declaração da Independência Americana, termina de maneira abrupta, sem mencionar o que acontece no domingo da ressurreição2.
De fato, a história do Natal é um amontoado de eventos que não podem ser assimilados pela razão. Quase tudo ultrapassa a natureza. Digo quase tudo porque, enquanto a concepção de Jesus é totalmente sobrenatural, a sua formação no ventre de Maria e o seu nascimento são absolutamente naturais.
Maria fica grávida de Jesus sem ter relações sexuais com José ou qualquer outro homem. Mas esse não é o único fato impossível de acontecer. O nascimento de João Batista, precursor de Jesus, é outra coisa impossível. Pois tanto Isabel como Zacarias eram muito velhos (Lucas 1.7). Isso simplesmente quer dizer que Zacarias não tinha mais como injetar espermatozoide no útero de Isabel e ela não tinha mais como produzir o óvulo para receber o espermatozoide. Além do mais, o casal de velhinhos, antes do envelhecimento, nunca tivera filhos, porque Isabel era tão estéril como Sara, a mulher de Abraão e a mãe de Isaque. Entretanto, Isabel engravida e dá à luz a João Batista.
Soma-se a estes acontecimentos inéditos a surpreendente comunicação de Deus com os personagens do Natal por meio dos anjos. O arcanjo Gabriel vem ao muito idoso Zacarias em Jerusalém para anunciar o nascimento de João Batista (Lucas 1.10-20) e vem à muito jovem Maria para anunciar o nascimento de Jesus (Lucas 1.26-28). Na noite em que Jesus nasce, um anjo do Senhor aparece aos pastores que tomam conta de ovelhas, durante a noite, só para participar o nascimento de Jesus: “Estou aqui a fim de trazer uma boa notícia para vocês e ela será motivo de grande alegria também para o povo! Hoje mesmo, na cidade de Davi, nasceu o Salvador de vocês – o Messias, o Senhor!” (Lucas 2.9-12).
O que acontece em seguida é impressionante: “No mesmo instante, aparece junto com o anjo uma multidão de outros anjos, como se fosse um exército celestial. Eles cantavam hinos de louvor a Deus, dizendo: Glória a Deus nas maiores alturas do céu! E paz na terra para as pessoas a quem ele quer bem!” (Lucas 2.13-14).
Se eliminarmos esses fatos históricos e sobrenaturais, o verdadeiro Natal acaba e nós ficamos na mão. Chama-se de cristão aquele que abraça a pessoa de Jesus, de acordo com a revelação. Quase todos os brasileiros somos cristãos e temos a obrigação de acreditar na história original do Natal. Mas isso não acontece de modo geral. Certamente há muitos “Renans” e “Jeffersons” entre nós. Peço licença para declarar com humildade que não é o meu caso. Eu acredito, não em qualquer milagre, mas nos milagres relacionados com o Natal e a vida de Jesus, relatados na Bíblia!
Notas:
1. O Incomparável Cristo, p. 103.
2. Idem, p. 105.
Leia também
Emanuel – a revelação visível do Deus invisível
Era uma Vez um Natal sem Papai Noel (e-book gratuito)
A Pessoa Mais Importante do Mundo
Ilustração: Cristina Balit / Editora Sinodal
Quase sessenta anos antes de Renan, Thomas Jefferson, o terceiro presidente dos Estados Unidos (1801-1809), reverenciava Jesus por sua benevolência e ética, mas rejeitava os milagres por serem incompatíveis com a natureza e a razão. A chamada popularmente “Bíblia de Jefferson”, o principal arquiteto da Declaração da Independência Americana, termina de maneira abrupta, sem mencionar o que acontece no domingo da ressurreição2.
De fato, a história do Natal é um amontoado de eventos que não podem ser assimilados pela razão. Quase tudo ultrapassa a natureza. Digo quase tudo porque, enquanto a concepção de Jesus é totalmente sobrenatural, a sua formação no ventre de Maria e o seu nascimento são absolutamente naturais.
Maria fica grávida de Jesus sem ter relações sexuais com José ou qualquer outro homem. Mas esse não é o único fato impossível de acontecer. O nascimento de João Batista, precursor de Jesus, é outra coisa impossível. Pois tanto Isabel como Zacarias eram muito velhos (Lucas 1.7). Isso simplesmente quer dizer que Zacarias não tinha mais como injetar espermatozoide no útero de Isabel e ela não tinha mais como produzir o óvulo para receber o espermatozoide. Além do mais, o casal de velhinhos, antes do envelhecimento, nunca tivera filhos, porque Isabel era tão estéril como Sara, a mulher de Abraão e a mãe de Isaque. Entretanto, Isabel engravida e dá à luz a João Batista.
Soma-se a estes acontecimentos inéditos a surpreendente comunicação de Deus com os personagens do Natal por meio dos anjos. O arcanjo Gabriel vem ao muito idoso Zacarias em Jerusalém para anunciar o nascimento de João Batista (Lucas 1.10-20) e vem à muito jovem Maria para anunciar o nascimento de Jesus (Lucas 1.26-28). Na noite em que Jesus nasce, um anjo do Senhor aparece aos pastores que tomam conta de ovelhas, durante a noite, só para participar o nascimento de Jesus: “Estou aqui a fim de trazer uma boa notícia para vocês e ela será motivo de grande alegria também para o povo! Hoje mesmo, na cidade de Davi, nasceu o Salvador de vocês – o Messias, o Senhor!” (Lucas 2.9-12).
O que acontece em seguida é impressionante: “No mesmo instante, aparece junto com o anjo uma multidão de outros anjos, como se fosse um exército celestial. Eles cantavam hinos de louvor a Deus, dizendo: Glória a Deus nas maiores alturas do céu! E paz na terra para as pessoas a quem ele quer bem!” (Lucas 2.13-14).
Se eliminarmos esses fatos históricos e sobrenaturais, o verdadeiro Natal acaba e nós ficamos na mão. Chama-se de cristão aquele que abraça a pessoa de Jesus, de acordo com a revelação. Quase todos os brasileiros somos cristãos e temos a obrigação de acreditar na história original do Natal. Mas isso não acontece de modo geral. Certamente há muitos “Renans” e “Jeffersons” entre nós. Peço licença para declarar com humildade que não é o meu caso. Eu acredito, não em qualquer milagre, mas nos milagres relacionados com o Natal e a vida de Jesus, relatados na Bíblia!
Notas:
1. O Incomparável Cristo, p. 103.
2. Idem, p. 105.
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A Pessoa Mais Importante do Mundo
Ilustração: Cristina Balit / Editora Sinodal
Elben Magalhães Lenz César foi o fundador da Editora Ultimato e redator da revista Ultimato até a sua morte, em outubro de 2016. Fundador do Centro Evangélico de Missões e pastor emérito da Igreja Presbiteriana de Viçosa (IPV), é autor de, entre outros, Por Que (Sempre) Faço o Que Não Quero?, Refeições Diárias com Jesus, Mochila nas Costas e Diário na Mão, Para (Melhor) Enfrentar o Sofrimento, Conversas com Lutero, Refeições Diárias com os Profetas Menores, A Pessoa Mais Importante do Mundo, História da Evangelização do Brasil e Práticas Devocionais. Foi casado por sessenta anos com Djanira Momesso César, com quem teve cinco filhas, dez netos e quatro bisnetos.
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