Opinião
- 02 de fevereiro de 2011
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A feira da vaidade
É curioso como o imaginário da criança dá uma reviravolta quando ela deixa de ser criança: já agora são outros olhos que, ao olharem as mesmas cenas de antes, enxergam mais aguçadamente nas entrelinhas da história. Em nossa cultura, as crianças costumam crescer embaladas por histórias dominadas por imagens fantasiosas de castelos e palácios, habitados por gente fina que anda em carruagens, cuja boa sorte é realçada pelo contraponto marcado pela presença de alguns aldeões ou mendigos à margem da estrada.
Diferentemente da poesia que na infância eu entrevia em tais imagens, senti-me revoltado quando a suntuosidade majestosa dos palácios de São Petersburgo foi mostrada outro dia num documentário da tevê, em estarrecedor contraste com a narrativa de como, no início do século 18, a opulenta ex-capital da Rússia Imperial foi plantada nos baixios de um terreno pantanoso, a custo do sacrifício de milhares de vidas. Foi como se uma nuvem espessa me impedisse de apreciar a beleza artística da arquitetura que desfilava diante de meus olhos.
Entre os povos da antiguidade não foi diferente: jardins suspensos e esfinges e pirâmides... Nos nossos dias megatorres opulentas vão sendo plantadas, onde quer que jorre petróleo e onde quer que o palácio do consumismo impulsione o capitalismo egoísta e desordenado, qual na “feira da vaidade” da alegoria de Bunyan em “O Peregrino”. Diante dessa “feira”, sinto-me como Paulo na capital da Grécia, “indignado de ver a que ponto esta cidade está cheia de ídolos” (At 17.16, versão ecumênica da S. B. Canadense).
Fico triste ao contemplar a visão materialista do mundo, que supervaloriza e até incentiva o supérfluo, que gasta fortunas astronômicas na ostentação do poder, enquanto povos inteiros passam fome e não têm onde morar, enquanto missionários que se sacrificam para pregar o evangelho de Jesus dependem, o mais das vezes, de um sustento incerto que não lhes permite viver condignamente.
Não é bom que isso aconteça. Não é bom que deixemos a mentalidade do mundo invadir a mente e os hábitos do povo de Deus. Não podemos gastar sequer cinquenta reais com o que não é essencial enquanto esse valor, pequenino para nós, representa tanto para os que deixaram tudo e foram viver entre pessoas carentes de Deus e dos recursos mínimos necessários para a sobrevivência. Seria uma contradição do evangelho que pregamos.
• Antonio Carlos Wagner C. de Azeredo, 73, é secretário do Conselho Evangelístico de Missões da Igreja Presbiteriana Nacional, em Brasília, DF.
Diferentemente da poesia que na infância eu entrevia em tais imagens, senti-me revoltado quando a suntuosidade majestosa dos palácios de São Petersburgo foi mostrada outro dia num documentário da tevê, em estarrecedor contraste com a narrativa de como, no início do século 18, a opulenta ex-capital da Rússia Imperial foi plantada nos baixios de um terreno pantanoso, a custo do sacrifício de milhares de vidas. Foi como se uma nuvem espessa me impedisse de apreciar a beleza artística da arquitetura que desfilava diante de meus olhos.
Entre os povos da antiguidade não foi diferente: jardins suspensos e esfinges e pirâmides... Nos nossos dias megatorres opulentas vão sendo plantadas, onde quer que jorre petróleo e onde quer que o palácio do consumismo impulsione o capitalismo egoísta e desordenado, qual na “feira da vaidade” da alegoria de Bunyan em “O Peregrino”. Diante dessa “feira”, sinto-me como Paulo na capital da Grécia, “indignado de ver a que ponto esta cidade está cheia de ídolos” (At 17.16, versão ecumênica da S. B. Canadense).
Fico triste ao contemplar a visão materialista do mundo, que supervaloriza e até incentiva o supérfluo, que gasta fortunas astronômicas na ostentação do poder, enquanto povos inteiros passam fome e não têm onde morar, enquanto missionários que se sacrificam para pregar o evangelho de Jesus dependem, o mais das vezes, de um sustento incerto que não lhes permite viver condignamente.
Não é bom que isso aconteça. Não é bom que deixemos a mentalidade do mundo invadir a mente e os hábitos do povo de Deus. Não podemos gastar sequer cinquenta reais com o que não é essencial enquanto esse valor, pequenino para nós, representa tanto para os que deixaram tudo e foram viver entre pessoas carentes de Deus e dos recursos mínimos necessários para a sobrevivência. Seria uma contradição do evangelho que pregamos.
• Antonio Carlos Wagner C. de Azeredo, 73, é secretário do Conselho Evangelístico de Missões da Igreja Presbiteriana Nacional, em Brasília, DF.
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