Opinião
- 12 de novembro de 2021
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A extraordinária reevangelização da Europa
Igrejas da diáspora, movimentos de plantação de igrejas e a próxima geração
As igrejas europeias despertarão para o que Deus está realizando em todo o continente? O futuro da Europa depende disso.
Por Jim Memory
Sob muitos aspectos, o cristianismo fez da Europa o que ela é. Nenhum outro continente foi exposto ao cristianismo de forma tão abrangente e por um período tão prolongado. No entanto, embora tenha sido o primeiro continente a ser cristianizado, a Europa também foi o primeiro a ser descristianizado.
No início do século 19, mais de 90% dos cristãos viviam na Europa e na América do Norte, porém já no final do século 20, mais de 60% viviam na África, Ásia, América do Sul e no Pacífico. O historiador e missiólogo Andrew Walls, falecido no mês passado, foi um dos primeiros a observar e estudar essa mudança no “centro de gravidade cristão”.1
Muitos consideram a Europa completamente pós-cristã ou secular, no entanto, a realidade é muito mais complexa. Longe dos holofotes, uma extraordinária re-evangelização da Europa está em curso.
Três dimensões desse processo podem ser observadas: igrejas da diáspora, movimentos e plataformas de plantação de igrejas e a próxima geração.
Cristianismo intercultural: o futuro da Europa?
Deus está usando a mobilidade dos povos para re-evangelizar o continente europeu.
A migração de cristãos de outras localidades e a formação de igrejas da diáspora não são novidades na Europa. As igrejas da diáspora europeia fazem parte da história do continente. Muitas vilas e cidades por toda a Europa têm importantes comunidades e igrejas históricas da diáspora europeia.
No entanto, ao longo das duas últimas gerações, a migração da população do chamado Mundo em Desenvolvimento ou Mundo Majoritário observou um número significativo de novas igrejas da diáspora sendo plantadas em toda a Europa, incluindo congregações para falantes do espanhol e/ou português brasileiro, igrejas chinesas e da África Negra, as mais numerosas. Hoje, a Igreja Cristã Redimida de Deus tem mais de 750 congregações e planta, a cada ano, 25 novas igrejas na Grã-Bretanha.2 E essa é apenas uma das muitas denominações. Se há população africana em uma cidade europeia, é quase certo que haverá uma igreja da diáspora africana, mesmo que os cristãos europeus sequer tenham conhecimento dela.
Embora as estatísticas sejam promissoras, a presença de igrejas da diáspora na Europa não leva automaticamente à efetiva re-evangelização do continente europeu. Como observou Harvey Kwiyani:
As igrejas africanas na Europa têm alcançado muito sucesso na evangelização, mas apenas de outros africanos. Um número muito pequeno delas fez alguma incursão até os europeus. Várias afirmam que é difícil alcançar os europeus. Ouvi de muitas pessoas: “Isso nos obriga a fazer as coisas de um modo diferente, o que seria desagradável para todos nós”. Por “fazer as coisas de um modo diferente”, elas se referem a ter cultos de adoração mais breves ou serem obrigadas a abraçar o evangelismo relacional. Para os pastores que, pelo menos, desejam ou procuram engajar-se na missão entre os europeus, o fato de estarem na Europa os leva a crer que devem ser missionários para os europeus. Como tais, eles tentam contextualizar seus ministérios para os europeus, alcançando muito pouco êxito ao longo do caminho. A maioria deles carece de um treinamento que os capacite a compreender como deve ser a missão transcultural para os europeus.3
No entanto, nem toda a responsabilidade por essa falha recai sobre os líderes das igrejas da diáspora. Muitas igrejas nascidas na própria Europa não desejaram ou não souberam auxiliar os cristãos da diáspora a alcançar a população local.
Durante a pandemia da Covid-19, no entanto, tem havido sinais de que a diáspora e os líderes da igreja nativa europeia em vilas e cidades por todo o continente têm oferecido apoio mútuo. Essas conexões podem ser um estímulo importante para uma maior colaboração no futuro.
Além disso, à medida que a segunda e terceira gerações de cristãos da diáspora assumem a liderança, há um esforço cada vez maior para estabelecer igrejas interculturais que possam alcançar mais facilmente os europeus nativos.
O futuro da igreja na Europa pode muito bem depender do surgimento de um cristianismo intercultural verdadeiramente europeu.4
As muitas faces dos movimentos de plantação de igrejas na Europa
Não são apenas os cristãos do Mundo Majoritário que estão plantando igrejas. De forma geral, os movimentos para plantação de igrejas ganharam força em toda a Europa, em parte devido ao surgimento de plataformas nacionais com esse objetivo.
Por exemplo, a visão do CNEF5 (Conselho Nacional dos Evangélicos Franceses) de plantar uma igreja evangélica para cada dez mil pessoas estimulou o surgimento de igrejas na França. Nos últimos anos, em média, planta-se uma igreja a cada sete dias na França.
Plataformas semelhantes surgiram em muitos países europeus, algumas como resultado de processos para facilitar a plantação de igrejas, como a M4 e a Multiplication Network, outras como resultado [da ação] de indivíduos catalíticos/apostólicos como a Relational Mission ou a Rede Temática Lausanne de Plantação de Igrejas, e outras ainda por meio de redes internacionais como City-to-City ou Acts29.[6] De qualquer forma, a reunião em Berlim, no início de 2018, com 170 líderes de plataformas de quase 30 nações, indicou o surgimento de uma nova dinâmica na Europa: os Processos Nacionais de Plantação de Igrejas (NC2P).
Iniciativas de plantação de igrejas denominacionais nos últimos anos resultaram em centenas de igrejas. Agências missionárias cujo foco é a plantação de igrejas, como a European Christian Mission (ECM), a Greater Europe Mission (GEM), a Operação Mobilização (OM) e a Communitas, continuam a desempenhar seu papel no estabelecimento de novas comunidades cristãs, frequentemente em parceria com igrejas nacionais.7 E as redes ICP e Mosaik estão plantando igrejas com o objetivo explícito de alcançar diferentes etnias.8
Juntamente com a plantação de igrejas, vimos o surgimento de novas formas de comunidade cristã que nem sempre se assemelham a igrejas convencionais. Elas podem ser chamadas de Novas Expressões,9 comunidades missionárias, ou podem simplesmente resistir a qualquer [tentativa de] categorização, mas a inovação dessas novas comunidades de seguidores de Jesus que alcançam aqueles que talvez nunca se envolvam com igrejas “convencionais” é um dos meios pelos quais o Espírito Santo promove a renovação e o crescimento da igreja na Europa. Há também os movimentos focados em fazer discípulos, como The Navigators, The Turning ou o Go Movement, cujo foco é o evangelismo e o discipulado de novos cristãos.10
Em suma, a re-evangelização da Europa por meio de movimentos para plantação de igrejas envolve muitos agentes.
Com a pandemia da Covid-19, a necessidade de encontrar novas maneiras de construir uma comunidade cristã obrigou muitas igrejas e redes de plantação de igrejas a encarar sua dependência de instalações físicas Na verdade, essa inovação forçada pode ser, em parte, a forma como Deus está renovando sua igreja na Europa.
É provável que as conferências virtuais e/ou híbridas, como o próximo Lausanne Europe 20/21 Gathering, em novembro de 2021, sejam o futuro e permitam uma colaboração inédita e ainda mais dinâmica para a re-evangelização da Europa.
O impacto de longo prazo causado pela pandemia no formato das igrejas de amanhã ficará evidente nos próximos anos. A flexibilidade e a falta de infraestrutura das comunidades missionais indicam que elas têm conseguido se adaptar mais prontamente à nova realidade, mas também têm sofrido alguns dos mesmos problemas das igrejas da diáspora no que diz respeito à perda de vida comunitária mais intensa. No entanto, há esperança de que todos os tipos de igreja tenham aprendido, neste último ano, lições vitais sobre a verdadeira essência da comunidade cristã.
Conduzindo a próxima geração à liderança
Deus está levantando uma nova geração de seguidores de Jesus que assumem o desafio de alcançar a juventude secularizada da Europa.
Isso ocorre, em grande parte, nos ministérios de jovens das igrejas locais por todo o continente, algumas vezes sustentado por organizações como Josiah Venture,11 que atua em parceria com igrejas na Europa Central e Oriental.
Há décadas, o foco de alguns ministérios paraeclesiásticos é a próxima geração: JOCUM, The Navigators e IFES Europe, para citar apenas três.12 Nos últimos anos, novos movimentos,13 como 24/7 Prayer ou Steiger, trouxeram energia e ideias renovadas para alcançar “a maior cultura não alcançada hoje: a cultura jovem global”.14 E iniciativas carismáticas como o Awakening Europe, Holy Spirit Nights e The Send estão convocando os jovens da Europa a buscar um avivamento.15 Em apoio a tudo isso, a Youthscape está produzindo pesquisas inovadoras sobre o ministério da juventude, e um novo centro de pesquisa para jovens foi inaugurado na Universidade Teológica Livre de Giessen, na Alemanha.16
Mesmo antes da pandemia, a Organização Mundial da Saúde relatava “uma taxa alta e crescente de problemas de saúde mental e comportamental em adolescentes […] 29% das meninas de 15 anos e 13% dos meninos de 15 anos nos países europeus relataram ‘se sentir mal’ mais de uma vez por semana”.17 O relatório também descobriu que o suicídio é a principal causa de morte entre adolescentes (10-19 anos) em países de baixa e média renda e a segunda causa em países de alta renda em toda a Europa.
O impacto da Covid-19 na próxima geração já é enorme e pode ter implicações nas décadas futuras. Os [profissionais] que atuam na área de educação sofreram com o fechamento de escolas e universidades, em alguns casos por semanas ou meses, e grande parte do ensino continua sendo à distância (on-line).
O longo rastro da última recessão econômica indica que muitos jovens europeus têm empregos precários na melhor das hipóteses, e a pandemia apenas agravou essa situação. Suas perspectivas de carreira e a esperança de emancipar-se dos pais e de um dia começar uma família parecem ter diminuído ainda mais. Não é de surpreender que todas essas perturbações e incertezas contribuam para afetar a saúde mental dos jovens.18
Por um ângulo mais positivo, os jovens são “nativos digitais”, por isso estão em melhor posição para aproveitar ao máximo suas habilidades tecnológicas em um mundo pós-pandêmico. Com menos dificuldades do que os adultos mais velhos, os jovens também descobriram que é mais fácil relacionar-se on-line. Os líderes de jovens conseguiram conduzir seus ministérios on-line sem grandes dificuldades na maioria dos casos, embora isso apenas tenha enfatizado o que foi perdido durante o período de isolamento. Certo líder de jovens expressou-se desta forma em um artigo sobre o impacto da Covid-19 sobre os jovens: “Se não visitarmos todos em suas casas ou em outro lugar agora mesmo, a igreja perderá esta geração”.19
A geração mais jovem na Europa parece bastante frágil e confusa, e seu futuro, muito incerto. No entanto, talvez Deus precise exatamente disso: uma geração mais jovem que esteja disposta a olhar além da política dos homens em busca de respostas sobre como viver uma vida abundante. Eles precisam de nossas orações, de nosso incentivo e da liberdade de usar seus dons para a glória de Deus. Certamente você já deve ter percebido que a maior parte da comunidade cristã da diáspora na Europa também é formada por jovens.
As igrejas europeias despertarão para o que Deus está realizando em todo o continente? O futuro da Europa depende disso.
Por Jim Memory
Sob muitos aspectos, o cristianismo fez da Europa o que ela é. Nenhum outro continente foi exposto ao cristianismo de forma tão abrangente e por um período tão prolongado. No entanto, embora tenha sido o primeiro continente a ser cristianizado, a Europa também foi o primeiro a ser descristianizado.
No início do século 19, mais de 90% dos cristãos viviam na Europa e na América do Norte, porém já no final do século 20, mais de 60% viviam na África, Ásia, América do Sul e no Pacífico. O historiador e missiólogo Andrew Walls, falecido no mês passado, foi um dos primeiros a observar e estudar essa mudança no “centro de gravidade cristão”.1
Muitos consideram a Europa completamente pós-cristã ou secular, no entanto, a realidade é muito mais complexa. Longe dos holofotes, uma extraordinária re-evangelização da Europa está em curso.
Três dimensões desse processo podem ser observadas: igrejas da diáspora, movimentos e plataformas de plantação de igrejas e a próxima geração.
Cristianismo intercultural: o futuro da Europa?
Deus está usando a mobilidade dos povos para re-evangelizar o continente europeu.
A migração de cristãos de outras localidades e a formação de igrejas da diáspora não são novidades na Europa. As igrejas da diáspora europeia fazem parte da história do continente. Muitas vilas e cidades por toda a Europa têm importantes comunidades e igrejas históricas da diáspora europeia.
No entanto, ao longo das duas últimas gerações, a migração da população do chamado Mundo em Desenvolvimento ou Mundo Majoritário observou um número significativo de novas igrejas da diáspora sendo plantadas em toda a Europa, incluindo congregações para falantes do espanhol e/ou português brasileiro, igrejas chinesas e da África Negra, as mais numerosas. Hoje, a Igreja Cristã Redimida de Deus tem mais de 750 congregações e planta, a cada ano, 25 novas igrejas na Grã-Bretanha.2 E essa é apenas uma das muitas denominações. Se há população africana em uma cidade europeia, é quase certo que haverá uma igreja da diáspora africana, mesmo que os cristãos europeus sequer tenham conhecimento dela.
Embora as estatísticas sejam promissoras, a presença de igrejas da diáspora na Europa não leva automaticamente à efetiva re-evangelização do continente europeu. Como observou Harvey Kwiyani:
As igrejas africanas na Europa têm alcançado muito sucesso na evangelização, mas apenas de outros africanos. Um número muito pequeno delas fez alguma incursão até os europeus. Várias afirmam que é difícil alcançar os europeus. Ouvi de muitas pessoas: “Isso nos obriga a fazer as coisas de um modo diferente, o que seria desagradável para todos nós”. Por “fazer as coisas de um modo diferente”, elas se referem a ter cultos de adoração mais breves ou serem obrigadas a abraçar o evangelismo relacional. Para os pastores que, pelo menos, desejam ou procuram engajar-se na missão entre os europeus, o fato de estarem na Europa os leva a crer que devem ser missionários para os europeus. Como tais, eles tentam contextualizar seus ministérios para os europeus, alcançando muito pouco êxito ao longo do caminho. A maioria deles carece de um treinamento que os capacite a compreender como deve ser a missão transcultural para os europeus.3
No entanto, nem toda a responsabilidade por essa falha recai sobre os líderes das igrejas da diáspora. Muitas igrejas nascidas na própria Europa não desejaram ou não souberam auxiliar os cristãos da diáspora a alcançar a população local.
Durante a pandemia da Covid-19, no entanto, tem havido sinais de que a diáspora e os líderes da igreja nativa europeia em vilas e cidades por todo o continente têm oferecido apoio mútuo. Essas conexões podem ser um estímulo importante para uma maior colaboração no futuro.
Além disso, à medida que a segunda e terceira gerações de cristãos da diáspora assumem a liderança, há um esforço cada vez maior para estabelecer igrejas interculturais que possam alcançar mais facilmente os europeus nativos.
O futuro da igreja na Europa pode muito bem depender do surgimento de um cristianismo intercultural verdadeiramente europeu.4
As muitas faces dos movimentos de plantação de igrejas na Europa
Não são apenas os cristãos do Mundo Majoritário que estão plantando igrejas. De forma geral, os movimentos para plantação de igrejas ganharam força em toda a Europa, em parte devido ao surgimento de plataformas nacionais com esse objetivo.
Por exemplo, a visão do CNEF5 (Conselho Nacional dos Evangélicos Franceses) de plantar uma igreja evangélica para cada dez mil pessoas estimulou o surgimento de igrejas na França. Nos últimos anos, em média, planta-se uma igreja a cada sete dias na França.
Plataformas semelhantes surgiram em muitos países europeus, algumas como resultado de processos para facilitar a plantação de igrejas, como a M4 e a Multiplication Network, outras como resultado [da ação] de indivíduos catalíticos/apostólicos como a Relational Mission ou a Rede Temática Lausanne de Plantação de Igrejas, e outras ainda por meio de redes internacionais como City-to-City ou Acts29.[6] De qualquer forma, a reunião em Berlim, no início de 2018, com 170 líderes de plataformas de quase 30 nações, indicou o surgimento de uma nova dinâmica na Europa: os Processos Nacionais de Plantação de Igrejas (NC2P).
Iniciativas de plantação de igrejas denominacionais nos últimos anos resultaram em centenas de igrejas. Agências missionárias cujo foco é a plantação de igrejas, como a European Christian Mission (ECM), a Greater Europe Mission (GEM), a Operação Mobilização (OM) e a Communitas, continuam a desempenhar seu papel no estabelecimento de novas comunidades cristãs, frequentemente em parceria com igrejas nacionais.7 E as redes ICP e Mosaik estão plantando igrejas com o objetivo explícito de alcançar diferentes etnias.8
Juntamente com a plantação de igrejas, vimos o surgimento de novas formas de comunidade cristã que nem sempre se assemelham a igrejas convencionais. Elas podem ser chamadas de Novas Expressões,9 comunidades missionárias, ou podem simplesmente resistir a qualquer [tentativa de] categorização, mas a inovação dessas novas comunidades de seguidores de Jesus que alcançam aqueles que talvez nunca se envolvam com igrejas “convencionais” é um dos meios pelos quais o Espírito Santo promove a renovação e o crescimento da igreja na Europa. Há também os movimentos focados em fazer discípulos, como The Navigators, The Turning ou o Go Movement, cujo foco é o evangelismo e o discipulado de novos cristãos.10
Em suma, a re-evangelização da Europa por meio de movimentos para plantação de igrejas envolve muitos agentes.
Com a pandemia da Covid-19, a necessidade de encontrar novas maneiras de construir uma comunidade cristã obrigou muitas igrejas e redes de plantação de igrejas a encarar sua dependência de instalações físicas Na verdade, essa inovação forçada pode ser, em parte, a forma como Deus está renovando sua igreja na Europa.
É provável que as conferências virtuais e/ou híbridas, como o próximo Lausanne Europe 20/21 Gathering, em novembro de 2021, sejam o futuro e permitam uma colaboração inédita e ainda mais dinâmica para a re-evangelização da Europa.
O impacto de longo prazo causado pela pandemia no formato das igrejas de amanhã ficará evidente nos próximos anos. A flexibilidade e a falta de infraestrutura das comunidades missionais indicam que elas têm conseguido se adaptar mais prontamente à nova realidade, mas também têm sofrido alguns dos mesmos problemas das igrejas da diáspora no que diz respeito à perda de vida comunitária mais intensa. No entanto, há esperança de que todos os tipos de igreja tenham aprendido, neste último ano, lições vitais sobre a verdadeira essência da comunidade cristã.
Conduzindo a próxima geração à liderança
Deus está levantando uma nova geração de seguidores de Jesus que assumem o desafio de alcançar a juventude secularizada da Europa.
Isso ocorre, em grande parte, nos ministérios de jovens das igrejas locais por todo o continente, algumas vezes sustentado por organizações como Josiah Venture,11 que atua em parceria com igrejas na Europa Central e Oriental.
Há décadas, o foco de alguns ministérios paraeclesiásticos é a próxima geração: JOCUM, The Navigators e IFES Europe, para citar apenas três.12 Nos últimos anos, novos movimentos,13 como 24/7 Prayer ou Steiger, trouxeram energia e ideias renovadas para alcançar “a maior cultura não alcançada hoje: a cultura jovem global”.14 E iniciativas carismáticas como o Awakening Europe, Holy Spirit Nights e The Send estão convocando os jovens da Europa a buscar um avivamento.15 Em apoio a tudo isso, a Youthscape está produzindo pesquisas inovadoras sobre o ministério da juventude, e um novo centro de pesquisa para jovens foi inaugurado na Universidade Teológica Livre de Giessen, na Alemanha.16
Mesmo antes da pandemia, a Organização Mundial da Saúde relatava “uma taxa alta e crescente de problemas de saúde mental e comportamental em adolescentes […] 29% das meninas de 15 anos e 13% dos meninos de 15 anos nos países europeus relataram ‘se sentir mal’ mais de uma vez por semana”.17 O relatório também descobriu que o suicídio é a principal causa de morte entre adolescentes (10-19 anos) em países de baixa e média renda e a segunda causa em países de alta renda em toda a Europa.
O impacto da Covid-19 na próxima geração já é enorme e pode ter implicações nas décadas futuras. Os [profissionais] que atuam na área de educação sofreram com o fechamento de escolas e universidades, em alguns casos por semanas ou meses, e grande parte do ensino continua sendo à distância (on-line).
O longo rastro da última recessão econômica indica que muitos jovens europeus têm empregos precários na melhor das hipóteses, e a pandemia apenas agravou essa situação. Suas perspectivas de carreira e a esperança de emancipar-se dos pais e de um dia começar uma família parecem ter diminuído ainda mais. Não é de surpreender que todas essas perturbações e incertezas contribuam para afetar a saúde mental dos jovens.18
Por um ângulo mais positivo, os jovens são “nativos digitais”, por isso estão em melhor posição para aproveitar ao máximo suas habilidades tecnológicas em um mundo pós-pandêmico. Com menos dificuldades do que os adultos mais velhos, os jovens também descobriram que é mais fácil relacionar-se on-line. Os líderes de jovens conseguiram conduzir seus ministérios on-line sem grandes dificuldades na maioria dos casos, embora isso apenas tenha enfatizado o que foi perdido durante o período de isolamento. Certo líder de jovens expressou-se desta forma em um artigo sobre o impacto da Covid-19 sobre os jovens: “Se não visitarmos todos em suas casas ou em outro lugar agora mesmo, a igreja perderá esta geração”.19
A geração mais jovem na Europa parece bastante frágil e confusa, e seu futuro, muito incerto. No entanto, talvez Deus precise exatamente disso: uma geração mais jovem que esteja disposta a olhar além da política dos homens em busca de respostas sobre como viver uma vida abundante. Eles precisam de nossas orações, de nosso incentivo e da liberdade de usar seus dons para a glória de Deus. Certamente você já deve ter percebido que a maior parte da comunidade cristã da diáspora na Europa também é formada por jovens.
A maioria dos avivamentos da história ocorreu entre os jovens. Mais especificamente, foram movimentos liderados por jovens. A agência missionária com a qual trabalho, a European Christian Mission, foi fundada por Ganz Raud em uma reunião de oração na Estônia em 1903, quando ele tinha apenas 25 anos.20 JOCUM, OM e Oração 24/7 foram iniciadas por pessoas na casa dos 20 anos. A re-evangelização da Europa depende desta próxima geração. Devemos conduzi-los à liderança.
Em regiões periféricas, mas com humildade e esperança
Andrew Walls observou que, ao longo da história da igreja, houve declínio em muitos locais que, no passado, foram centros do cristianismo. Ainda assim, através do trabalho missionário, novos centros foram criados em regiões periféricas. “Enquanto o cristianismo recuava na Europa, as igrejas da África, Ásia e América Latina ganhavam espaço. O movimento do cristianismo é de expansão serial, não progressiva”.21
Dada a realidade da fé cristã na Europa hoje, este é um momento de humildade, mas também de esperança. O avivamento cristão começa sempre nas áreas periféricas. Este é um momento de tremenda oportunidade de colaboração entre as igrejas do Mundo Majoritário e as igrejas nativas da Europa, para que novas comunidades sejam plantadas e a próxima geração assuma seu lugar na liderança.
As igrejas europeias despertarão para o que Deus está realizando nesse continente por meio das igrejas da diáspora, dos movimentos de plantação de igrejas e da próxima geração? Faremos bom uso da oportunidade de colaboração que Deus coloca diante de nós?
O futuro da Europa depende disso.
Notas
1. Andrew Walls, The Missionary Movement in Christian History (Edinburgh: Clark, 1996); Walls, The Cross-cultural Process in Christian History (Maryknoll: Orbis, 2002)
2. Harvey Kwiyani, “Blessed Reflex: African Christians in Europe”, Missio Africanus 3, no. 1 (2017), accessed 2 May 2020.
3. Ibid, 45
4. Anderson Moyo, “An Intercultural Church Perspective on Mission in Europe”, Lausanne Europe Conversation, September 2020, accessed 18 June 2021; Jim Memory, ‘God’s New Society: Multicultural Churches in Today’s Europe’, Vista 26, no. 1 (2017), accessed 18 June 2021.
5. Conseil National des Évangéliques de France.
6. M4; Multiplication Network; Relational Mission; Lausanne Church Planting Network; City to City; Acts29; NC2P.
7. ECM; GEM; Operation Mobilisation; Communitas.
8. ICP Network; GCCM; ELF.
9. Fresh Expressions; see also Michael Moynagh, “Christian Communities for Every Context: The complementary and transforming ministry of ‘fresh expressions’” Lausanne Global Analysis 9, no. 5 (2020).
10. The Turning; Go Movement; The Navigators.
11. Josiah Venture.
12. YWAM; IFES Europe.
13. 24/7 Prayer; Steiger.
14. Luke Greenwood, Global Youth Culture: The Spiritual Hunger of the Largest Unreached Culture Today (Steiger International, 2019)
15. Awakening Europe; Holy Spirit Nights; The Send.
16. Youthscape; Free Theological University Giessen.
17. World Health Organisation, “Adolescent mental health in the European Region” (2018), accessed 18 June 2021.
18. Timothy Ogden, “COVID-19 lockdowns taking a heavy toll on the mental health of young people” New Europe, 8 January 2021, accessed 19 March 2021.
19. Evi Rodemann, “Mission in a COVID Crisis: Youth Implications,” WEA Mission Commission, 6 August 2020, accessed 19 March 2021.
20. John Butterworth, God’s Secret Listener: The Albanian army captain who risked everything (Monarch: Oxford, 2010), 52.
21. Andrew Walls, “The Expansion of Christianity: An Interview with Andrew Walls” The Christian Century, 2-9 August 2000, 792-799.
• Jim Memory é membro da Equipe de Liderança Internacional da Missão Cristã Europeia (ECM), trabalhando na supervisão do trabalho da ECM em 23 países da Europa e na liderança do Grupo de Visão e Estratégia da ECM. Ele é professor, palestrante e um dos editores fundadores do Vista, um jornal de pesquisas sobre as questões cruciais para a missão na Europa. Também faz parte do grupo diretivo do Lausanne Europe 20/21: Dynamic Gospel-New Europe Gathering and Conversation.
Em regiões periféricas, mas com humildade e esperança
Andrew Walls observou que, ao longo da história da igreja, houve declínio em muitos locais que, no passado, foram centros do cristianismo. Ainda assim, através do trabalho missionário, novos centros foram criados em regiões periféricas. “Enquanto o cristianismo recuava na Europa, as igrejas da África, Ásia e América Latina ganhavam espaço. O movimento do cristianismo é de expansão serial, não progressiva”.21
Dada a realidade da fé cristã na Europa hoje, este é um momento de humildade, mas também de esperança. O avivamento cristão começa sempre nas áreas periféricas. Este é um momento de tremenda oportunidade de colaboração entre as igrejas do Mundo Majoritário e as igrejas nativas da Europa, para que novas comunidades sejam plantadas e a próxima geração assuma seu lugar na liderança.
As igrejas europeias despertarão para o que Deus está realizando nesse continente por meio das igrejas da diáspora, dos movimentos de plantação de igrejas e da próxima geração? Faremos bom uso da oportunidade de colaboração que Deus coloca diante de nós?
O futuro da Europa depende disso.
Notas
1. Andrew Walls, The Missionary Movement in Christian History (Edinburgh: Clark, 1996); Walls, The Cross-cultural Process in Christian History (Maryknoll: Orbis, 2002)
2. Harvey Kwiyani, “Blessed Reflex: African Christians in Europe”, Missio Africanus 3, no. 1 (2017), accessed 2 May 2020.
3. Ibid, 45
4. Anderson Moyo, “An Intercultural Church Perspective on Mission in Europe”, Lausanne Europe Conversation, September 2020, accessed 18 June 2021; Jim Memory, ‘God’s New Society: Multicultural Churches in Today’s Europe’, Vista 26, no. 1 (2017), accessed 18 June 2021.
5. Conseil National des Évangéliques de France.
6. M4; Multiplication Network; Relational Mission; Lausanne Church Planting Network; City to City; Acts29; NC2P.
7. ECM; GEM; Operation Mobilisation; Communitas.
8. ICP Network; GCCM; ELF.
9. Fresh Expressions; see also Michael Moynagh, “Christian Communities for Every Context: The complementary and transforming ministry of ‘fresh expressions’” Lausanne Global Analysis 9, no. 5 (2020).
10. The Turning; Go Movement; The Navigators.
11. Josiah Venture.
12. YWAM; IFES Europe.
13. 24/7 Prayer; Steiger.
14. Luke Greenwood, Global Youth Culture: The Spiritual Hunger of the Largest Unreached Culture Today (Steiger International, 2019)
15. Awakening Europe; Holy Spirit Nights; The Send.
16. Youthscape; Free Theological University Giessen.
17. World Health Organisation, “Adolescent mental health in the European Region” (2018), accessed 18 June 2021.
18. Timothy Ogden, “COVID-19 lockdowns taking a heavy toll on the mental health of young people” New Europe, 8 January 2021, accessed 19 March 2021.
19. Evi Rodemann, “Mission in a COVID Crisis: Youth Implications,” WEA Mission Commission, 6 August 2020, accessed 19 March 2021.
20. John Butterworth, God’s Secret Listener: The Albanian army captain who risked everything (Monarch: Oxford, 2010), 52.
21. Andrew Walls, “The Expansion of Christianity: An Interview with Andrew Walls” The Christian Century, 2-9 August 2000, 792-799.
• Jim Memory é membro da Equipe de Liderança Internacional da Missão Cristã Europeia (ECM), trabalhando na supervisão do trabalho da ECM em 23 países da Europa e na liderança do Grupo de Visão e Estratégia da ECM. Ele é professor, palestrante e um dos editores fundadores do Vista, um jornal de pesquisas sobre as questões cruciais para a missão na Europa. Também faz parte do grupo diretivo do Lausanne Europe 20/21: Dynamic Gospel-New Europe Gathering and Conversation.
Publicado originalmente no site Lausanne.org.
>> Conheça o livro Evangelização no Mercado Pós-Moderno, de Robson Luiz Ramos
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- 12 de novembro de 2021
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