Por Escrito
- 23 de maio de 2017
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A experiência com um filho autista
Tive dois filhos, Tiago, o primogênito, hoje com 22 anos, que foi uma criança muito esperta, feliz, cheia de energia e inteligência; e Davi, o caçula, de 19, um eterno esfomeado, meigo, apaixonado pela igreja e autista.
Davi sempre teve ótima saúde, mas nos primeiros meses de vida o quadro de hipotonia nos chamou a atenção. Os especialistas consultados não arriscavam um diagnóstico médico. Com o passar do tempo, e o desenvolvimento cognitivo muito atrasado, chegamos enfim à conclusão, aos 12 anos de idade, de que se tratava de transtorno do espectro autista, um distúrbio neurológico caracterizado pelo comprometimento da interação social, comunicação verbal e não-verbal e comportamento restrito e repetitivo.
Tivemos que ajustar a rotina familiar, inclusive as atividades da igreja, a uma realidade desconhecida e restritiva. Davi necessitava de fisioterapia, fonoaudiologia e terapia ocupacional, e foi preciso que todos em casa se tornassem atores importantes no estímulo para o desenvolvimento dele. Além dos pais, Tiago também precisou se adaptar, sendo não só um companheiro de brincadeiras espontâneas, mas também a ter responsabilidade em atividades lúdicas, porém terapêuticas com o irmão. Minha vida profissional foi interrompida e esse tempo passou a ser dedicado à família que Deus me deu.
Nossa casa tinha poucos móveis, que sempre foram obstáculos para o Davi, mas contava com muitos brinquedos sensoriais. Com uma caminhada desequilibrada, linguagem quase incompreensível e desenvolvimento cognitivo profundamente comprometido, os primeiros anos foram cheios de diagnósticos pessimistas. Mas sempre encontrávamos forças no Senhor, que nos proporcionou e continua nos proporcionando incontáveis momentos de alegria e motivação, fator fundamental para termos uma caminhada leve e esperançosa.
Ele ainda não lê, mas gosta de folhear revistas e jornais, além de ter uma curiosa habilidade com aparelhos tecnológicos, sempre encontrando aquilo que o interessa na internet sem ajuda de terceiros; e também nos entende relativamente bem, mesmo que as respostas emitidas por ele sejam limitadas.
A relação do Davi com a fé cristã sempre foi a melhor possível; todos os domingos frequentamos os cultos matinais em nossa igreja, e ele participa ativamente de todas as partes da celebração, se animando durante os louvores e prestando atenção na hora da palavra. Quando mais novo, ele realizou sua confissão de fé através do programa infantil Tio Uli e os Bonecos, exibido pela Rede Super de televisão. Foi algo inesperado e espontâneo que nos encheu profundamente de alegria e certeza que Deus tem um plano em sua vida. Alguns anos mais tarde o batizamos, como símbolo da certeza que temos de sua crença em Jesus Cristo.
Claro que temos dificuldades a vencer. Noites sem dormir, ter que vesti-lo e realizar toda sua higiene são só alguns dos exemplos. O que mais nos preocupa é sua completa inocência em relação ao mundo, o que o coloca em inúmeras situações de perigo se não o vigiarmos a todo o momento. Da mesma forma que pega uma borboleta, também pega um escorpião; com a mesma tranquilidade que anda em casa, atravessa uma avenida.
Entretanto, sabemos que Cristo está no controle da nossa jornada e que podemos sempre contar com seu amor e proteção em nossas vidas. Hoje posso dizer que como família somos muito gratos pela vida do Davi e através dele podemos enxergar um pouco mais do carinho de Deus todos os dias.
• Ricardo Siqueira é assessor de comunicação na Assembleia Legislativa de Minas Gerais.
Davi sempre teve ótima saúde, mas nos primeiros meses de vida o quadro de hipotonia nos chamou a atenção. Os especialistas consultados não arriscavam um diagnóstico médico. Com o passar do tempo, e o desenvolvimento cognitivo muito atrasado, chegamos enfim à conclusão, aos 12 anos de idade, de que se tratava de transtorno do espectro autista, um distúrbio neurológico caracterizado pelo comprometimento da interação social, comunicação verbal e não-verbal e comportamento restrito e repetitivo.
Tivemos que ajustar a rotina familiar, inclusive as atividades da igreja, a uma realidade desconhecida e restritiva. Davi necessitava de fisioterapia, fonoaudiologia e terapia ocupacional, e foi preciso que todos em casa se tornassem atores importantes no estímulo para o desenvolvimento dele. Além dos pais, Tiago também precisou se adaptar, sendo não só um companheiro de brincadeiras espontâneas, mas também a ter responsabilidade em atividades lúdicas, porém terapêuticas com o irmão. Minha vida profissional foi interrompida e esse tempo passou a ser dedicado à família que Deus me deu.
Nossa casa tinha poucos móveis, que sempre foram obstáculos para o Davi, mas contava com muitos brinquedos sensoriais. Com uma caminhada desequilibrada, linguagem quase incompreensível e desenvolvimento cognitivo profundamente comprometido, os primeiros anos foram cheios de diagnósticos pessimistas. Mas sempre encontrávamos forças no Senhor, que nos proporcionou e continua nos proporcionando incontáveis momentos de alegria e motivação, fator fundamental para termos uma caminhada leve e esperançosa.
Ele ainda não lê, mas gosta de folhear revistas e jornais, além de ter uma curiosa habilidade com aparelhos tecnológicos, sempre encontrando aquilo que o interessa na internet sem ajuda de terceiros; e também nos entende relativamente bem, mesmo que as respostas emitidas por ele sejam limitadas.
A relação do Davi com a fé cristã sempre foi a melhor possível; todos os domingos frequentamos os cultos matinais em nossa igreja, e ele participa ativamente de todas as partes da celebração, se animando durante os louvores e prestando atenção na hora da palavra. Quando mais novo, ele realizou sua confissão de fé através do programa infantil Tio Uli e os Bonecos, exibido pela Rede Super de televisão. Foi algo inesperado e espontâneo que nos encheu profundamente de alegria e certeza que Deus tem um plano em sua vida. Alguns anos mais tarde o batizamos, como símbolo da certeza que temos de sua crença em Jesus Cristo.
Claro que temos dificuldades a vencer. Noites sem dormir, ter que vesti-lo e realizar toda sua higiene são só alguns dos exemplos. O que mais nos preocupa é sua completa inocência em relação ao mundo, o que o coloca em inúmeras situações de perigo se não o vigiarmos a todo o momento. Da mesma forma que pega uma borboleta, também pega um escorpião; com a mesma tranquilidade que anda em casa, atravessa uma avenida.
Entretanto, sabemos que Cristo está no controle da nossa jornada e que podemos sempre contar com seu amor e proteção em nossas vidas. Hoje posso dizer que como família somos muito gratos pela vida do Davi e através dele podemos enxergar um pouco mais do carinho de Deus todos os dias.
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