Opinião
- 09 de abril de 2015
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A diferença que C. S. Lewis fez em minha formação cristã
Comecei a ler C. S. Lewis há quase quarenta anos, ainda novo na fé. Comecei com “Longe do Planeta Silencioso”. Foi um furacão. Atravessei sinal vermelho pensando nos diálogos do livro. O livro se mostrou em grande harmonia com a Bíblia, revolucionou minhas ideias e me fez olhar para além das possiblidades estreitas do meu conhecimento recente. Com a série “Crônicas de Nárnia” eu bebia sofregamente nas lindas alegorias de um mundo que parecia infantil, mas que embutia em cada história a realidade do mundo no qual vivemos. “Cristianismo Puro e Simples” foi para mim uma fonte de esclarecimentos sobre conceitos de certo e errado, tempo, trindade, etc. Em “Milagres”, vi a maneira brilhante com que Lewis mostrava as contradições do naturalismo. Em “O Grande Abismo” me empolguei com os diálogos que esclareciam e desmascaravam falsos cristãos. Em Surpreendido Pela Alegria pude ver como ele se abria, mostrando suas fragilidades e não tendo ilusões a respeito de si mesmo. O que ele falava da queda humana era o que ele via em seu próprio corpo e desejos. Eu poderia continuar citando passagens e falando sobre a importância de seus textos por muito tempo ainda, sempre tendo o que acrescentar.
Se os livros de Lewis foram tão construtivos na formação do meu pensamento cristão e na maneira com que eu leio a Bíblia (fiquei mais “preso” às Escrituras do que nunca), eles foram especialmente importantes para o meu dia a dia, para a minha vida como cidadão, funcionário público, marido, pai, líder cristão. Suas ficções me reportaram a situações práticas, onde tinha que tomar decisões não só comunitárias, mas, sobretudo éticas. Identifiquei-me com seus frágeis heróis, que se deixavam moldar sujeitando-se a grandes sofrimentos para serem transformados e cumprirem suas missões. Lendo os seus exemplos e ensinos, os valores cristãos ganharam um peso muito maior nas minhas decisões diárias. A noção das consequências de meus atos na vida dos outros e para as gerações seguintes ganhou força. Até hoje quando decido algo, ou quando estou pregando, oro pedindo a Deus que me proteja de estar lançando palavras ou praticando atos que prejudiquem outros, principalmente os das novas gerações. Entendi que sou um elo na história e não devo viver apenas para o meu tempo, que tudo o que faço tem consequências eternas e por isso carregam grande peso para as gerações seguintes. Os seus personagens e diálogos me ajudaram a procurar melhorar a cada dia, não para ser melhor do que os outros, mas ser melhor do que eu era no dia anterior. Vi também que ser “melhor” não é aparentar melhor, ou enganar a mim mesmo pensando estar melhor. Aprendi que ser melhor é rejeitar cada vez mais fortemente o pecado e qualquer coisa que desagrade a Deus, é ter cada vez mais vergonha dos maus atos praticados e desejar cada vez mais ardentemente jamais voltar a praticá-los. Percebi também que ser melhor tem a ver com gratidão a Deus pelos pecados perdoados, trazendo em decorrência “ações de graça” (atos frutos da gratidão pela graça de Deus).
Aprendi com Lewis que ser bom é muito mais do que ser “gente boa”, que nossa bondade na maioria das vezes é cosmética e anestésica. Cosmética porque tem a profundidade suficiente apenas para preservar nossa imagem diante dos outros. Anestésica porque ela visa também calar nossa consciência. Entendi melhor o que a Bíblia diz quando nos manda “negar-se a si mesmo”, “nascer de novo” ou o que Paulo queria dizer com “em mim não habita bem algum”. Vi também em seus diálogos que amar não tem nada a ver com gostar, assim como agir não tem nada a ver com sentir.
Lewis não escrevia por escrever, para vender ou ter sucesso. Os escritos dele tinham propósito. A sua trilogia do espaço, por exemplo, como ele diz na carta ao final do primeiro livro, foi escrita para responder às ideias de acadêmicos anticristãos de sua época, sem o perigo de ser processado. Suas palestras de rádio, que acabaram virando “Cristianismo Puro e Simples”, nos chamam a um cristianismo prático e consciente. O terceiro livro da trilogia do espaço (“Essa Força Medonha”) mostra que a morte é um preço baixo a se pagar para vivermos nossos valores cristãos, se comparado a tudo o que está em jogo (a eternidade nossa e de todos que sofrem consequências do que fazemos ou dizemos). Em “O Grande Abismo” ele traz personagens do nosso cotidiano, inclusive religiosos, sendo desmascarados e mostrando que suas vidas “piedosas” não passavam de superficialidades.
Como observação final quero dizer que é perigoso atribuir muita coisa a uma pessoa só. Muitos outros autores também me influenciaram. Lewis era profundamente bíblico, principalmente no espírito da mensagem. Não quero cair na armadilha de deixar que qualquer autor seja um padrão que vá julgar a Bíblia. O padrão será sempre as Escrituras.
• José Miranda Filho foi presidente da ABUB (Aliança Bíblica Universitária do Brasil), ministério este ao qual ele está envolvido há mais de três décadas.
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Um Ano com C. S. Lewis – leituras diárias de suas obras clássicas
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Se os livros de Lewis foram tão construtivos na formação do meu pensamento cristão e na maneira com que eu leio a Bíblia (fiquei mais “preso” às Escrituras do que nunca), eles foram especialmente importantes para o meu dia a dia, para a minha vida como cidadão, funcionário público, marido, pai, líder cristão. Suas ficções me reportaram a situações práticas, onde tinha que tomar decisões não só comunitárias, mas, sobretudo éticas. Identifiquei-me com seus frágeis heróis, que se deixavam moldar sujeitando-se a grandes sofrimentos para serem transformados e cumprirem suas missões. Lendo os seus exemplos e ensinos, os valores cristãos ganharam um peso muito maior nas minhas decisões diárias. A noção das consequências de meus atos na vida dos outros e para as gerações seguintes ganhou força. Até hoje quando decido algo, ou quando estou pregando, oro pedindo a Deus que me proteja de estar lançando palavras ou praticando atos que prejudiquem outros, principalmente os das novas gerações. Entendi que sou um elo na história e não devo viver apenas para o meu tempo, que tudo o que faço tem consequências eternas e por isso carregam grande peso para as gerações seguintes. Os seus personagens e diálogos me ajudaram a procurar melhorar a cada dia, não para ser melhor do que os outros, mas ser melhor do que eu era no dia anterior. Vi também que ser “melhor” não é aparentar melhor, ou enganar a mim mesmo pensando estar melhor. Aprendi que ser melhor é rejeitar cada vez mais fortemente o pecado e qualquer coisa que desagrade a Deus, é ter cada vez mais vergonha dos maus atos praticados e desejar cada vez mais ardentemente jamais voltar a praticá-los. Percebi também que ser melhor tem a ver com gratidão a Deus pelos pecados perdoados, trazendo em decorrência “ações de graça” (atos frutos da gratidão pela graça de Deus).
Aprendi com Lewis que ser bom é muito mais do que ser “gente boa”, que nossa bondade na maioria das vezes é cosmética e anestésica. Cosmética porque tem a profundidade suficiente apenas para preservar nossa imagem diante dos outros. Anestésica porque ela visa também calar nossa consciência. Entendi melhor o que a Bíblia diz quando nos manda “negar-se a si mesmo”, “nascer de novo” ou o que Paulo queria dizer com “em mim não habita bem algum”. Vi também em seus diálogos que amar não tem nada a ver com gostar, assim como agir não tem nada a ver com sentir.
Lewis não escrevia por escrever, para vender ou ter sucesso. Os escritos dele tinham propósito. A sua trilogia do espaço, por exemplo, como ele diz na carta ao final do primeiro livro, foi escrita para responder às ideias de acadêmicos anticristãos de sua época, sem o perigo de ser processado. Suas palestras de rádio, que acabaram virando “Cristianismo Puro e Simples”, nos chamam a um cristianismo prático e consciente. O terceiro livro da trilogia do espaço (“Essa Força Medonha”) mostra que a morte é um preço baixo a se pagar para vivermos nossos valores cristãos, se comparado a tudo o que está em jogo (a eternidade nossa e de todos que sofrem consequências do que fazemos ou dizemos). Em “O Grande Abismo” ele traz personagens do nosso cotidiano, inclusive religiosos, sendo desmascarados e mostrando que suas vidas “piedosas” não passavam de superficialidades.
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