Opinião
09 de setembro de 2013
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A devoção do descanso
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Mas será que bem entendemos o conceito de descanso sabático? Captamos, de fato, o “espírito” do sábado, e não apenas a lei ou costume do descanso?
Na primeira versão da história da criação, cada vez que uma nova parte da terra era criada, vinha a frase: “E viu Deus que era bom.” O resultado final foi: “E Deus viu tudo o que havia feito, e tudo havia ficado muito bom. Passaram-se a tarde e a manhã; esse foi o sexto dia. Assim foram concluídos os céus e a terra, e tudo o que neles há. No sétimo dia Deus já havia concluído a obra que realizara, e nesse dia descansou. Abençoou Deus o sétimo dia e o santificou, porque nele descansou de toda a obra que realizara na criação." (Gn 1.31-2.3, NVI).
Poderia ser fácil ler e interpretar estas palavras de que Deus descansou porque Deus estava cansado. Um Deus cansado, fatigado e com excesso de trabalho por tudo o que acabara de criar!? Entretanto, uma compreensão judaico-cristã de Deus como Todo Poderoso não pode imaginar ao pé da letra um Deus esgotado, com um excesso de trabalho. Que tal entendermos que Deus não meramente descansou depois de criar, mas sim que ele descansou na criação? Ele descansou na bondade, na criação do trabalho. Descansou na beleza, na fato de ter concluído a obra.
Quantas vezes nós só paramos de trabalhar quando somos obrigados? Foi porque estávamos extremamente cansados que paramos e descansamos? Está é a imagem que obtemos do criador do universo? Ao contrário, temos que entender que a expressão em hebraico "parou de trabalhar" significa que tudo está completo, acabado, harmonizado. Tudo ficou bom, muito bom.
Deus está continuamente criando, redimindo, restaurando e fazendo coisas novas. Mesmo que entendamos que as tarefas e o mundo quase nunca param e chegam ao final, nos unimos a este criador que completa as coisas.
Não deveríamos, então, tratar o “sabat” desta maneira: como a oportunidade de olhar a missão de Deus no mundo e a pequena parte dela que ele nos comissionou,e assim dizer: “é bom”? Deveríamos ver como uma oportunidade de parar e dizer que o autor e consumador da fé, aquele que completará toda boa obra, e que está no processo de completar uma obra redentiva no mundo por meio de nós, nos convida para pararmos regularmente, talvez inclusive durante o dia, e apreciar e afirmar o trabalho.
Ao responder ao chamado da missão integral, estamos muitas vezes entrando nas verdades e desafios de Isaías 58 que pergunta: “O que faz o verdadeiro jejum?”. Mas nós paramos depois de ler a lista que nos diz que devemos alimentar o faminto, vestir o nu e o prisioneiro, reconstruir as ruínas? Além de todo o trabalho duro de honrar a justiça de Deus desta maneira essencial, também se aconselha a “nos deliciarmos com o sábado”. Um dia para nos deleitamos em parar de trabalhar. Um dia para tirarmos o olhar do planejamento estratégico, das oportunidades de ministério, das séries de sermões, das oficinas, da escrita e do trabalho de reconstrução das ruínas antigas e a restauração das ruas onde colocaram lixo por tantos anos... e simplesmente afirmarmos que apesar de tanta injustiça e de coisas ainda não boas neste mundo, também podemos contemplar a obra de nossas mãos, em colaboração com o Deus Criador, e dizer “é bom!”.
Nota:
Texto publicado originalmente no site da Rede Miquéias. Tradução do espanhol: Flávio Conrado.
____________
Caroline Powell trabalha em The Warehouse, uma organização que apoia igrejas cristãs da África do Sul que lutam contra a pobreza.
Leia mais
O descanso e as terras livres (Levítico 25)
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Trabalho, descanso e dinheiro
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