Opinião
- 27 de março de 2009
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A ciência precisa da religião?*
Os primeiros brotos da ciência moderna surgiram da crença de que há uma racionalidade intrínseca ao universo físico, em virtude de sua criação pela própria fonte de toda razão. Se a Razão permeia todo o universo, e nós fomos contemplados com uma participação nessa razão, podemos esperar compreender, ao menos de um modo limitado, como o universo funciona. O pano de fundo teísta deu resposta a duas importantes questões. Por que podemos assumir a regularidade dos processos físicos, sejam ou não eles totalmente determinados, e por que as nossas mentes são ajustadas para compreendê-los? O slogan da escola de filósofos e teólogos conhecida como Platonistas de Cambridge3, que foram influentes no tempo da fundação da Royal Society depois da restauração da monarquia, era “a razão é a lâmpada do Senhor”. Eles não levantaram nenhuma objeção à inquirição racional, sob alegações de que humanos estariam tentando ir além de si mesmos e considerando-se mestres da criação. Nossa razão seria, como um candeeiro, pálida e tremeluzente, se comparada à luz da sabedoria de Deus. A despeito disso, seria suficiente para nos capacitar a obter algum conhecimento. Todo o espaço era dado por eles para reconhecer a fabilidade e a parcialidade do conhecimento humano; mas sendo nós, como se pensava, feitos à imagem de Deus, poderíamos obter lampejos de compreensão por meio da ciência e de outras operações da mente humana. Na verdade, de acordo com essa visão da razão como enraizada em Deus, a racionalidade humana não seria uma desamparada. Num sentido geral, ela seria tão revelatória dos propósitos de Deus quando a mais específica revelação ensinada pelo cristianismo. O platonismo dos Platonistas de Cambridge4 era capaz de lidar bem com um contraste entre o conhecimento incerto e vacilante aqui e agora, e o conhecimento perfeito em outra esfera. Essa realidade mais alta estaria, no entanto, refletida em nosso mundo físico, de modo que este mundo, com sua estrutura e ordem, dependeria de uma forma superior de existência para fazer sentido.
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