Opinião
- 27 de março de 2009
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A ciência precisa da religião?*
Uma recusa em postular entidades não-naturais pode ser uma forma de fazer progresso em ciência, mas isso não significa que tais entidades não possam existir, ou que, por exemplo, intervenções divinas não possam acontecer. Nenhum cientista deveria render-se a apelos a duendes, mas isso não nos impele à conclusão de que o mundo físico só pode ser explicado em seus próprios termos, sem a possibilidade lógica de uma agência externa. Uma vez que pensemos que a ciência pode explicar tudo, qualquer coisa além do seu compasso parecerá tão irreal quanto um duende. A ciência não pode lidar com eventos e entidades não-físicas. De fato é um paradoxo que a ciência seja um produto da mente humana, mas possa lidar com a ideia de uma mente apenas por meio da redução dela às suas origens físicas. Isso apenas mostra os possíveis limites da ciência como meio de aquisição de conhecimento, de modo algum fechando a questão sobre o que pode ser real. É crucial pôr à parte as questões epistemológicas, sobre como obtemos conhecimento, daquelas da metafísica, sobre o que há para ser conhecido. Nós não deveríamos jamais assumir, sem argumentação posterior, que o que não pode ser explicado pela ciência não pode existir, meramente por esta razão.
A ciência precisa de Deus?
A ciência não pode escapar de premissas filosóficas sobre a estrutura na qual a sua própria atividade tem lugar. Por um lado, ela tem de assumir que há um mundo real com um caráter particular, e que ela mesma não é um sistema elaborado de ficção. Entretanto, a ideia de que a ciência deva ser isolada de outros ramos de conhecimento putativo apenas faz sentido se já se fez o julgamento de que a ciência é a única fonte de conhecimento, porque nenhuma realidade existiria além do seu alcance. Em inglês, a palavra latina para conhecimento, “scientia”, tem sido estreitada para significar apenas conhecimento empírico, e isto, talvez, reflita uma asserção amplamente compartilhada.
Muitos tomam por certo que a ciência funciona, e não se incomodam em pensar a respeito do que precisa ser assumido para que tal seja possível. Porém, o que garante a nossa pressuposição de que a observação e o experimento, e toda a panóplia do conhecimento empírico, tem bases sólidas? O fato de que observações aqui e experimentos ali podem ser generalizados de modo a obtermos uma aplicação universal deveria nos deixar surpresos. A ciência, no entanto, pode apenas proceder sobre a suposição de que cada parte da natureza é representativa para outras partes, mesmo em outros lugares do universo. A assim-chamada “uniformidade da natureza” não pode ser descoberta pela ciência, desde que sempre apenas uma pequena parte do mundo físico será acessível. Porém, nós assumimos que as leis físicas têm amplo alcance, e que podem nos ajudar a prever o que ainda não ocorreu. Por indução, nós sempre pensamos que podemos nos mover daquilo que já experimentamos para o que ainda não experimentamos, do conhecido para o desconhecido.
A ciência, na era moderna, não surgiu em um vácuo. Por que a ênfase moderna na razão experimental substituiu a inclinação prévia pelo raciocínio mais especulativo? Em vez de teorizar, talvez através da geometria, sobre como o mundo deveria ser, os cientistas compreenderam a necessidade de investigar como ele na verdade é; deu-se um crescente reconhecimento da contingência do mundo físico.
A ciência precisa de Deus?
A ciência não pode escapar de premissas filosóficas sobre a estrutura na qual a sua própria atividade tem lugar. Por um lado, ela tem de assumir que há um mundo real com um caráter particular, e que ela mesma não é um sistema elaborado de ficção. Entretanto, a ideia de que a ciência deva ser isolada de outros ramos de conhecimento putativo apenas faz sentido se já se fez o julgamento de que a ciência é a única fonte de conhecimento, porque nenhuma realidade existiria além do seu alcance. Em inglês, a palavra latina para conhecimento, “scientia”, tem sido estreitada para significar apenas conhecimento empírico, e isto, talvez, reflita uma asserção amplamente compartilhada.
Muitos tomam por certo que a ciência funciona, e não se incomodam em pensar a respeito do que precisa ser assumido para que tal seja possível. Porém, o que garante a nossa pressuposição de que a observação e o experimento, e toda a panóplia do conhecimento empírico, tem bases sólidas? O fato de que observações aqui e experimentos ali podem ser generalizados de modo a obtermos uma aplicação universal deveria nos deixar surpresos. A ciência, no entanto, pode apenas proceder sobre a suposição de que cada parte da natureza é representativa para outras partes, mesmo em outros lugares do universo. A assim-chamada “uniformidade da natureza” não pode ser descoberta pela ciência, desde que sempre apenas uma pequena parte do mundo físico será acessível. Porém, nós assumimos que as leis físicas têm amplo alcance, e que podem nos ajudar a prever o que ainda não ocorreu. Por indução, nós sempre pensamos que podemos nos mover daquilo que já experimentamos para o que ainda não experimentamos, do conhecido para o desconhecido.
A ciência, na era moderna, não surgiu em um vácuo. Por que a ênfase moderna na razão experimental substituiu a inclinação prévia pelo raciocínio mais especulativo? Em vez de teorizar, talvez através da geometria, sobre como o mundo deveria ser, os cientistas compreenderam a necessidade de investigar como ele na verdade é; deu-se um crescente reconhecimento da contingência do mundo físico.
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