Opinião
- 27 de março de 2009
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A ciência precisa da religião?*
A crença em uma racionalidade universal era típica do que veio a ser chamado de modernidade, mas em anos recentes, o assim-chamado “pós-modernismo” desafiou esta crença. Como podemos ter certeza de que todos compartilham da mesma habilidade de raciocinar, e que podem juntos alcançar uma verdade que valha para todos? O pós-modernismo nega tal noção e enfatiza, em vez disso, as diferenças entre épocas e tradições. O que é considerado obviamente verdadeiro em certo tempo e lugar pode ser muito diferente das asserções aceitas em outro tempo. Não haveria então uma racionalidade todo abrangente, ou um núcleo comum de raciocínio que todos os humanos possam compartilhar, nem verdade objetiva sustentando-se de geração em geração. Tais asserções (que em si mesmas soam como reivindicações de verdade objetiva) poderiam solapar a fundamentação inteira que subjaz à ciência.
Esta não poderia mais ser vista como aplicação sistemática da razão humana, mas meramente como o resultado dos preconceitos de uma tradição particular. Assim nós poderíamos falar em ciência “Ocidental”, ou ciência “moderna”, cujas descobertas não seriam descobertas de modo algum, mas o mero desdobramento de certas pressuposições historicamente condicionadas.
Alguns vêm dando boas vindas ao modo como o pós-modernismo esvazia as pretensões da ciência, porque assim, pensam eles, cria-se espaço para o funcionamento da religião. Se a ciência não puder reivindicar a verdade, também não poderá excluir a religião com base na falsidade desta. Porém, o custo de tal operação é alto. Não apenas a ciência surge impotente, como também nenhuma crença religiosa pode mais reivindicar veracidade. Não havendo razão para fazer ciência, também não haverá razão para ser religiosamente comprometido. A “razão” é assim destruída. E nada se segue disso senão que ciência e religião constituiriam corpos diferentes de crença, postos em compartimentos autocontidos. Nenhuma poderia atacar ou apoiar, ou dizer qualquer coisa de relevante à outra. Cada uma teria de deixar a outra sozinha.
Esse impasse entre corpos de crença, que poderiam até estar em conflito mútuo, pode ser bem-vindo em alguns lugares.
Esta não poderia mais ser vista como aplicação sistemática da razão humana, mas meramente como o resultado dos preconceitos de uma tradição particular. Assim nós poderíamos falar em ciência “Ocidental”, ou ciência “moderna”, cujas descobertas não seriam descobertas de modo algum, mas o mero desdobramento de certas pressuposições historicamente condicionadas.
Alguns vêm dando boas vindas ao modo como o pós-modernismo esvazia as pretensões da ciência, porque assim, pensam eles, cria-se espaço para o funcionamento da religião. Se a ciência não puder reivindicar a verdade, também não poderá excluir a religião com base na falsidade desta. Porém, o custo de tal operação é alto. Não apenas a ciência surge impotente, como também nenhuma crença religiosa pode mais reivindicar veracidade. Não havendo razão para fazer ciência, também não haverá razão para ser religiosamente comprometido. A “razão” é assim destruída. E nada se segue disso senão que ciência e religião constituiriam corpos diferentes de crença, postos em compartimentos autocontidos. Nenhuma poderia atacar ou apoiar, ou dizer qualquer coisa de relevante à outra. Cada uma teria de deixar a outra sozinha.
Esse impasse entre corpos de crença, que poderiam até estar em conflito mútuo, pode ser bem-vindo em alguns lugares.
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