Opinião
- 18 de novembro de 2015
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A campanha da Globo e a legalização do aborto
Dizer que fiquei chocada com a campanha da Globo em favor do aborto seria um exagero, pois não foi exatamente esse sentimento que me acometeu, pois a gente se escandaliza fácil com o inesperado e o que vai contra a moral e os bons costumes. Na verdade, não fiquei muito surpresa, pois C.S. Lewis já me preparou para coisas desse tipo que não passam de um sinal do modernismo e, mais recentemente, do pós-modernismo, caracterizados pelo egoísmo, individualismo e subjetivismo.
Nesse vídeo, atores globais, homens e mulheres, usam um vestido cor de rosa e uma peruca para representar uma grávida, enquanto declamam, intercaladamente o texto. A mensagem central, a meu ver, após afirmar a repressão da mulher que, grávida, não pode reclamar e tem que permanecer bonita, é a que questiona: “e se ela foi estuprada, e se ela não quiser um filho, não pode abortar...”
Veja, aqui se coloca lado a lado duas situações completamente diferentes: uma objetiva, de estupro, e outra de desejo, não querer o filho, como se todos os casos de criança indesejada fossem desse tipo. E pela forma como está sendo colocado, a ênfase está no querer ou não querer a criança, e não no crime. Mas as conclusões são aplicadas a todos os casos. E o clímax vem logo em seguida, com a frase absolutamente individualista, subjetivista e egoísta, por mais que se diga que não seja: “Meu corpo, minhas regras”, fazendo um jogo de palavras com a menstruação. Como se ter um filho fosse apenas uma questão material, física, corporal e nada tivesse a ver com a vida de uma terceira pessoa (a segunda é a do parceiro, que também não é mencionado).
Em seguida, ser mãe ou não ser mãe, que se transforma em ser mulher ou não ser mulher, é disputado na base da brincadeira das pétalas de uma flor, como se fosse uma questão do acaso e da escolha ao léu. O vídeo termina com uma série de mulheres famosas na literatura e com a pergunta: o que é ser mulher, o que é uma mulher? Como se abortar ou não fosse uma questão não de vida ou de morte, mas de identidade subjetiva da mulher.
No final do vídeo, há a reiteração da frase absolutamente hedonista e epicurista: “Meu corpo, minhas regras.” Ora, o lema é adotado por pessoas totalitárias, psicopatas, drogados e viciados em geral e crianças muito mimadas, menos gente de bem e que considera os outros e o bem comum.
Não vou nem me reportar à observação no vídeo, cheia de ironia e deboche, de que a crença no nascimento de Jesus de uma virgem fosse decorrência de um erro de tradução na Bíblia, pois dispensa comentários.
Chamo a atenção antes para a celebração da privação de uma vida para evitar o desconforto de uma mulher que valoriza outras coisas mais do que a vida.
Um blog feminista tenta se defender, apresentando dados, sem citar fontes, de que a legalização do aborto, que é o projeto político que inspirou o vídeo, não aumenta o número de abortos e que a sua criminalização não diminui o seu número. Bem, só se poderia ter certeza sobre isso se o aborto fosse legalizado em vários países e não apenas em alguns, que não são uma amostra representativa.
Segundo as feministas ainda, ser a favor da legalização seria uma forma de proteger a vida das mulheres que teriam mais condições e recursos dos sistemas de saúde para fazer o procedimento de forma legal.
Se fôssemos usar essa lógica, em breve também teríamos que legalizar o roubo e o assassinato, já que a punição não reduz o número de incidências e a legalização contribui para o conforto dos ladrões e dos assassinos. Afinal, “meu corpo, minhas regras”, nem que sejam as de roubar e assassinar.
Isso não significa ser contra nos casos em que o aborto já é permitido no Brasil, como no caso de recomendação médica. Significa ser a favor da vida, como qualquer criança seria. Que tal perguntar às crianças, que são as maiores interessadas, o que acham do aborto?1
Nota:
1. Já existe um vídeo com crianças, mas, ao meu ver, muito induzido por adultos. Eu faria uma enquete sem rodeios, perguntando às crianças simplesmente o que elas acham do aborto, explicando-lhes obviamente, de forma objetiva, o que é isso.
Leia também
A Criança, a Missão e a Igreja
Uma Criança os Guiará
A humanidade da criança (não nascida) destruída
Foto: Valeer Vandenbosch/Freeimages.com
Nesse vídeo, atores globais, homens e mulheres, usam um vestido cor de rosa e uma peruca para representar uma grávida, enquanto declamam, intercaladamente o texto. A mensagem central, a meu ver, após afirmar a repressão da mulher que, grávida, não pode reclamar e tem que permanecer bonita, é a que questiona: “e se ela foi estuprada, e se ela não quiser um filho, não pode abortar...”
Veja, aqui se coloca lado a lado duas situações completamente diferentes: uma objetiva, de estupro, e outra de desejo, não querer o filho, como se todos os casos de criança indesejada fossem desse tipo. E pela forma como está sendo colocado, a ênfase está no querer ou não querer a criança, e não no crime. Mas as conclusões são aplicadas a todos os casos. E o clímax vem logo em seguida, com a frase absolutamente individualista, subjetivista e egoísta, por mais que se diga que não seja: “Meu corpo, minhas regras”, fazendo um jogo de palavras com a menstruação. Como se ter um filho fosse apenas uma questão material, física, corporal e nada tivesse a ver com a vida de uma terceira pessoa (a segunda é a do parceiro, que também não é mencionado).
Em seguida, ser mãe ou não ser mãe, que se transforma em ser mulher ou não ser mulher, é disputado na base da brincadeira das pétalas de uma flor, como se fosse uma questão do acaso e da escolha ao léu. O vídeo termina com uma série de mulheres famosas na literatura e com a pergunta: o que é ser mulher, o que é uma mulher? Como se abortar ou não fosse uma questão não de vida ou de morte, mas de identidade subjetiva da mulher.
No final do vídeo, há a reiteração da frase absolutamente hedonista e epicurista: “Meu corpo, minhas regras.” Ora, o lema é adotado por pessoas totalitárias, psicopatas, drogados e viciados em geral e crianças muito mimadas, menos gente de bem e que considera os outros e o bem comum.
Não vou nem me reportar à observação no vídeo, cheia de ironia e deboche, de que a crença no nascimento de Jesus de uma virgem fosse decorrência de um erro de tradução na Bíblia, pois dispensa comentários.
Chamo a atenção antes para a celebração da privação de uma vida para evitar o desconforto de uma mulher que valoriza outras coisas mais do que a vida.
Um blog feminista tenta se defender, apresentando dados, sem citar fontes, de que a legalização do aborto, que é o projeto político que inspirou o vídeo, não aumenta o número de abortos e que a sua criminalização não diminui o seu número. Bem, só se poderia ter certeza sobre isso se o aborto fosse legalizado em vários países e não apenas em alguns, que não são uma amostra representativa.
Segundo as feministas ainda, ser a favor da legalização seria uma forma de proteger a vida das mulheres que teriam mais condições e recursos dos sistemas de saúde para fazer o procedimento de forma legal.
Se fôssemos usar essa lógica, em breve também teríamos que legalizar o roubo e o assassinato, já que a punição não reduz o número de incidências e a legalização contribui para o conforto dos ladrões e dos assassinos. Afinal, “meu corpo, minhas regras”, nem que sejam as de roubar e assassinar.
Isso não significa ser contra nos casos em que o aborto já é permitido no Brasil, como no caso de recomendação médica. Significa ser a favor da vida, como qualquer criança seria. Que tal perguntar às crianças, que são as maiores interessadas, o que acham do aborto?1
Nota:
1. Já existe um vídeo com crianças, mas, ao meu ver, muito induzido por adultos. Eu faria uma enquete sem rodeios, perguntando às crianças simplesmente o que elas acham do aborto, explicando-lhes obviamente, de forma objetiva, o que é isso.
Leia também
A Criança, a Missão e a Igreja
Uma Criança os Guiará
A humanidade da criança (não nascida) destruída
Foto: Valeer Vandenbosch/Freeimages.com
É mestre e doutora em educação (USP) e doutora em estudos da tradução (UFSC). É autora de O Senhor dos Anéis: da fantasia à ética e tradutora de Um Ano com C.S. Lewis e Deus em Questão. Costuma se identificar como missionária no mundo acadêmico. É criadora e editora do site www.cslewis.com.br
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