Opinião
- 07 de agosto de 2024
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A Bíblia não é sobre você
Por Pedro Dulci
A Bíblia não é um amontoado de ideias soltas para você recorrer quando quiser confirmar seu próprio raciocínio favorito sobre assuntos mais variados.
Por força de péssimos hábitos e por falta de educação teológica, nós frequentemente a tratamos assim.
Recitamos nossos versículos bíblicos decorados para provar um argumento - e empurramos para dentro da sua narrativa sequências de significado estranhas à intenção autoral original.
O que essa prática comum da espiritualidade evangélica desconsidera é um fato que Geerhardus Vos já havia nos advertido: “A Bíblia não é um manual dogmático, mas um livro histórico cheio de interesse dramático".
Antes da ideia de “drama” virar uma modinha teológica, Vos ensinava que nossa leitura bíblica deveria ser totalmente diferente do que é praticada.
Deveria ser determinada pelo princípio da progressividade histórica do processo de revelação. Deus não se revelou de uma vez só em um ato exaustivo - como se um autor bíblico apenas se sentasse e ouvisse da boca de Deus todo o conteúdo da Revelação de uma vez.
Ao contrário, a revelação de Deus se desdobrou ao longo de uma série de atos sucessivos. É por isso que não podemos lidar com o texto bíblico de maneira aleatória ou segundo preferências subjetivas - ignorando as linhas de divisão delineadas pela própria revelação ao longo da história conduzida por Deus.
Isso é mais do que simplesmente seguir uma leitura de Gênesis a Apocalipse - ou ficar especulando a ordem canônica da Bíblia hebraica. A questão não é meramente cronológica - é dramática!
A única forma de produzirmos um novo vigor à maneira de enxergamos nosso lugar na história será através de uma renovação em nossa maneira de enxergar o próprio texto bíblico. Deixar de tratar a Escritura como um manual dogmático e passar a enxergá-la como um livro de intenção dramática.
Mais do que um mero modelo teórico, enxergar as Escrituras a partir do drama significa passar a encarar os atos da Trindade na história como um enredo e, principalmente, nossa participação pela graça de Deus, no desenrolar dessa trama da cruz!
REVISTA ULTIMATO | PARA QUE SERVE A TEOLOGIA?
A resposta à pergunta “Para que serve a teologia?” revela que ela serve a Deus, exaltando-o como Senhor. Serve a igreja, ajudando-a a conhecer e a adorar seu Deus. Serve o mundo, revelando a verdadeira fonte de sabedoria, beleza, sentido e salvação.
A teologia é resultado de esforço acadêmico e também do convívio singular entre cristãos; envolve profundo estudo, mas também ocorre na singela e comprometida leitura das Escrituras. Depende do Espírito, por isso implica humildade. Ajuda a conhecer a Deus e a amá-lo.
É disso que trata a matéria de capa da edição 408 da revista Ultimato. Para assinar, clique aqui.
Saiba mais:
» A Grande História – Um Convite para Professores Cristãos, Rick Hove, Heather Holleman
» A Bíblia - Um livro como nenhum outro, John Stott e Tim Chester
A Bíblia não é um amontoado de ideias soltas para você recorrer quando quiser confirmar seu próprio raciocínio favorito sobre assuntos mais variados.
Por força de péssimos hábitos e por falta de educação teológica, nós frequentemente a tratamos assim.
Recitamos nossos versículos bíblicos decorados para provar um argumento - e empurramos para dentro da sua narrativa sequências de significado estranhas à intenção autoral original.
O que essa prática comum da espiritualidade evangélica desconsidera é um fato que Geerhardus Vos já havia nos advertido: “A Bíblia não é um manual dogmático, mas um livro histórico cheio de interesse dramático".
Antes da ideia de “drama” virar uma modinha teológica, Vos ensinava que nossa leitura bíblica deveria ser totalmente diferente do que é praticada.
Deveria ser determinada pelo princípio da progressividade histórica do processo de revelação. Deus não se revelou de uma vez só em um ato exaustivo - como se um autor bíblico apenas se sentasse e ouvisse da boca de Deus todo o conteúdo da Revelação de uma vez.
Ao contrário, a revelação de Deus se desdobrou ao longo de uma série de atos sucessivos. É por isso que não podemos lidar com o texto bíblico de maneira aleatória ou segundo preferências subjetivas - ignorando as linhas de divisão delineadas pela própria revelação ao longo da história conduzida por Deus.
Isso é mais do que simplesmente seguir uma leitura de Gênesis a Apocalipse - ou ficar especulando a ordem canônica da Bíblia hebraica. A questão não é meramente cronológica - é dramática!
A única forma de produzirmos um novo vigor à maneira de enxergamos nosso lugar na história será através de uma renovação em nossa maneira de enxergar o próprio texto bíblico. Deixar de tratar a Escritura como um manual dogmático e passar a enxergá-la como um livro de intenção dramática.
Mais do que um mero modelo teórico, enxergar as Escrituras a partir do drama significa passar a encarar os atos da Trindade na história como um enredo e, principalmente, nossa participação pela graça de Deus, no desenrolar dessa trama da cruz!
REVISTA ULTIMATO | PARA QUE SERVE A TEOLOGIA?
A resposta à pergunta “Para que serve a teologia?” revela que ela serve a Deus, exaltando-o como Senhor. Serve a igreja, ajudando-a a conhecer e a adorar seu Deus. Serve o mundo, revelando a verdadeira fonte de sabedoria, beleza, sentido e salvação.
A teologia é resultado de esforço acadêmico e também do convívio singular entre cristãos; envolve profundo estudo, mas também ocorre na singela e comprometida leitura das Escrituras. Depende do Espírito, por isso implica humildade. Ajuda a conhecer a Deus e a amá-lo.
É disso que trata a matéria de capa da edição 408 da revista Ultimato. Para assinar, clique aqui.
Saiba mais:
» A Grande História – Um Convite para Professores Cristãos, Rick Hove, Heather Holleman
» A Bíblia - Um livro como nenhum outro, John Stott e Tim Chester
Autor de Fé Cristã e Ação Política, Pedro Lucas Dulci, é filósofo e pastor presbiteriano. Casado com Carolinne e pai de Benjamin, desenvolve pesquisa em ética e filosofia política contemporânea e estudos sobre o diálogo entre ciência e religião, com estágio na Vrije Universiteit Amsterdam. É teólogo e coordenador pedagógico no Invisible College.
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