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Opinião

A Bíblia e os refugiados

Por Erní Walter Seibert

A Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) define os refugiados da seguinte forma: “São pessoas que estão fora de seu país de origem devido a fundados temores de perseguição relacionados a questões de raça, religião, nacionalidade, pertencimento a um determinado grupo social ou opinião política, como também devido à grave e generalizada violação de direitos humanos e conflitos armados”. Segundo essa mesma agência, existem 25,4 milhões de refugiados no mundo. O país de onde vem mais refugiados é a Síria, seguida pelo Afeganistão, Sudão do Sul e vários países da África subsaariana. Aqui na América do Sul, o país que gerou maior número de refugiados foi a Venezuela.

No entanto, nem todos que abandonam seus países por causa da violência, insegurança ou fome, se registram em outros países como refugiados. Por isso, essas estatísticas nem sempre são muito exatas. Essa questão dos refugiados, que muitas vezes se confunde com a questão da migração, é um dos maiores problemas sociais enfrentados pelo mundo contemporâneo.

A palavra em português “refugiado” tem sua origem no latim. Significa alguém que recuava (re) em fuga (fúgio) para um lugar que considerava mais seguro. A pessoa sai da posição em que está para outra, numa atitude de recuo, para se proteger. Ninguém se refugia em outro país se está feliz em seu próprio país. A busca por um refúgio sempre é vista pelo refugiado como um recuo na vida em busca de segurança.

Na Bíblia, tanto no Antigo como no Novo Testamento, essa figura do refugiado aparece. Em Números 35 são mencionadas cidades refúgio que foram estabelecidas em Israel. Ali, as pessoas que matassem alguém em defesa própria, ou por acidente, tinham a oportunidade de se refugiar com segurança até o seu julgamento, sem correr o risco de serem assassinadas por vingança. Essas cidades eram um refúgio tanto para cidadãos do povo de Israel como para estrangeiros.

A palavra hebraica para refúgio era machăçeh– מַחֲסֶה e podia significar refúgio, abrigo da chuva, do temporal e da falsidade. O refúgio era um lugar para o qual a pessoa ia para estar mais segura do que na situação anterior. A palavra refúgio também era usada para buscar segurança em Deus. Isso aparece de forma muito clara no Salmo 46. O primeiro versículo desse Salmo diz: “Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente nas tribulações”.


Em grego, a palavra equivalente a refúgio era katafeugo. Em Hebreus 6.18 essa palavra aparece como “correr para o refúgio”. De certa forma se repete o sentido do latim que é recuar ou fugir para um lugar seguro.

Na Bíblia, essa ideia de precisar de um refúgio é associada a todos os seres humanos. Por causa do pecado, todo ser humano não encontra segurança. Deus ofereceu segurança novamente a todos, por meio de seu Filho, Jesus Cristo. Assim como Deus nos acolhe em seu amor, os que confiam em Deus são estimulados a acolherem em amor todos os que buscam refúgio. Os refugiados não devem ser hostilizados. Eles devem ser tratados com amor, mostrando que, assim como Deus nos dá refúgio, nós podemos dar refúgio para aqueles que buscam segurança.

O Salmo 46 foi o que inspirou Martinho Lutero a compor o hino Castelo Forte. Em meio às lutas e dificuldades em que o Reformador se encontrava, ele encontrou refúgio e fortaleza em Deus. Ele se tornou seu Castelo Forte. Assim também podemos testemunhar aos que estão em situação de refugiados que, em meio a todas as dificuldades que estão enfrentando, eles podem buscar e encontrar refúgio em Deus. Na Palavra de Deus encontramos refúgio. Ler a Bíblia ajuda os refugiados. Dar uma Bíblia a um refugiado, em sua própria língua, é uma atitude de amor. Que confortadora é esta mensagem bíblica.




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