Opinião
- 23 de novembro de 2022
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A Bíblia é o livro da paz que é maior do que todo o nosso entendimento
Por Mario Rost
Na Bíblia há vários textos que tratam de paz, mas tomemos dois textos bíblicos que tratam do tema. O primeiro, no Evangelho segundo João, capítulo 14, em que Jesus está avisando e preparando os seus seguidores para a iminência da sua partida. Jesus promete a vinda do Espírito Santo, o Auxiliador, que vem para ensinar e lembrar a eles tudo o que tinham ouvido dele:
“E a mensagem que vocês estão escutando não é minha, mas do Pai, que me enviou. – Tenho dito isso enquanto estou com vocês. Mas o Auxiliador, o Espírito Santo, que o Pai vai enviar em meu nome, ensinará a vocês todas as coisas e fará com que lembrem de tudo o que eu disse a vocês. – Deixo com vocês a paz. É a minha paz que eu lhes dou; não lhes dou a paz como o mundo a dá. Não fiquem aflitos, nem tenham medo” (João 14.24b-27 NTLH).
A outra passagem é do encontro de Jesus com os seus discípulos após a ressurreição:
“Em seguida lhes mostrou as suas mãos e o seu lado. E eles ficaram muito alegres ao verem o Senhor. Então Jesus disse de novo: – Que a paz esteja com vocês! Assim como o Pai me enviou, eu também envio vocês. Depois soprou sobre eles e disse: Recebam o Espírito Santo” (João 20.20-22).
Como é a paz que o mundo dá?
Então existe uma paz que o mundo dá? Uma paz que o mundo oferece e outra que Jesus dá? Como é a paz que o mundo dá? Ou deveríamos dizer: como é a paz que o mundo busca e raramente é capaz de entregar, tanto em questões amplas como nas interpessoais?
A busca pela paz exerce atração, tem um apelo universal. Qual povo ou pessoa não gostaria de encontrá-la? Embora dependa muito da atitude e disposição individual, é mais adequado entendermos que a paz entre pessoas e nações é um processo coletivo, é algo que deve ser construído com a participação das muitas partes. E, por isso mesmo, tão difícil de ser concretizada.
A verdade é que não existe uma receita mágica para estabelecer a paz. Não existe um pozinho mágico que a instaure instantaneamente. Talvez alguns de vocês lembrem do pó de pirlimpimpim, que era usado por personagens do Sítio do Pica Pau Amarelo, de Monteiro Lobato. Com um pouco de pirlimpimpim tudo se resolvia.
A paz que está ao alcance do mundo e pode tornar melhor a convivência entre pessoas não acontece sem esforço, paciência e persistência.
Diz respeito a cada um: uma atitude agressiva, contenciosa, o uso de um tom de fala intimidador, certamente não contribuem para a paz. Por outro lado, a serenidade para ouvir, respostas equilibradas, ambiente humanizado com empatia, geram um ambiente de compreensão, de calma – enfim, de paz.
A vinda de Jesus ao mundo foi anunciada em Lucas 2.14 num canto angelical que proclamou: “Glória a Deus nas maiores alturas do céu! E paz na terra para as pessoas a quem ele quer bem!”. A cada Natal, Jesus repete essa mensagem: paz na terra.
Com sua pregação Jesus freia ações de ódio e de violência entre as pessoas. Os resultados de uma caminhada com Jesus geram outro tipo de atitude, como se vê em Gálatas 5.22: “Mas o Espírito de Deus [prometido e derramado] produz o amor, a alegria, a paz, a paciência, a delicadeza, a bondade, a fidelidade, a humildade e o domínio próprio”. São os frutos do Espírito Santo em nós.
Quanto à busca da humanidade pela paz, bem refletiu Mahatma Gandhi, líder pacifista da independência da Índia: “Não existe um caminho para a paz. A paz é o caminho.”
A Bíblia é o livro da Paz! “Somente em Deus eu encontro paz e nele ponho a minha esperança” (Salmo 62.5). “Por isso procuremos sempre as coisas que trazem a paz e que nos ajudam a fortalecer uns aos outros na fé” (Romanos 14.19).
A paz de Jesus
Jesus disse: – “Deixo com vocês a paz. É a minha paz que eu lhes dou; não lhes dou a paz como o mundo a dá” (João 14.27).
E como é a paz que Jesus chama de “minha”? Como ela é diferente da paz que o mundo dá? Ela ainda é necessária? Se, como entendemos, a paz entre as pessoas é um processo de construção coletiva, a paz de Jesus é uma dádiva, algo que ele nos promete e dá. Os méritos são todos de Jesus, não nossos. É a paz da graça. Como Deus agiu e continua agindo em sua graça, nós temos a paz com ele. De fato, “graça e paz” andam juntas.
Quando compartilhamos o Evangelho de Jesus Cristo, a sua paz, a paz com Deus, alcança, transforma e dirige a vida das pessoas.
Notemos como ela está presente em saudações – “Que a paz esteja com vocês” – e bênçãos ou despedidas, como em 2Tessalonicenses 3.16: “Que o Senhor da paz dê a vocês a paz, sempre e de todas as maneiras! E que o Senhor esteja com todos vocês!” – e Romanos 15.33: “E que Deus, a nossa fonte de paz, esteja com todos vocês! Amém!”
Igrejas e outras organizações cristãs estão empenhadas em levar adiante a paz de Jesus. Particularmente neste final de ano estão participando de uma campanha proposta pela Sociedade Bíblica do Brasil (SBB), chamada “Um milhão de sementes da paz”. Uma edição especial de Novos Testamentos, com capa alusiva à paz, com destaque para as palavras de Jesus, com boas condições de leitura, foi preparada e está sendo distribuída em todo o Brasil. São sementes da paz que Jesus dá. Sementes que farão surgir ou renascer o relacionamento com Jesus, o Príncipe da Paz! Participe também com a sua igreja desta semeadura.
Receber e levar a paz resume bem a caminhada dos filhos de Deus
Sim, a paz de Jesus é um item importante para a nossa viagem neste mundo, por onde quer que andemos. A orientação recebida ensina: “E que a paz que Cristo dá dirija vocês nas suas decisões, pois foi para essa paz que Deus os chamou a fim de formarem um só corpo” (Colossenses 3.15).
Receber a dádiva da paz de Jesus nos capacita para sermos enviados. Certa vez Jesus disse: “ – Que a paz esteja com vocês! Assim como o Pai me enviou, eu também envio vocês. Depois soprou sobre eles e disse: – Recebam o Espírito Santo” (João 20.21-22).
Jesus nos despede e envia, dizendo: “Vá em paz”! Somos um povo que espalha essa dádiva de Deus. Um povo que não se distrai com ações contrárias, inimigos, etc.
Ele ensinou: “Quando entrarem numa casa, façam primeiro esta saudação: ‘Que a paz esteja nesta casa!’ Se um homem de paz morar ali, deixem a saudação com ele; mas, se o homem não for de paz, retirem a saudação” (Lucas 10.5-6).
A Bíblia é o livro da paz, da paz que é maior do que todo o nosso entendimento.
Ao longo de 2022 a Sociedade Bíblica do Brasil (SBB) realizou vários eventos e programações que tiveram como tema: “A Bíblia, o livro da Paz”. Sempre buscando incentivar os cristãos e igrejas a buscar a verdadeira Paz.
- Mario Rost, 62, nascido em Ijuí, RS, graduado em Teologia pelo Seminário Concórdia de Porto Alegre, RS, e Letras pela Universidade de São Paulo (USP), é pastor da Igreja Evangélica Luterana do Brasil (IELB) e Gerente de Desenvolvimento Institucional da Sociedade Bíblica do Brasil (“Engajamento com a Bíblia”).
OS CRISTÃOS E O BEM COMUM – O QUE FAZ A VIDA SER BOA PARA TODOS? (JR 29.7)
O subtítulo da matéria de capa traz uma pergunta crucial: o que faz a vida ser boa para todos? A pergunta é crucial pelas respostas, mas também – e antes de tudo – por causa daqueles que fazem a pergunta. Quem faz este tipo de pergunta pensa além de si e de sua “tribo”. Quem pensa nos outros e se importa com eles compartilha da natureza de seu Pai misericordioso e justo.
É disso que trata a matéria de capa da edição de 396 da revista Ultimato. Para assinar, clique aqui.
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