Palavra do leitor
- 27 de setembro de 2011
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"Vou-me embora pra Pasárgada, lá sou amigo do rei!"
Manuel Bandeira nasceu no Recife em 1886. Em 1904 foi diagnosticado com tuberculose: "O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão direito infiltrado. Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax? Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino".
Fez da vida um tango como um dos maiores escritores da língua portuguesa.
Em 1913 foi para a Suíça tratar-se. Leu Goethe e aprendeu Alemão. Em 1916 faleceu a mãe e no ano seguinte publicou seu primeiro livro: ‘A Cinza das Horas’. Um marco! Em 1918 morreu a irmã, sua dedicada enfermeira.
O pai faleceu em 1920. Em 1921 conheceu Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Sérgio Buarque de Holanda e outros. Bandeira não participou da Semana de Arte Moderna, em são Paulo, mas seu poema, ‘Os Sapos’, foi lido no Teatro Municipal na ocasião.
Em São Paulo fez amizade Paulo Prado, Menotti del Picchia, entre outros. No Rio de Janeiro, conviveu com Rodrigo Melo Franco de Andrade, Prudente de Morais Neto, Dante Milano. Em 1921 morreu seu irmão.
Viajou a Minas Gerais e tornou-se amigo de Carlos Drummond de Andrade. Voltou ao Recife em 1926 como fiscal de bancas examinadoras de cursos preparatórios, contribuindo com o jornal ‘A Província’, dirigido por Gilberto Freyre.
Nomeado inspetor de ensino pelo Ministro Gustavo Capanema em 1935, em 1937 foi indicado professor de literatura do Colégio Pedro II além de membro do Conselho Consultivo do Departamento do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Em 1940 elegeu-se membro da Academia Brasileira de Letras.
Professor de literatura hispano-americana da Faculdade Nacional de Filosofia em 1943 publicou ‘Obras Poéticas de Gonçalves Dias’. Mudou-se em 1953 para o Rio de Janeiro.
Traduziu Schiller, do Alemão, Macbeth, do Inglês, e La Machine Infernale, do Francês, tudo em 1956, entre muitas outras traduções.
Em 1963 escreveu as biografias de Gonçalves Dias, Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu, Junqueira Freire e Castro Alves, e ainda aproveitou para traduzir uma peça para teatro de Bertold Brecht, tudo naquele mesmo ano.
Comemorou 80 anos em 1966 e morreu no dia 13 de Outubro de 1968, às 12:50 hs, no Hospital Samaritano, no Rio de Janeiro.
Viveu muito doente, mas produziu muito.
A bispa da Igreja Renascer é saudável e produz pouco. Acaba de publicar um livro. Descreve a característica do marido que mais lhe impressionou: seus cabelos lisos. Ela sempre pediu a Deus que lhe desse um homem assim, liso! Da prisão do casal nos EUA, nada.
O apóstolo Valdemiro é outro saudável que produz o nada. Está em campanha pelos carnês para levar tudo; o assembleiano Malafaia idem, e ainda chama blogueiros de ‘filhos do diabo’. Botelho é do bem e saudável.
O PR é o partido que não produz nada é criação da Universal e passa por maus pedaços.
Igrejas tradicionais não sabem se escrevem ‘Omnipotência’ com ou sem o ‘m’. Questão teológica vital! A sopa de supermercados religiosos em grande produção vai bem obrigado. Esse mercado oferece todo tipo de produto. Basta crer e comprar.
O ‘cidadão da fé’, hoje, é aquele em que, quando rico, anda de Pajero, frequenta academias de musculação e entra na emergência do hospital com a bíblia sobre a cabeça na versão Almeida ou Shedd. Jamais passa sob uma escada, porém.
Encara a cultura como coisa boa para o filho e manda-o estudar no Mackenzie ou na UNIP do Di Genio, mas abençoa camisa, avental, lenço, fronha e outros babados de cetim.
Antigamente tomava uma ‘branquinha’ e dava um pouco ao Santo, hoje o ‘cidadão da fé’ é frequentador de igrejas ‘caça-níquel’. Só inverteu os sinais.
A favor dos pobres, aplaude o Bom Samaritano e tem uma ‘caidinha’ pela Esquerda. Entre um Serra administrador e uma Marina Profetiza da Floresta da Silva, fica com ela.
No mais, prefere o balanço e o requebrar sensual de um ‘louvorzão’ ajambrado dormindo à primeira construção lógica que vem do púlpito.
Se lhe perguntar o que é ‘prédica’, dirá que é um novo tipo de material de construção para prédios do Minha Casa, Minha Vida. Prefere sentir, não pensar.
Tem visão realista do diabo e do pecado e é capaz de discutir sobre os dois nos chamados ‘cafés’ e lavar a alma dos pecadilhos. Platonista de primeira, nunca leu o filósofo, mas é seu fiel seguidor por ignorância consentida.
O universo da razão não lhe interessa e o mundo material é sombra daquele para onde vai um dia, o Céu. É cultuador de heróis, desde que lhe deixe em paz com seus santinhos.
Diz-se que no Brasil até o passado é imprevisível. Idem para os ‘cidadãos da fé’ hoje em dia.
Pontua Bandeira:
E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
Lá sou amigo do rei
[...]
Vou-me embora pra Pasárgada!
PS. Não entendeu? O ‘cidadão da fé’ está para um tipo como a bispa, assim como Manuel Bandeira para literatura e a língua portuguesa. Ilustrando, o ‘cidadão da fé’ (evangélico incluído) hoje é como camelo: um pouquinho de água (benta) e ele se contenta com qualquer aridez (fé).
Fez da vida um tango como um dos maiores escritores da língua portuguesa.
Em 1913 foi para a Suíça tratar-se. Leu Goethe e aprendeu Alemão. Em 1916 faleceu a mãe e no ano seguinte publicou seu primeiro livro: ‘A Cinza das Horas’. Um marco! Em 1918 morreu a irmã, sua dedicada enfermeira.
O pai faleceu em 1920. Em 1921 conheceu Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Sérgio Buarque de Holanda e outros. Bandeira não participou da Semana de Arte Moderna, em são Paulo, mas seu poema, ‘Os Sapos’, foi lido no Teatro Municipal na ocasião.
Em São Paulo fez amizade Paulo Prado, Menotti del Picchia, entre outros. No Rio de Janeiro, conviveu com Rodrigo Melo Franco de Andrade, Prudente de Morais Neto, Dante Milano. Em 1921 morreu seu irmão.
Viajou a Minas Gerais e tornou-se amigo de Carlos Drummond de Andrade. Voltou ao Recife em 1926 como fiscal de bancas examinadoras de cursos preparatórios, contribuindo com o jornal ‘A Província’, dirigido por Gilberto Freyre.
Nomeado inspetor de ensino pelo Ministro Gustavo Capanema em 1935, em 1937 foi indicado professor de literatura do Colégio Pedro II além de membro do Conselho Consultivo do Departamento do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Em 1940 elegeu-se membro da Academia Brasileira de Letras.
Professor de literatura hispano-americana da Faculdade Nacional de Filosofia em 1943 publicou ‘Obras Poéticas de Gonçalves Dias’. Mudou-se em 1953 para o Rio de Janeiro.
Traduziu Schiller, do Alemão, Macbeth, do Inglês, e La Machine Infernale, do Francês, tudo em 1956, entre muitas outras traduções.
Em 1963 escreveu as biografias de Gonçalves Dias, Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu, Junqueira Freire e Castro Alves, e ainda aproveitou para traduzir uma peça para teatro de Bertold Brecht, tudo naquele mesmo ano.
Comemorou 80 anos em 1966 e morreu no dia 13 de Outubro de 1968, às 12:50 hs, no Hospital Samaritano, no Rio de Janeiro.
Viveu muito doente, mas produziu muito.
A bispa da Igreja Renascer é saudável e produz pouco. Acaba de publicar um livro. Descreve a característica do marido que mais lhe impressionou: seus cabelos lisos. Ela sempre pediu a Deus que lhe desse um homem assim, liso! Da prisão do casal nos EUA, nada.
O apóstolo Valdemiro é outro saudável que produz o nada. Está em campanha pelos carnês para levar tudo; o assembleiano Malafaia idem, e ainda chama blogueiros de ‘filhos do diabo’. Botelho é do bem e saudável.
O PR é o partido que não produz nada é criação da Universal e passa por maus pedaços.
Igrejas tradicionais não sabem se escrevem ‘Omnipotência’ com ou sem o ‘m’. Questão teológica vital! A sopa de supermercados religiosos em grande produção vai bem obrigado. Esse mercado oferece todo tipo de produto. Basta crer e comprar.
O ‘cidadão da fé’, hoje, é aquele em que, quando rico, anda de Pajero, frequenta academias de musculação e entra na emergência do hospital com a bíblia sobre a cabeça na versão Almeida ou Shedd. Jamais passa sob uma escada, porém.
Encara a cultura como coisa boa para o filho e manda-o estudar no Mackenzie ou na UNIP do Di Genio, mas abençoa camisa, avental, lenço, fronha e outros babados de cetim.
Antigamente tomava uma ‘branquinha’ e dava um pouco ao Santo, hoje o ‘cidadão da fé’ é frequentador de igrejas ‘caça-níquel’. Só inverteu os sinais.
A favor dos pobres, aplaude o Bom Samaritano e tem uma ‘caidinha’ pela Esquerda. Entre um Serra administrador e uma Marina Profetiza da Floresta da Silva, fica com ela.
No mais, prefere o balanço e o requebrar sensual de um ‘louvorzão’ ajambrado dormindo à primeira construção lógica que vem do púlpito.
Se lhe perguntar o que é ‘prédica’, dirá que é um novo tipo de material de construção para prédios do Minha Casa, Minha Vida. Prefere sentir, não pensar.
Tem visão realista do diabo e do pecado e é capaz de discutir sobre os dois nos chamados ‘cafés’ e lavar a alma dos pecadilhos. Platonista de primeira, nunca leu o filósofo, mas é seu fiel seguidor por ignorância consentida.
O universo da razão não lhe interessa e o mundo material é sombra daquele para onde vai um dia, o Céu. É cultuador de heróis, desde que lhe deixe em paz com seus santinhos.
Diz-se que no Brasil até o passado é imprevisível. Idem para os ‘cidadãos da fé’ hoje em dia.
Pontua Bandeira:
E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
Lá sou amigo do rei
[...]
Vou-me embora pra Pasárgada!
PS. Não entendeu? O ‘cidadão da fé’ está para um tipo como a bispa, assim como Manuel Bandeira para literatura e a língua portuguesa. Ilustrando, o ‘cidadão da fé’ (evangélico incluído) hoje é como camelo: um pouquinho de água (benta) e ele se contenta com qualquer aridez (fé).
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