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Palavra do leitor

Viver em paz para morrer em paz

O livro Antes de Partir traz reflexões inadiáveis para todos que querem aprender a viver sem chegar ao final dos seus dias lamentando amargos remorsos. Uma vida autêntica com oportunidades saudavelmente aproveitadas e prioridades sabiamente estabelecidas são algumas das lições que podem ser extraídas pela leitura dessa obra.

Escrito por uma enfermeira australiana (Bronnie Ware) que cuidou de pacientes em fase terminal, a autora fez um registro de extrema relevância, baseado no que ouviu dessas pessoas em suas últimas semanas de vida.

Segundo a escritora, foram cinco os principais arrependimentos confessados por esses enfermos antes de morrer: 1) Gostaria de ter tido a coragem de viver uma vida fiel a mim mesmo, e nãos aos outros 2) Desejaria não ter trabalhado tanto 3) Gostaria de ter tido a coragem de expressar meus sentimentos 4) Desejaria ter ficado mais em contato com meus amigos 5)Desejaria ter-me permitido ser mais feliz.

Comecei a pensar mais seriamente sobre a morte ao perder meu pai, dois anos atrás. Em 2020 perdi um amigo e colega universitário, 48 anos de idade, pai de dois filhos, alegre, prestativo e cheio de planos, porém vitimado fatalmente por complicações decorrente da covid-19. Relendo com pesar o último e-mail que dele recebi meses antes de sua morte, lamento minha resposta curta e objetiva ter sido uma despedida, pois acreditei que teríamos todo tempo do mundo para conversar. Ledo engano.

Nos últimos tempos, partiram inesquecíveis queridos meus, dentre eles, dois tios neste ano. Assim como me foi dolorosa a morte de um raro jovem cristão, o mesmo em relação aos meus parentes idosos na entropia do corpo físico, mas ainda de espírito tão vivaz como eram na minha infância.

De fato, a morte é uma realidade mais que indesejada. Como diria Roberto Diamanso em sua canção "Coelet", ela é uma atrevida. Só a agonia psicoemocional do luto entre a negação mental (do inegável) e aceitação real (do inaceitável), por si só já favorece um inevitável "choque de realidade", convidando-nos a pensar acerca do valor do tempo, relacionamentos e prioridade do essencial acima do trivial.

Ainda que peças de teatro e filmes humorizem ou romantizem a morte ou crônicas como "Queixa de um defunto" e o clássico "Memórias póstumas de Brás Cubas" aliem o tema à sátira, sabemos o quanto é incômodo pensar que vai chegar o dia que será nosso último dia aqui. Assim, nossa mente prefere driblar essa ideia desconfortável e se concentrar nos dias alegres e realizações felizes.

Assim como vivenciar o luto, observar atentamente uma exumação ou velório pode propiciar uma elucubração tão profunda que, nenhum filósofo, por mais sábio que possa ser, jamais poderia oferecer. Seja por motivo de doença, acidente, homicídio ou velhice, sabemos que não fugimos da morte. Perdas, memórias, cemitérios, etc., nos advertem: "Memento mori".

Em "A morte de Ivan Ilicht" o leitor é familiarizado de modo envolvente com este tema associado à realidade da natureza humana e comportamento social. Enredo à parte (o juiz falecido em questão e a postura de seus colegas e da viúva Praskóvia), infelizmente, até mesmo um funeral pode ser ideal para favorecer oportunismos e hipocrisias, que se manifestam às vezes de forma insuspeita, ainda que a angústia, desespero e saudade machuque corações sinceros que amavam a pessoa que se foi.

Fora das Escrituras Sagradas, talvez nenhum escritor conseguiu traduzir a experiência pessoal de um luto sintetizada na escrita de maneira tão lúcida e genial como C.S. Lewis em A Anatomia de uma dor. Nesta obra que retrata a perda de sua amada esposa para o câncer, Lewis debate com Deus, questiona e apresenta sua reverente revolta. Ponderando sobre o sentido da vida, dor, perda, esperança, morte, Teodiceia, etc., arremata sua densa reflexão ancorando na fé.

Segundo a Bíblia, a nossa vida é qual neblina, nuvem, sombra que passa. Todos são mortais. Não importa a linhagem, riqueza, cultura ou raça. Logo, seria sensato fazer do Salmo 90:12 uma oração diária: Ensina-nos, SENHOR, a contar os nossos dias para que alcancemos corações sábios.

Bem antes do livro de Bronnie Ware, a letra Epitáfio (Banda Titãs) já confirmava: "Devia ter amado mais/Ter visto o Sol nascer [...]Queria ter aceitado as pessoas como elas são/ Devia ter complicado menos/Trabalhado menos/ Devia ter me importado menos/Com problemas pequenos [...]".

Já estou curioso para ler "Viver em paz para morrer em paz" (M. S. Cortella), mas ciente de que dispensa um lamento autonecrológico quem faz de Jesus Cristo a vida que vale a pena ser vivida. Lendo João 14:6, creio que a vida está nessa divina Pessoa sem a qual não há razão, esperança ou propósito.

Lembre-se de que você é mortal, mas não esqueça que Jesus é a Ressurreição e a Vida (Jo 11:25). Nessa certeza, o apóstolo Paulo encarou a morte com serenidade e sua vida inspiradora deixou frutos para eternidade. Antes de partir, deixou o registro: "Para mim o viver é Cristo e o morrer é lucro" (Fp 1:21).
Alagoinhas - BA
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