Palavra do leitor
- 16 de agosto de 2011
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Viva a miscigenação!
O Édito de Nantes assinado na França em 1598 concedeu o direito de culto aos Huguenotes (Protestantes Calvinistas). Em 1685, Luís XIV revogou o Édito. Os Huguenotes foram perseguidos e um grande número deles fugiu para a África do Sul. A segregação começaria aqui.
Juntaram aos Calvinistas Holandeses, adquiriram terras, escravos e com o tempo se insurgiram contra a abolição da escravatura promovida pelos Britânicos em 1833.
Essa união forjou o arcabouço daquilo que ficou conhecido como a instituição fundante da África do Sul, o Apartheid, oficialmente introduzido em 1949 com a vitória do Partido Nacional de maioria Protestante, Calvinista e Reformada.
Em uma UMA GOTA DE SANGUE, Demétrio Magnoli destaca a grande aspiração à liberdade como expressão de culto que os Protestantes, Calvinistas Reformados, desejaram fervorosamente. Beleza!
Mas o sentido de ‘liberdade’ deles era outro. Era outro o conceito de ‘liberdade’ que entrou na formação do Apartheid como política de Estado até a sua derrocada em 1987.
Van Wyk Louw (poeta, escritor), Piet Cillié (jornalista), Weber Phil Weber (sociólogo) e G. B. Gardener (historiador) foram figuras de destaque que justificaram a segregação racial, intelectual e religiosamente, na figura do ‘Volk Afrikaner’.
Tinham uma visão ‘multicultural’, mas na verdade escondiam um profundo racismo, lembra Magnoli. Era a ideia de ‘liberdade’ que nascia não entre indivíduos livres e iguais perante a Lei, mas ‘liberdade’ na ‘[des]igualdade’ entre grupos étnicos.
‘Liberdade’ que os negros poderiam desenvolver suas características e os brancos as suas com as prerrogativas aos brancos em detrimento dos negros. Era a ‘igualdade’ no Apartheid.
Seus proponentes incluíram antropólogos, sociólogos, filósofos e homens, quase todos de cepa Reformada e Calvinista.
O conceito por trás do multiculturalismo no Apartheid era ‘segregar’ cada grupo étnico para o ‘seu próprio bem’, para o seu ‘próprio desenvolvimento’, preservando assim a sua ‘característica étnica’.
Assim os teóricos do Apartheid justificaram o confinamento dos negros em suas terras, comunidades, e essas autogovernadas. Supostamente, cada grupo, preservando as suas tradições.
A Universidade de Stellenbosch na África do Sul, não muito longe da cidade de Franschhoek, região de vinhedos, universidade onde pelo menos um dos professores da Universidade Presbiteriana Mackenzie doutorou-se, foi por décadas o bastião do Apartheid na África do Sul. Um dos mais prolíficos centros de pesquisa e ensino à época gerador de estudos a defender a política do Apartheid.
Em 1948 o partido que favoreceu o Apartheid ganhou as eleições e o regime de segregação racial ganhou força com as bênçãos da Igreja Reformada na África do Sul (Nederduitse Gereformeerde Kerk, NGK), tendo sido eleito Hendrik Frensch Verwoerd, evangelista da NGK e primeiro ministro, um dos arquitetos da política do Apartheid com três grupos raciais distintos: brancos, negros e ‘colored’ (mestiços).
Da África do Sul nos transportamos ao Brasil hoje.
O Supremo Tribunal Federal julgará uma ação CONTRA o programa de cotas raciais na Universidade de Brasília. Em jogo o princípio (falso) da ‘racialidade’.
A Constituição Brasileira estabelece no seu Art. 5º que TODOS são iguais perante a Lei, independente de cor, raça, sexo ou crença. O sistema de cotas raciais na UnB fere a letra e o espírito da Carta Magna ao estabelecer o ‘sistema de cotas RACIAIS’ entre (falsas) comunidades raciais.
Vai na linha de Jan Smuts, comandante chefe dos Africânderes na Guerra dos Bôeres (1899-1902) com os ingleses: “O Império Britânico não simboliza a assimilação dos povos num tipo único, não simboliza a padronização, mas o desenvolvimento mais pleno e livre dos povos segundo suas próprias linhas específicas”.
Na contramão disso aí Gilberto Freyre elaborador da ideia expressa em CASA GRANDE E SENZALA, síntese brilhante daquilo que veio a ser conhecido como a característica principal do tipo e da nação brasileira. Rompendo com ideologias racistas, exaltou a MISCIGENAÇÃO como elemento chave da formação do Brasil.
Ao se entregarem à luxúria com índias e negras, os Portugueses introduziram um aspecto democratizador nas relações étnicas do Brasil. Diferente dos EUA, somos uma nação mestiçada. Fato.
Somos fruto da miscigenação do Português, Índio e Negro, com uma enorme riqueza que vai do sexo à vida familiar, passando pela alimentação, educação, crenças e uma infinidade de outros temas. Fato.
Como diz Magnoli, a UnB e o STF podem dar o golpe de misericórdia nessa herança de mais de cinco séculos --- com todas as suas tragédias (escravidão) --- mas que forjou o caráter da nação, para, ferindo de morte a Carta Magna, introduzindo a distinção racial que nunca foi marca nossa.
É uma forma sorrateira, estúpida, traiçoeira e imprudente de reintroduzir o antigo Apartheid sobre a roupagem (falsa) da ‘racialidade’. (AQUI)
Juntaram aos Calvinistas Holandeses, adquiriram terras, escravos e com o tempo se insurgiram contra a abolição da escravatura promovida pelos Britânicos em 1833.
Essa união forjou o arcabouço daquilo que ficou conhecido como a instituição fundante da África do Sul, o Apartheid, oficialmente introduzido em 1949 com a vitória do Partido Nacional de maioria Protestante, Calvinista e Reformada.
Em uma UMA GOTA DE SANGUE, Demétrio Magnoli destaca a grande aspiração à liberdade como expressão de culto que os Protestantes, Calvinistas Reformados, desejaram fervorosamente. Beleza!
Mas o sentido de ‘liberdade’ deles era outro. Era outro o conceito de ‘liberdade’ que entrou na formação do Apartheid como política de Estado até a sua derrocada em 1987.
Van Wyk Louw (poeta, escritor), Piet Cillié (jornalista), Weber Phil Weber (sociólogo) e G. B. Gardener (historiador) foram figuras de destaque que justificaram a segregação racial, intelectual e religiosamente, na figura do ‘Volk Afrikaner’.
Tinham uma visão ‘multicultural’, mas na verdade escondiam um profundo racismo, lembra Magnoli. Era a ideia de ‘liberdade’ que nascia não entre indivíduos livres e iguais perante a Lei, mas ‘liberdade’ na ‘[des]igualdade’ entre grupos étnicos.
‘Liberdade’ que os negros poderiam desenvolver suas características e os brancos as suas com as prerrogativas aos brancos em detrimento dos negros. Era a ‘igualdade’ no Apartheid.
Seus proponentes incluíram antropólogos, sociólogos, filósofos e homens, quase todos de cepa Reformada e Calvinista.
O conceito por trás do multiculturalismo no Apartheid era ‘segregar’ cada grupo étnico para o ‘seu próprio bem’, para o seu ‘próprio desenvolvimento’, preservando assim a sua ‘característica étnica’.
Assim os teóricos do Apartheid justificaram o confinamento dos negros em suas terras, comunidades, e essas autogovernadas. Supostamente, cada grupo, preservando as suas tradições.
A Universidade de Stellenbosch na África do Sul, não muito longe da cidade de Franschhoek, região de vinhedos, universidade onde pelo menos um dos professores da Universidade Presbiteriana Mackenzie doutorou-se, foi por décadas o bastião do Apartheid na África do Sul. Um dos mais prolíficos centros de pesquisa e ensino à época gerador de estudos a defender a política do Apartheid.
Em 1948 o partido que favoreceu o Apartheid ganhou as eleições e o regime de segregação racial ganhou força com as bênçãos da Igreja Reformada na África do Sul (Nederduitse Gereformeerde Kerk, NGK), tendo sido eleito Hendrik Frensch Verwoerd, evangelista da NGK e primeiro ministro, um dos arquitetos da política do Apartheid com três grupos raciais distintos: brancos, negros e ‘colored’ (mestiços).
Da África do Sul nos transportamos ao Brasil hoje.
O Supremo Tribunal Federal julgará uma ação CONTRA o programa de cotas raciais na Universidade de Brasília. Em jogo o princípio (falso) da ‘racialidade’.
A Constituição Brasileira estabelece no seu Art. 5º que TODOS são iguais perante a Lei, independente de cor, raça, sexo ou crença. O sistema de cotas raciais na UnB fere a letra e o espírito da Carta Magna ao estabelecer o ‘sistema de cotas RACIAIS’ entre (falsas) comunidades raciais.
Vai na linha de Jan Smuts, comandante chefe dos Africânderes na Guerra dos Bôeres (1899-1902) com os ingleses: “O Império Britânico não simboliza a assimilação dos povos num tipo único, não simboliza a padronização, mas o desenvolvimento mais pleno e livre dos povos segundo suas próprias linhas específicas”.
Na contramão disso aí Gilberto Freyre elaborador da ideia expressa em CASA GRANDE E SENZALA, síntese brilhante daquilo que veio a ser conhecido como a característica principal do tipo e da nação brasileira. Rompendo com ideologias racistas, exaltou a MISCIGENAÇÃO como elemento chave da formação do Brasil.
Ao se entregarem à luxúria com índias e negras, os Portugueses introduziram um aspecto democratizador nas relações étnicas do Brasil. Diferente dos EUA, somos uma nação mestiçada. Fato.
Somos fruto da miscigenação do Português, Índio e Negro, com uma enorme riqueza que vai do sexo à vida familiar, passando pela alimentação, educação, crenças e uma infinidade de outros temas. Fato.
Como diz Magnoli, a UnB e o STF podem dar o golpe de misericórdia nessa herança de mais de cinco séculos --- com todas as suas tragédias (escravidão) --- mas que forjou o caráter da nação, para, ferindo de morte a Carta Magna, introduzindo a distinção racial que nunca foi marca nossa.
É uma forma sorrateira, estúpida, traiçoeira e imprudente de reintroduzir o antigo Apartheid sobre a roupagem (falsa) da ‘racialidade’. (AQUI)
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dos seus autores e não representam a opinião da Editora ULTIMATO.
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