Palavra do leitor
- 08 de junho de 2019
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Visões e ilusões políticas
Amizades desfeitas, vizinhos se odiando, famílias divididas, colegas de trabalho se execrando. Torna-se inimigo real ou imaginário quem declara seu posicionamento político. Visões e ilusões políticas recheadas de idolatria e estultice.
Meses atrás comprei o livro "Visões e ilusões políticas", traduzido pela Editora Vida Nova e escrito David T. Koyzis, doutor em Filosofia e professor de Ciência Política. Nessa primorosa obra o autor faz uma proficiente análise das ideologias políticas contemporâneas (Liberalismo, Socialismo, Conservadorismo, Nacionalismo e Democracia, etc.), tendo como parâmetro crítico a visão cristã e bíblica.
Meu encanto pelas ideologias políticas começou ainda na adolescência. Influenciado por um professor de História e militante do PSTU, simpatizei-me com o Trotskismo. Foi nessa fase da vida que a Mais valia de Karl Marx, a meu ver, parecia ser irrefutável. Em meu entusiasmo juvenil era uma boa sensação bradar "Quem bate cartão não vota em patrão e contra burguês, vote dezesseis". Anos depois, deparei-me com o artigo "Carta a um jovem fã de Che Guevara". Depois de várias leituras e algumas relutâncias, aderi à dissidência considerada infame e inaceitável. Preferi ser uma metamorfose (não) ambulante "do que ter aquela velha opinião formada" sobre a direita para sempre.
Ser de direita denotaria insensibilidade, egoísmo e ignorância, mas ser de esquerda, politizado, esclarecido, defensor dos oprimidos e com alto senso de consciência, justiça social e humanitária. A esquerda teria o monopólio das virtudes. Se ser de direita é demérito e a personificação do mal, afirmar-se conservador traz ao interlocutor reações de deboche, desdém, sensação de superioridade intelectual, pena, subestimação ante o suposto alienado, sentimento de indignação e até incômoda atenciosidade aliada a um sarcasmo moderado. Não leram Edmund Burke, Roger Scruton, T. Dalrymple, Michael Oakeshott, J Russel Kirk e Pereira Coutinho e concebem erroneamente o Conservadorismo como um moralismo ou cultura retrógrada, reacionária de ignorantes atrasados.
Ignorantes todos somos. Mas o pior ignorante é o que pensa que sabe sobre os outros o que nada sabe. E aí o preconceito perde feio para a ignorância. Intelectuais de fina grandeza (ex- esquerdistas e marxistas de carteirinha dando uma guinada política) à exemplo de Eric Voegelin, Thomas Sowell, David Horowitz ou mesmo o ilustre Mário Vargas Llosa, Paulo Francis e tantos outros evidenciam motivações coerentes e amadurecimentos, frutos de conclusões racionais. Mas há quem veja neles apenas inescrupulosos comprados pelo capitalismo para demonizar a esquerda. E só. Paixão política incondicional torna a idiossincrasia refém da dissonância cognitiva.
Partidarizar e monopolizar moralidade e QI não é honesto. Há direitas e esquerdas. Há o certo e o errado. Há a Palavra, o Espírito Santo e as consciências não embotadas dos seres que submetem seus sistemas límbicos à luz da vontade de Deus. Ponto final.
Cautela, desconfiança, ceticismo, prudência e um escrutínio contínuo em nome da honestidade. Nada de mantras ideológicos, clichês, certezas e convicções políticas - jamais idolatra político algum.
Conservadorismo não é porta-voz dos valores cristãos. Socialismo não é uma preconização bíblica. Não ser socialista não implica ser comodista ou indiferente às mazelas sociais, cruzando os braços em nome do "Reino porvir".
Para se ter uma visão socioeconômica coerente com teologia bíblica, leituras como "A pobreza das nações" dos autores Wayne Gruden e Barry Asmum e "Justiça generosa (A graça de Deus e a justiça social)", de autoria de Timothy Keller são preciosas.
O revolucionário não abre mão da fé política, mas verdadeira mudança não vem de ganhar eleições, mas das transformações de corações, pois os nossos maiores problemas não são meramente econômicos, políticos e sociais, mas também morais e espirituais. De fato, um mundo que jaz no poder do maligno não pode ser plenamente feliz.
Mas se a vida é curta e transitória na corrida onde todos querem uma condição melhor, manipuladores sabem explorar falsas esperanças das massas, que servem como ingênuos funcionais de beneficiários espertalhões. Não obstante, nossos destinos não estão sobre o controle de governos temporais. Mas, por fim, virá o governo daquela Pedra lançada sem auxílio de mãos (DN 2:44).
Fanatismo, cegueira e pensamento maniqueísta relegam o termo alteridade a mero jargão acadêmico. "Posso não concordar com nenhuma de suas palavras, mas defenderei até o fim o seu direito de dizê-las", diria Voltaire. Desde que se arque com o ônus, tranquilo.
Porque todo apaixonado é cego, a visão do militante político-partidário é miragem: sua visão é ilusão. Quando o impulso revolucionário é maior do que o fervor missionário; e o amor ao partido ou político são maiores que a adoração e paixão por Cristo e Seu evangelho, já está claro onde está o tesouro, coração e Senhor desse professo cristão. Permitamos que Deus abra nossos olhos!
Meses atrás comprei o livro "Visões e ilusões políticas", traduzido pela Editora Vida Nova e escrito David T. Koyzis, doutor em Filosofia e professor de Ciência Política. Nessa primorosa obra o autor faz uma proficiente análise das ideologias políticas contemporâneas (Liberalismo, Socialismo, Conservadorismo, Nacionalismo e Democracia, etc.), tendo como parâmetro crítico a visão cristã e bíblica.
Meu encanto pelas ideologias políticas começou ainda na adolescência. Influenciado por um professor de História e militante do PSTU, simpatizei-me com o Trotskismo. Foi nessa fase da vida que a Mais valia de Karl Marx, a meu ver, parecia ser irrefutável. Em meu entusiasmo juvenil era uma boa sensação bradar "Quem bate cartão não vota em patrão e contra burguês, vote dezesseis". Anos depois, deparei-me com o artigo "Carta a um jovem fã de Che Guevara". Depois de várias leituras e algumas relutâncias, aderi à dissidência considerada infame e inaceitável. Preferi ser uma metamorfose (não) ambulante "do que ter aquela velha opinião formada" sobre a direita para sempre.
Ser de direita denotaria insensibilidade, egoísmo e ignorância, mas ser de esquerda, politizado, esclarecido, defensor dos oprimidos e com alto senso de consciência, justiça social e humanitária. A esquerda teria o monopólio das virtudes. Se ser de direita é demérito e a personificação do mal, afirmar-se conservador traz ao interlocutor reações de deboche, desdém, sensação de superioridade intelectual, pena, subestimação ante o suposto alienado, sentimento de indignação e até incômoda atenciosidade aliada a um sarcasmo moderado. Não leram Edmund Burke, Roger Scruton, T. Dalrymple, Michael Oakeshott, J Russel Kirk e Pereira Coutinho e concebem erroneamente o Conservadorismo como um moralismo ou cultura retrógrada, reacionária de ignorantes atrasados.
Ignorantes todos somos. Mas o pior ignorante é o que pensa que sabe sobre os outros o que nada sabe. E aí o preconceito perde feio para a ignorância. Intelectuais de fina grandeza (ex- esquerdistas e marxistas de carteirinha dando uma guinada política) à exemplo de Eric Voegelin, Thomas Sowell, David Horowitz ou mesmo o ilustre Mário Vargas Llosa, Paulo Francis e tantos outros evidenciam motivações coerentes e amadurecimentos, frutos de conclusões racionais. Mas há quem veja neles apenas inescrupulosos comprados pelo capitalismo para demonizar a esquerda. E só. Paixão política incondicional torna a idiossincrasia refém da dissonância cognitiva.
Partidarizar e monopolizar moralidade e QI não é honesto. Há direitas e esquerdas. Há o certo e o errado. Há a Palavra, o Espírito Santo e as consciências não embotadas dos seres que submetem seus sistemas límbicos à luz da vontade de Deus. Ponto final.
Cautela, desconfiança, ceticismo, prudência e um escrutínio contínuo em nome da honestidade. Nada de mantras ideológicos, clichês, certezas e convicções políticas - jamais idolatra político algum.
Conservadorismo não é porta-voz dos valores cristãos. Socialismo não é uma preconização bíblica. Não ser socialista não implica ser comodista ou indiferente às mazelas sociais, cruzando os braços em nome do "Reino porvir".
Para se ter uma visão socioeconômica coerente com teologia bíblica, leituras como "A pobreza das nações" dos autores Wayne Gruden e Barry Asmum e "Justiça generosa (A graça de Deus e a justiça social)", de autoria de Timothy Keller são preciosas.
O revolucionário não abre mão da fé política, mas verdadeira mudança não vem de ganhar eleições, mas das transformações de corações, pois os nossos maiores problemas não são meramente econômicos, políticos e sociais, mas também morais e espirituais. De fato, um mundo que jaz no poder do maligno não pode ser plenamente feliz.
Mas se a vida é curta e transitória na corrida onde todos querem uma condição melhor, manipuladores sabem explorar falsas esperanças das massas, que servem como ingênuos funcionais de beneficiários espertalhões. Não obstante, nossos destinos não estão sobre o controle de governos temporais. Mas, por fim, virá o governo daquela Pedra lançada sem auxílio de mãos (DN 2:44).
Fanatismo, cegueira e pensamento maniqueísta relegam o termo alteridade a mero jargão acadêmico. "Posso não concordar com nenhuma de suas palavras, mas defenderei até o fim o seu direito de dizê-las", diria Voltaire. Desde que se arque com o ônus, tranquilo.
Porque todo apaixonado é cego, a visão do militante político-partidário é miragem: sua visão é ilusão. Quando o impulso revolucionário é maior do que o fervor missionário; e o amor ao partido ou político são maiores que a adoração e paixão por Cristo e Seu evangelho, já está claro onde está o tesouro, coração e Senhor desse professo cristão. Permitamos que Deus abra nossos olhos!
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dos seus autores e não representam a opinião da Editora ULTIMATO.
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