Palavra do leitor
- 05 de abril de 2012
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Versões diferentes de uma mesma deficiência
Baseado no Evangelho de Lucas cap. 12 vs. 13 ao 21
O relato de Lucas nos mostra dois indivíduos com falta de sensibilidade para fazer a diferenciação entre o que contribui e o que desestrutura a saúde da alma: O irmão desgostoso que está contrariado por conta da herança não apropriada, e o capitalista insaciável vítima de sua própria ganância e insegurança.
Quero definir saúde da alma aqui como a capacidade de discernir valores, a absorção de conteúdos que realmente importam e que contribuem para uma melhor qualidade de vida a curto, médio e longo prazo, que desemboca necessariamente numa melhor relação consigo mesmo, com o próximo e com Deus, e não simplesmente fazer uso desse texto com as lentes da exegesse e hermenêutica.
A descrição feita entre os dois personagens é pitoresca, intencionalmente co-relacionada para chamar a atenção a um ponto em comum na persona-espiritualidade deles: A falta de percepção.
O irmão desgostoso demonstra nitidamente sua insensibilidade, trocando realidades espirituais por valores materiais. Para ele, segurança, herança e estabilidade econômica, tinham mais atrativo e significado do que valores eternos que resolveriam a questão dentro de si.
Sua alma estava tão petrificada, que ele não percebe a profundidade do convite e a inversão de valores, pela casualidade da situação que é confrontada com um argumento inadiável: o sentimento de justiça que remediaria seu orgulho ferido.
A chamada à conversão aos valores do Reino, nem sempre acontece de maneira dramática ou espetacular, mas no chão da vida, e para percebê-la é necessário desarmar-se de alguns pressupostos de dignidade própria.
O desgostoso deixa de aproveitar a oportunidade de uma nova dimensão em sua vida, porque estava envolvido numa demanda neurótica desprezando o melhor: a oportunidade de entrar no Reino e do Reino habitar nele.
Já o capitalista insaciável se apresenta como obstinado e escravizado da sua própria pulsão, tornando-se vítima de si mesmo não diferenciando o bom do essencial.
Existem coisas boas com a chancela da legitimidade, que se não forem bem equacionadas e administradas no nosso interior, acabam assumindo prioridades em nossos corações estrangulando assim nossas emoções e pervertendo nosso caráter.
O que fica óbvio nesse indivíduo é uma insegurança manifesta com ares de ganância, que faz dele refém do auto-engano com pré-disposição ao narcisismo e hedonismo.
Uma outra dificuldade observada no seu comportamento é o domínio da ingratidão para com Deus caracterizada nas entrelinhas da sua falta de humildade. O campo no qual ele se projeta com a auto-suficiência produz com abundância diz o vs. 16, mas ele não reconhece que era Deus quem proporcionava a dádiva e as condições para que a terra produzisse.
Para tentar lidar com esta questão que não é exclusividade dos dois indivíduos do texto, vale lembrar o conselho: E não vos conformeis com este mundo (sistema que subverte valores essenciais à vida), mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento (desenvolvendo percepção em relação ao que seduz e escraviza), para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.
O relato de Lucas nos mostra dois indivíduos com falta de sensibilidade para fazer a diferenciação entre o que contribui e o que desestrutura a saúde da alma: O irmão desgostoso que está contrariado por conta da herança não apropriada, e o capitalista insaciável vítima de sua própria ganância e insegurança.
Quero definir saúde da alma aqui como a capacidade de discernir valores, a absorção de conteúdos que realmente importam e que contribuem para uma melhor qualidade de vida a curto, médio e longo prazo, que desemboca necessariamente numa melhor relação consigo mesmo, com o próximo e com Deus, e não simplesmente fazer uso desse texto com as lentes da exegesse e hermenêutica.
A descrição feita entre os dois personagens é pitoresca, intencionalmente co-relacionada para chamar a atenção a um ponto em comum na persona-espiritualidade deles: A falta de percepção.
O irmão desgostoso demonstra nitidamente sua insensibilidade, trocando realidades espirituais por valores materiais. Para ele, segurança, herança e estabilidade econômica, tinham mais atrativo e significado do que valores eternos que resolveriam a questão dentro de si.
Sua alma estava tão petrificada, que ele não percebe a profundidade do convite e a inversão de valores, pela casualidade da situação que é confrontada com um argumento inadiável: o sentimento de justiça que remediaria seu orgulho ferido.
A chamada à conversão aos valores do Reino, nem sempre acontece de maneira dramática ou espetacular, mas no chão da vida, e para percebê-la é necessário desarmar-se de alguns pressupostos de dignidade própria.
O desgostoso deixa de aproveitar a oportunidade de uma nova dimensão em sua vida, porque estava envolvido numa demanda neurótica desprezando o melhor: a oportunidade de entrar no Reino e do Reino habitar nele.
Já o capitalista insaciável se apresenta como obstinado e escravizado da sua própria pulsão, tornando-se vítima de si mesmo não diferenciando o bom do essencial.
Existem coisas boas com a chancela da legitimidade, que se não forem bem equacionadas e administradas no nosso interior, acabam assumindo prioridades em nossos corações estrangulando assim nossas emoções e pervertendo nosso caráter.
O que fica óbvio nesse indivíduo é uma insegurança manifesta com ares de ganância, que faz dele refém do auto-engano com pré-disposição ao narcisismo e hedonismo.
Uma outra dificuldade observada no seu comportamento é o domínio da ingratidão para com Deus caracterizada nas entrelinhas da sua falta de humildade. O campo no qual ele se projeta com a auto-suficiência produz com abundância diz o vs. 16, mas ele não reconhece que era Deus quem proporcionava a dádiva e as condições para que a terra produzisse.
Para tentar lidar com esta questão que não é exclusividade dos dois indivíduos do texto, vale lembrar o conselho: E não vos conformeis com este mundo (sistema que subverte valores essenciais à vida), mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento (desenvolvendo percepção em relação ao que seduz e escraviza), para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.
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