Palavra do leitor
- 19 de abril de 2007
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Valentia ou mansidão?
Todo mundo quer descobrir o segredo para possuir coisas de valor. Quantos não estão por aí prometendo e vendendo fórmulas mirabulantes? Políticos, empresas, profissionais liberais, escritores e claro pessoas do meio religioso também! Sucesso rima com dinheiro, que rima com mansões, carros, fama, roupas e jóias caras, banquetes, férias fantásticas e etc.
Todavia não é nehum segredo como tomar posse do reino que já nos foi preparado e está no meio de nós. A promessa do “Reino dos Céus aqui na terra” (como alguns ironicamente falam) não é uma patente do chamado evangelho da prosperidade e sua propaganda enganosa. Jesus promete-nos não somente os céus mas também a terra.
“Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra” (Mt 5.5) - ensinou ele para os seus discípulos. Terra é no Antigo Testamento muito mais que um fator de produção. Jesus não estava contando nenhum segredo, mas apenas relembrava o Salmo 37.11. Tanto nesse contexto (Salmo 37) como no das bem-aventuranças temos uma excelente lição sobre a prosperidade duradoura e a passageira. Como evitar esta e adiquirir aquela. Aí é que entra a mansidão como ponto central. Não é à toa que Moisés foi quem fez Israel herdar a terra prometida, ele foi o homem mais manso do planeta (Nm 12.3) - dizia um gaiato que ele foi ainda o maior corretor de imóveis, pois fez uma multidão andar 40 anos só pra ver uma terra! Mas Josué foi o conquistador. E ele foi valente! Como fica então, precisamos de mansidão ou de valentia?
Seria mansidão antônimo de valentia? Usamos a palavra manso normalmente para os animais, um é manso ou foi amansado e o outro é bravo, selvagem. Um é bonzinho, mansinho, já o outro é perigoso, morde, ataca - engraçado que a agressividade dos animais é uma expressão não de coragem mas do seu do medo. Manso na Bíblia, no texto original em grego - praus - é sinônimo de gentil, humilde e cortês. A mansidão é expressa através de atitudes e condutas para com outros. Paulo diz: "Que quereis? Irei ter convosco com vara ou com amor e espírito de mansidão?" (1 Cor 4.21). Saber enfrentar os conflitos com mansidão não impede o ser corajoso, ousado ou valente, nem muito menos o uso da força em situações extremas e necessárias.
John Stott chama à atenção para certa seqüência lógica e harmônica das bem-aventuranças. Os mansos estão depois dos que choram. Choro de alguém que reconheceu e sente suas fraquezas, suas necessidades e dores. Então ele se mostra quebrantado e manso. Sabendo quem sou diante de Deus, minhas virtudes e meus vícios, não me irritarei para defender meus interesses ou impor o que eu quero, mas me sujeitarei, deixando mansamente que Deus lute por mim. Depois e somente depois é que vem a fome e sede de justiça: a indignação e desejo de achar soluções para os desequilíbrios legais, morais ou sociais nos quais estou envolvido. Isto resultará fatalmente em ações concretas, mas agora conduzidas da forma correta, no espírito de mansidão. Não convém termos fome de justiça sem antes a devida mansidão, assim como não poderemos ser saciados se antes não herdarmos a terra, afinal não é da terra que geralmente tiramos nosso sustento?
Herdar a terra... nós cristãos brasileiros temos que repensar esse assunto. As questões do momento são bem concretas, coletivas e não menos espirituais, como a reforma agrária, distribuição de renda e ecologia. A miséria e a violência contra o homem e a natureza exigem um posicionamento pró-ativo nosso. Será que nossa fé não diz nada sobre a avareza, a justiça e a pobreza? Graças a Deus por todos aqueles que têm se empenhado varonilmente nessa causa.
Assim fica claro que não são os gananciosos, não os “super” competitivos, nem os valentões que herdarão a terra. Deus tem para seus filhos nessa vida terras e bens para serem herdados, repartidos, cultivados (não cultuados) e usados para Sua glória, pois o mundo é nosso (1 Co 3.22). Mas se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens (1 Co 15.19). Pois na verdade esperamos novos céus e nova terra onde habitam a justiça (2 Pe 3.13). A mansidão nos proteje para não trocarmos o duradouro pelo passageiro!
Todavia não é nehum segredo como tomar posse do reino que já nos foi preparado e está no meio de nós. A promessa do “Reino dos Céus aqui na terra” (como alguns ironicamente falam) não é uma patente do chamado evangelho da prosperidade e sua propaganda enganosa. Jesus promete-nos não somente os céus mas também a terra.
“Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra” (Mt 5.5) - ensinou ele para os seus discípulos. Terra é no Antigo Testamento muito mais que um fator de produção. Jesus não estava contando nenhum segredo, mas apenas relembrava o Salmo 37.11. Tanto nesse contexto (Salmo 37) como no das bem-aventuranças temos uma excelente lição sobre a prosperidade duradoura e a passageira. Como evitar esta e adiquirir aquela. Aí é que entra a mansidão como ponto central. Não é à toa que Moisés foi quem fez Israel herdar a terra prometida, ele foi o homem mais manso do planeta (Nm 12.3) - dizia um gaiato que ele foi ainda o maior corretor de imóveis, pois fez uma multidão andar 40 anos só pra ver uma terra! Mas Josué foi o conquistador. E ele foi valente! Como fica então, precisamos de mansidão ou de valentia?
Seria mansidão antônimo de valentia? Usamos a palavra manso normalmente para os animais, um é manso ou foi amansado e o outro é bravo, selvagem. Um é bonzinho, mansinho, já o outro é perigoso, morde, ataca - engraçado que a agressividade dos animais é uma expressão não de coragem mas do seu do medo. Manso na Bíblia, no texto original em grego - praus - é sinônimo de gentil, humilde e cortês. A mansidão é expressa através de atitudes e condutas para com outros. Paulo diz: "Que quereis? Irei ter convosco com vara ou com amor e espírito de mansidão?" (1 Cor 4.21). Saber enfrentar os conflitos com mansidão não impede o ser corajoso, ousado ou valente, nem muito menos o uso da força em situações extremas e necessárias.
John Stott chama à atenção para certa seqüência lógica e harmônica das bem-aventuranças. Os mansos estão depois dos que choram. Choro de alguém que reconheceu e sente suas fraquezas, suas necessidades e dores. Então ele se mostra quebrantado e manso. Sabendo quem sou diante de Deus, minhas virtudes e meus vícios, não me irritarei para defender meus interesses ou impor o que eu quero, mas me sujeitarei, deixando mansamente que Deus lute por mim. Depois e somente depois é que vem a fome e sede de justiça: a indignação e desejo de achar soluções para os desequilíbrios legais, morais ou sociais nos quais estou envolvido. Isto resultará fatalmente em ações concretas, mas agora conduzidas da forma correta, no espírito de mansidão. Não convém termos fome de justiça sem antes a devida mansidão, assim como não poderemos ser saciados se antes não herdarmos a terra, afinal não é da terra que geralmente tiramos nosso sustento?
Herdar a terra... nós cristãos brasileiros temos que repensar esse assunto. As questões do momento são bem concretas, coletivas e não menos espirituais, como a reforma agrária, distribuição de renda e ecologia. A miséria e a violência contra o homem e a natureza exigem um posicionamento pró-ativo nosso. Será que nossa fé não diz nada sobre a avareza, a justiça e a pobreza? Graças a Deus por todos aqueles que têm se empenhado varonilmente nessa causa.
Assim fica claro que não são os gananciosos, não os “super” competitivos, nem os valentões que herdarão a terra. Deus tem para seus filhos nessa vida terras e bens para serem herdados, repartidos, cultivados (não cultuados) e usados para Sua glória, pois o mundo é nosso (1 Co 3.22). Mas se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens (1 Co 15.19). Pois na verdade esperamos novos céus e nova terra onde habitam a justiça (2 Pe 3.13). A mansidão nos proteje para não trocarmos o duradouro pelo passageiro!
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