Palavra do leitor
- 07 de fevereiro de 2011
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Uma das marcas de Ultimato
ULTIMATO publicou um artigo do Rev. Elben (AQUI), indicando a leitura de "1960 -- Um Ano Explosivo na História de Viçosa".
História de onde ULTIMATO saiu, sua consistência, firmeza, em quase meio século de publicação. Fui ler.
O que se publica aqui na revista são artigos --- fundados no institucional --- que enriquecem o seu ministério. Pode-se até não concordar com o que segue publicado, mas nem suas regras de uso e privacidade se assemelham ou são usadas como típicas do Santo Ofício ou do famoso Index Librorum Proibitorium.
Presumo que a revista também não passe procuração a quem quer que seja para, a mando, aceitar ou excluir artigos e pessoas.
Qual seria, então, a relação entre liberdade de expressão e religiosa?
Muito embora o protestantismo brasileiro sofreu o ranço do romanismo, o tema liberdade religiosa e liberdade de expressão sempre foi caro ao Cristianismo em geral e ao evangelicalismo brasileiro em particular.
É inconcebível o pensar, em particular no protestante, sem a liberdade de expressão. Quando alguém, como Geraldo Faria nos idos de 1960 em Viçosa escreveu, “Somos entusiastas da liberdade social, política e religiosa do homem”, ele não estava expressando uma idéia pessoal; afirmava algo que é próprio da natureza do Cristianismo, mesmo Católico!
Lutero lia e escrevia Latim. O povão, alemão. Não perdeu tempo e traduziu a bíblia para o vernáculo. Protestante é visceralmente contra o analfabetismo. Qualquer tipo. E a liberdade de expressão começa justamente aí. O livre exame (especialmente da bíblia) é a sua irmã gêmea.
Claro que nem sempre esse ideal vingou. Por vezes tanto Calvino como Lutero deram um chega-pra-lá em vozes dissidentes.
Outros consertaram o estrago de antecessores. A Inglaterra endireitou alguns erros do passado dando consistência e massa cinzenta a essa liberdade de expressão, sobretudo quando essa liberdade se manifestava no ato da adoração.
Nem só no ato da adoração, mas o impensável até, a possibilidade da separação entre Igreja e Estado. A Constituição Americana estabeleceu esse fosso entre um ente e outro. Algo tão inimaginável quanto um jato da GOL cruzando sobre as caravelas de Pedro Álvares Cabral.
ULTIMATO surgiu para classificar o que é a verdadeira religião da falsa? O que é ortodoxo de seu oposto?
Seu institucional não faz nada disso, e, assumo, não existe para passar o famoso ‘imprimatur’ do tipo católico romano ao que se escreve aqui. São propositivos e defensores da liberdade de expressão dentro, claro, do institucional. Quer dizer, moderador da revista não é censor. É moderador mesmo.
Tenho ojeriza ao Islamismo justamente porque é politicamente perigoso, não porque eu acho que seja falso, mas porque percebo que há uma estranha ligação do Islã com a violência e o cerceamento de liberdades conquistadas pelo Cristianismo como parte da cultura da liberdade de pensar no Mundo Ocidental. (Revista VEJA, edição 2202 – páginas amarelas).
Se eu busco ‘felicidade’ (‘pursuit of’, Constituição Americana), não o faço porque o Cristianismo me concede, mas porque faz parte da natureza humana. Por si só evidente. Não será nunca a igreja e suas instituições que dirão a mim o que eu posso ou não posso fazer.
Se eu sou um agente moral, eu o sou não por outorga. Leio e penso livremente e não por conta de uma ‘ortodoxia’, seja qual for. Quem usar ‘ortodoxia’ não ofenderá ULTIMATO, mas insultará a Deus, posto que liberdade para os Cristãos não é outorga, é dádiva!
Eu posso não concordar com o Darwinismo, nem com o seu expoente máximo hoje, Richard Dawkins, mas nem por isso me sucumbo à suposta luz de qualquer ‘ortodoxia’, venha de onde vier, inclusive a dele.
A Constituição de 1988 em seu Artigo 5º e incisos não é ateísta e nem cristã. É laica. Ela garante a liberdade de expressão até para pai de santo, se concordarmos ou não.
Se deixada para os ‘evangelicais’ escreverem-na, muita gente arderia na fogueira da ortodoxia até hoje, não por não serem evangélicos, mas porque os que os julgassem teriam perdido a herança do passado que deram a seus pais a liberdade para essa geração de protestantes hoje.
Conta Elben que o dono da casa na Rua dos Passos onde ele morava pediu-lhe que desocupasse o imóvel. Narra ele, “Mudei-me para... [a] rua Papa João XXIII, de propriedade do Sr. Nazário, açougueiro e coveiro.”
João XXIII foi o mais liberal (‘aggiornamento’) dos papas. Nazário em hebraico quer dizer, ‘consagra o Senhor’; e as duas profissões mexem com o sustento na vida e o cuidado na morte. Fina ironia histórica, não?
Não precisamos de reavivamento da fé, mas de um espírito verdadeiramente liberal que marca o Cristianismo ao longo de sua história para que a fé sobreviva. Uma das marcas de ULTIMATO, creio eu.
História de onde ULTIMATO saiu, sua consistência, firmeza, em quase meio século de publicação. Fui ler.
O que se publica aqui na revista são artigos --- fundados no institucional --- que enriquecem o seu ministério. Pode-se até não concordar com o que segue publicado, mas nem suas regras de uso e privacidade se assemelham ou são usadas como típicas do Santo Ofício ou do famoso Index Librorum Proibitorium.
Presumo que a revista também não passe procuração a quem quer que seja para, a mando, aceitar ou excluir artigos e pessoas.
Qual seria, então, a relação entre liberdade de expressão e religiosa?
Muito embora o protestantismo brasileiro sofreu o ranço do romanismo, o tema liberdade religiosa e liberdade de expressão sempre foi caro ao Cristianismo em geral e ao evangelicalismo brasileiro em particular.
É inconcebível o pensar, em particular no protestante, sem a liberdade de expressão. Quando alguém, como Geraldo Faria nos idos de 1960 em Viçosa escreveu, “Somos entusiastas da liberdade social, política e religiosa do homem”, ele não estava expressando uma idéia pessoal; afirmava algo que é próprio da natureza do Cristianismo, mesmo Católico!
Lutero lia e escrevia Latim. O povão, alemão. Não perdeu tempo e traduziu a bíblia para o vernáculo. Protestante é visceralmente contra o analfabetismo. Qualquer tipo. E a liberdade de expressão começa justamente aí. O livre exame (especialmente da bíblia) é a sua irmã gêmea.
Claro que nem sempre esse ideal vingou. Por vezes tanto Calvino como Lutero deram um chega-pra-lá em vozes dissidentes.
Outros consertaram o estrago de antecessores. A Inglaterra endireitou alguns erros do passado dando consistência e massa cinzenta a essa liberdade de expressão, sobretudo quando essa liberdade se manifestava no ato da adoração.
Nem só no ato da adoração, mas o impensável até, a possibilidade da separação entre Igreja e Estado. A Constituição Americana estabeleceu esse fosso entre um ente e outro. Algo tão inimaginável quanto um jato da GOL cruzando sobre as caravelas de Pedro Álvares Cabral.
ULTIMATO surgiu para classificar o que é a verdadeira religião da falsa? O que é ortodoxo de seu oposto?
Seu institucional não faz nada disso, e, assumo, não existe para passar o famoso ‘imprimatur’ do tipo católico romano ao que se escreve aqui. São propositivos e defensores da liberdade de expressão dentro, claro, do institucional. Quer dizer, moderador da revista não é censor. É moderador mesmo.
Tenho ojeriza ao Islamismo justamente porque é politicamente perigoso, não porque eu acho que seja falso, mas porque percebo que há uma estranha ligação do Islã com a violência e o cerceamento de liberdades conquistadas pelo Cristianismo como parte da cultura da liberdade de pensar no Mundo Ocidental. (Revista VEJA, edição 2202 – páginas amarelas).
Se eu busco ‘felicidade’ (‘pursuit of’, Constituição Americana), não o faço porque o Cristianismo me concede, mas porque faz parte da natureza humana. Por si só evidente. Não será nunca a igreja e suas instituições que dirão a mim o que eu posso ou não posso fazer.
Se eu sou um agente moral, eu o sou não por outorga. Leio e penso livremente e não por conta de uma ‘ortodoxia’, seja qual for. Quem usar ‘ortodoxia’ não ofenderá ULTIMATO, mas insultará a Deus, posto que liberdade para os Cristãos não é outorga, é dádiva!
Eu posso não concordar com o Darwinismo, nem com o seu expoente máximo hoje, Richard Dawkins, mas nem por isso me sucumbo à suposta luz de qualquer ‘ortodoxia’, venha de onde vier, inclusive a dele.
A Constituição de 1988 em seu Artigo 5º e incisos não é ateísta e nem cristã. É laica. Ela garante a liberdade de expressão até para pai de santo, se concordarmos ou não.
Se deixada para os ‘evangelicais’ escreverem-na, muita gente arderia na fogueira da ortodoxia até hoje, não por não serem evangélicos, mas porque os que os julgassem teriam perdido a herança do passado que deram a seus pais a liberdade para essa geração de protestantes hoje.
Conta Elben que o dono da casa na Rua dos Passos onde ele morava pediu-lhe que desocupasse o imóvel. Narra ele, “Mudei-me para... [a] rua Papa João XXIII, de propriedade do Sr. Nazário, açougueiro e coveiro.”
João XXIII foi o mais liberal (‘aggiornamento’) dos papas. Nazário em hebraico quer dizer, ‘consagra o Senhor’; e as duas profissões mexem com o sustento na vida e o cuidado na morte. Fina ironia histórica, não?
Não precisamos de reavivamento da fé, mas de um espírito verdadeiramente liberal que marca o Cristianismo ao longo de sua história para que a fé sobreviva. Uma das marcas de ULTIMATO, creio eu.
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