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Palavra do leitor

Uma carta revolucionária

"as gerações futuras apenas levarão a palavra como norte de vida."

Deveríamos deixar de fazer dos fracassos uma carta na manga para nos justificarmos. Não seria mais honorso, em meio ao turbilhão de atitudes a serem tomadas, diante de determinadas trajetórias, pararmos um pouco, permitirmos o mover e o soar das mudanças. Quem sabe assim, evitaríamos de cravar estacas irremovíveis nas memórias e lembranças do outro.

Por que não temos a coragem para nos desfazermos de uma quinquilharia de estratégias para agradarmos, sermos apetecíveis, colhermos restos de uma patética admiração por nossa pretensa disponibilidade. Na crua e nua verdade, menos princípios 'a torto e a direita', mais voltados a contemplarmos a luminosidade de uma manhã de verão, com a porta da alma aberta; a embevecermos espírito com a imaginação da renascença da primavera; a transcendência no silêncio do outono.

Sabe, aceitarmos a alforria para subirmos ao palco da nossa história, sem a vergonha de abrirmos os olhos. Chorarmos como o simples gesto de entrega e não impulsionado por sensações passageiras. Rir com leveza da infância. Amar no improviso do primeiro beijo. Submergir no palpitar da paixão, das emoções,dos sentimentos.

Em tudo isso, dá passagem a uma espiritualidade sensível as tensões e as contradições. Verdadeiramente, chegar em casa e, nada mais e menos, olhar para a amada, saborear o ócio, anular a corrida tresloucada pelo sucesso, pela êxtase e pela estabilidade de aparências.

Simplesmente, parar e ao lado do silêncio trilhar pelos enredos do que somos. Ouvir, partilhar e doar gestos de uma vida mais lúdica. Resgatar a inocência para perdoar, estender as mãos, estar a par das fronteiras próximo. Eis o desafio a ser escolhido e encontrar a felicidade diariamente na candura de uma criança, no alentar do aconchego.

É bem verdade, os anos pesam como chumbo, a correria do dia - a - dia parece um deserto de anônimos a espreita, o sono se assemelha ao presságio de mais um dia de mortícinio. Quantas vezes acabamos por colocar o outro nessa visão automatista, tratamo - lo como peça de uma engrenagem expositiva.

Enfim, buscamos ícones e não pessoas de carne, de osso, de alma, de inconsciente e por ai vai; optamos por paradigmas de uma excelência duvidosa; despersonalizamo - nos para sermos adequados e politicamente corretos.

Não queremos de modo algum sair mal na foto; então, ofuscamos a liberdade;soterramos as fragilidades com um patética e cínico emblema de martírio e fé; cuspimos no Criador em troca de miríades de criadores a venda, em cada esquina; demarcamos as quedas adstritas a uma visão congênita moralíatica (ao invés de acolhermos o convalido); toleramos de bom grado a inquisição inexorável dos abatidos; alojamo - nos em teormeas ideológicos sobre as causas das desgraças alheias; elegemos a história, a hereditariedade, a família e sei lá mais o que para não reoonhecermos a nossa resposnabilidade.

Sinceramente, lá no fundo, subterfugiamo -nos na culpa,na condenação, na necessidade de execrar sempre alguém. Para piorar a situação, medimos o quão bom somos, através das mazelas do prórimo; usamos o discurso da caridade para única e exclusivamente suportarmos a nossa mediocridade.

Além de tudo isso, engajamo - nos numa devoção de aplausos opacos. Sejamos honetos, ao menos uma vez, preferimos a massa de um amém de conveniências para creditarmos numa eternidade que nem sequer botamos todas as nossas fichas.

Tornamo - nos mestres em persuasão e rejeitarmos terminantemente servir, discipular e ouvir na penumbra do cotidiano. Que bom pudessemos observar a vida, o próximo, a nós mesmos e a Deus, por meio da retina de Cristo. Isto nos pouparia anos e tentativas estúpidas de justificarmos a salvação.

De novar, talvez o melhor aceitar o siga - me e dizer as respostas prontas movidas por mentes adaptadas a uma realidade falaciosa, cujos males e problemas não existem.

Em outras palavras, siga - me. Sim e sim, para baixarmos a opulência de sermos os predestinados; de que a eterindade se ergue no virar das páginas diárias; de que Deus, em muitas situações, será encontrado na dúvida, na insegurança, na solidão, na perda, no prazer, na revolta, na revelação, no não, no sim, na amargura, na angústia e etceres. Sermos sinceros no que toca a verdade inquestionável de que a bíblia não representa um compêndio de respostas para tudo.

Ademais, deveríamos parar de tentar de alterar o mundo, segundo as nossas convicções adoecidas pelo receio de que sermos livres e autores da nossa história e, tão somente assim, renasceríamos sobre a dimensão da alegria, da esperança, da justiça e vida que nos convida para Cristo.
São Paulo - SP
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