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Palavra do leitor

Uma arma, uma desculpa e muitas vítimas!

O episódio ocorrido na Cidade do Rio de Janeiro, em uma escola pública, com o desfecho trágico de doze adolescentes assassinados, nos impele, quer queiramos ou não, a um parar e ponderar sobre os rumos da humanidade.

Muito embora, esse lúgubre acontecimento tenha sido usado, inadvertidamente e levianamante, a efeito de acarretar o aumento vertiginoso das redes midiáticas televisivas, se torna primordial uma elucubração - "séria e ponderada". Afinal de contas, o desdobrar dos dias cumprirão a missão de arrefecer os inúmeros por quais motivos, as considerações oriundas de especialistas do comportamento humano ou das conversas do cotidiano perderam sua intensidade. Em outras palavras, retornaremos as nossas rotineiras vidas e, tão somente, as famílias carregaram dentro de si a pecha de um estado de impotência e perda.

Ora, mesmo sem o ensejo de levantar interpelações tolas e enfadonhas, durante os últimos dias, pude observar e corroborar o quanto específicos veículos da imprensa objetivaram imputar a religião o fator preponderante para o eclodir das decisões insanas do algoz. Por ora, permaneço delimitado a uma pergunta que sempre ressurge, quando há o surgir de respectivas calamidades; ou seja, como analisar o papel e a posição de Deus, em meio a tudo isso? De regra, dentro de uma mera perspectiva movida pelo afã das emoções, sem sombra de dúvida, a figura de Deus acaba por ser posta no rol de culpados. Não por menos, precipuamente, quando nos deparamos com uma pletora de discursos pinçados pela alcunha do triunfalismo, do fundamentalismo, dos detentores da uníssona verdade inquestionável.

Além do mais, tão somente, pude observar comentários formais e sem qualquer apologia em favor dessa ou daquela linha de fé; ou seja, o algoz de todos esses enredos macabros não passava de uma pessoa adoecida e submergida na sua loucura.

Evidentemente, lançar Deus na vala do responsável, seria uma estupidez da minha parte. Agora, o episódio da escola de Realengo abriu o leque sobre qual tem sido a nossa mensagem para o homem inserido nas agruras e ambiguidades do cotidiano?

Vou adiante, o assassino de Realengo se valeu das armas da covardia, da demagogia, da hipocrisia, das desculpas ancoradas numa pretensa purificação e em sentenciar seres humanos, como se fossem destinados a atender algo supremo. A grosso modo, vejo uma espécie patológica de aplacar a ira de um Deus cravado na alma conturbada daquele jovem. No entanto, sem ao menos percebermos, quantas vezes também nos apossamos de certas armas para saciar nossas vontades e convicções, de certas desculpas para derrubar o próximo, tirar vantagem de tudo, justificar a falta de coragem para admitirmos nosso erros, e e as vítimas não passam de meros elementos de estatísticas ou algo parte do nosso passado.

Deixo ser mais específico, sinto estarmos diante de um contexto social e humano movido por uma cultura do cada um por si e Deus por todos. Lamentavelmente, quiçá, tenhamos nos lembrado de uma cada das famílias atingidas ou, nada mais e nada menos, ouvimos e descartarmos qualquer compromisso cristão com relação a essa famigerado fato. É bem verdade, para muitos, a afamada vontade divina, ou a controvertida justiça de lá de cima, ou outras forma de nos esquivarmos da nossa responsabilidade de que o amor preconizado por Cristo envolve uma decisão contínua pelo resgate da dignidade humana. Chego a conclusão de que, muito embora tal situação tenha me abalado, a tresloucada correria das conquistas diárias permaneceram no rol de preferência e relevância. Isto, de certa forma, me fez repensar nos autênticos e genuínos valores que alinham minha existência, minha espiritualidade e minha humanidade.

Sem ser piegas ou oportunista, a Igreja, e começo comigo, deve buscar na simplicidade da Graça chorar com os vitimados pelas inclemências, abraçar os solitários, soerguer os combalidos, ouvir os desesperados, esbravejar em meio a esse turbilhão de iniqüidades e injustiças, dizer não (s) taxativos aos abismos de uma sociedade receosa de ser humano, de ser alma, de ser lúdica, de ser simplesmente gente. Então, insisto na pergunta, quais tem sido as nossas armas, valemo – nos de desculpas ou de uma fé aberta, livre, libertária e coerente, gestada na Cruz e concebida na reconciliação de Cristo?


Devo reconhecer, inclinar – me a encontrar respostas prontas e irrefutáveis, somente, traria mais desgosto e descrença. De notar, tristemente, temos sido reconhecidos como portadores de um discurso evangelical positivista e conquistador, mas sem a capacidade de ser uma voz profética nos subterrâneos de uma geração engodada por uma felicidade hedonista, por uma ética utilitária, por uma fé reificada, por um estilo de vida relativizado e conformista. Por fim, possamos ter a coragem para decidirmos pelas armas da tolerância, do ouvir e do servir, da decisão pela comunhão espiritual e comprometida por participarmos da formação e não de adeptos de um consumismo evangélico.
São Paulo - SP
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