Um recado aos calvinistas

Tweetar

Sou calvinista. Não me importo com as dificuldades que isso possa me trazer diante de uma maioria arminiana ou indecisa, presente na Igreja Brasileira. Alguns não gostam de se categorizar, mas não há doutrina protestante que seja mais coerente com minha interpretação da Escritura do que a intitulada “calvinista”. Escrevendo em uma perspectiva de dentro do círculo reformado, não endereço minhas próximas palavras aos irmãos ainda não adeptos da chamada “Doutrina da Graça”, mas aos companheiros da “Livre Graça e da Soberania”.

Existem três tendências comuns aos calvinistas que além de me incomodarem muito, acredito serem pecaminosas. Se, incomodam a mim, imagino o quanto, aos não calvinistas.

A primeira grande dificuldade em ser calvinista diz respeito a um problema fundamental de definição. Quando digo ser calvinista estou me colocando no mesmo local onde estão maniqueístas do século XXI que aniquilaram a liberdade humana em nome da Soberania de Deus; bem como junto a outros que afirmam em nome da mesma soberania ser Deus o autor do mal; sendo eu mesmo um calvinista que nega a possibilidade de Deus ser o autor do mal moral e que Sua soberania destrói a vontade humana completamente. Tudo piora quando entram os adjetivos: hiper-calvinistas, calvinistas de quatro pontos, spurgionistas... Há um crescente número de pessoas se afirmando como calvinistas, mas a questão é necessária: o que é ser calvinista em nosso tempo?

Em segundo lugar, gostaria de denunciar a soberba e a arrogância presente em muitos calvinistas. Denuncio, porque dificilmente vemos arminianos se condenando no pecado de se orgulharem de sua posição teológica. Mas isso tem sido um contra censo em nosso meio. Porque se o conhecimento da doutrina nos vem a partir do esclarecimento do Espírito Santo, como podemos nos gloriar de ter tal entendimento? Desses sentimentos de superioridade emana uma intolerância religiosa diante dos que pensam contrariamente, rotulando de “hereges” irmãos piedosos que pensam um pouco diferente em questões não dogmáticas da fé.

Por fim, me enjoam conversas intermináveis com calvinistas teóricos e críticos que não fazem nada além de teologizar enquanto o mundo padece sem Cristo. Sobretudo, me incomoda o descaso de muitos calvinistas com a proclamação transcultural. Se esqueceram que Deus determinou a pregação do Evangelho como meio para fé salvadora. Deixaram de lado a verdade que Deus tem eleitos em todas as nações, e devemos como Igreja, fazer desses, discípulos de Cristo.

Sou calvinista por identificação. Minha convicção nasce na Escritura, se algum dia for convencido por Ela que outro sistema teológico é o mais adequado, terei total tranquilidade em abandonar o sistema que hoje entendo ser o mais coerente.
Respeito os irmãos arminianos que pensam diferente e louvo a Deus pela esperança de habitarmos no mesmo céu. Muitos em nome de sua teologia escolástica estão desejando transforma o céu em um gueto uniforme. Estão exaltando a soberania ao ponto de se esquecerem que Ele também é amor. Se esqueceram que a salvação não é pelo “conhecimento mais exato”, mas é por graça e mediante a fé.

Sola Scriptura!

Tweetar

Opinião do leitor