Um pedido de Jesus nossos dias.

Tweetar

A Crise: As igrejas mais pobres estão morrendo por falta de sucessão pastoral.


O momento é de preocupação e tristeza, confesso. Ontem, quase não conseguimos orar, a oração não se limitou somente às lágrimas, mas prorrompeu-se em gemidos no clamor da noite. Após conversarmos teoricamente sobre o futuro da igreja, à mesa, e de termos alguns dados visíveis na constatação da verdadeira realidade, o tom da oração da noite não poderia ter sido outro.

Por trás de todo esse movimento midiático do movimento meteórico da igreja há uma crise em andamento. O modelo do pastor que ama a Deus e se esforça por Sua igreja de forma incondicional está em extinção. É comum ver pastores não querendo assumir mais o peso do cajado, não por estarem negando a fé, mas pela dificuldade do contexto atual; de um contexto altamente consumista e de uma geração de igrejas que vão nessa mesma onda, mercadejando a palavra de Deus.

O modelo do pastor que ama a Deus e se esforça por Sua igreja de forma incondicional está em extinção, não se “forma” mais pastores assim. O perfil do pastor moderno é estar comprometido com o volume de arrecadação para a instituição que o alistou. Temas que constituem as doutrinas básicas da igreja como: salvação, santificação, a volta de Cristo, funcionam somente como a “cereja do bolo”. Infelizmente tive a triste experiência de ouvir pastores que antes serviram a Deus somente pela fé, fazerem esse tipo de exigência. Não os culpo, pois têm sido vítimas do sistema atual.

Por falar em modelo, não somos resistentes aos novos modelos, sabemos que na forma a igreja deve se ajustar pra ser contemporânea, mas na essência de ser imutável pra continuar sendo igreja, e o que nos preocupa é a motivação, uma motivação errada sinaliza perda da essência

Dias atrás encontrei-me com um pastor de setor, na conversa, perguntei como estava indo a obra, ele então me deu a triste notícia de que, passou a ser comum, ser chamado para uma reunião de quatro a cinco pastores onde o tema central era: "não queremos mais pastorear, queremos ser itinerantes..." e ouvi-lo lamentar, em ter que contornar a situação num esforço tremendo em convencê-los a não desistir. Outro ministério, no qual conheço bem o pastor e sua idoneidade, está tendo que alugar os templos para as novas propostas de "evangelho", por não ter obreiros que assumam. Em geral, são pastores do antigo modelo, que trabalhavam pelo amor, sem nada ter, a não ser a fé e o gosto de veem a igreja cheia e o culto uma benção com almas se rendendo a Cristo, não por ficarem ricas, mas pela salvação.


É razoável que o pastor que viva da obra seja digno de seu sustento, entretanto, entendo que essas condições não devem suplantar seu amor pela obra, pois o amor de Jesus, o Senhor da igreja, foi incondicional. Há uma necessidade de oração percebida por Jesus e muito pertinente à necessidade da igreja hoje: “E lhes recomendou: “A seara é grande, mas os trabalhadores são poucos. Rogai, pois, ao Senhor da plantação que mande obreiros para fazerem a colheita.” ( Lucas 10:2) Façamos essa oração para que o Senhor envie pastores, de verdade, “homens de verdade” pelo que são, e não pelo que têm.

Sergio Sena é pastor na ICPBGuanadi 1997; bacharel em Teologia pela UNIFL ; autor do livro “Fazendo Igreja Daqui Pra Frente”

Tweetar

Opinião do leitor