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Palavra do leitor

Um "outro" conto de Natal (parte II)

O livro em minhas mãos, o presente indesejado. O Noel embriagado que me havia presenteado com um livro de capa preta e folhas finas, delicadas. Nos dias que se seguiram, em suas páginas aprendi a verdade do Natal. Papai Noel foi gentil... trouxe-me em luxuosa embalagem negra a mais destruidora de todas as verdades. Papai Noel sabia das coisas!

Dia vinte e seis de dezembro descubro que ao olhar para a cena do presépio com seus bonecos de gesso adornando a base de meu pinheiro, tinha um grande significado. O significado implícito em seu tamanho e valor... nenhum. Com seu frágil e diminuto Jesus, tão frágil que se poderia esmagar com dedos magrelos de um fedelho de dez anos, contrastei com aquele que o livro negro havia me dito, “E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade.” Menino Jesus porquê? Haviam-me ensinado a ter pena de um tão pequenino menino Jesus, como se depois de mais dois mil anos ele ainda estivesse de fraldas. Preferi ter a mente invadida por este Jesus vivo, cheio de graça e verdade, que fala e não chupa o dedo. Que não se deita no meio de animais, mas que está adornado pelas estrelas do firmamento. E que faz do seu nome não algo para ser porcamente lembrado em uma data mentirosa de qualquer mês, mas que tem seu nome gritado, clamado, exaltado, enaltecido pelos anjos e pelos homens desde o mais humilde barraco até os confins do universo jamais visto por olhos humanos, todos os dias do ano e depois pela eternidade infinita. Foi nesse Jesus, Filho do Deus Criador, Criador... que preferi crer.

Dia vinte e sete seguinte, os meus olhos se fixaram nos cartões de natal. Com seus tão belos dizeres. Aforismos dos mais singelos, adornados com anjinhos infantis e brilhantes. Mas nas páginas doces daquele livro de implosões fantasiosas observo com certo espanto o mais poderoso de todos os cartões natalinos e de qualquer festividade. As boas novas anunciadas não em tinta perecível, mas com tinta rubra, cor do sangue de Cristo em papel celestial, que não pode ser rasgado nem negado... eterno. Sim pois... “chamarás o seu nome JESUS; porque ele salvará o seu povo dos seus pecados.” Isso é muito superior, vai além de qualquer cartão de felicitações natalinas... é sublime.

No dia seguinte vislumbrei a árvore que tão cuidadosamente muitos cortam-na e a enfeitam com uma adoração quase insana. Percebi que o Jesus que estava conhecendo naquele livro maravilhoso, havia feito o mesmo. Também carregou um madeiro cortado. O enfeite foram as marcas de sangue precioso. A estrela no topo, foi sua própria fronte transpassada por espinhos. Não havia bolas coloridas, mas vermelho sangue que escorria e formavam uma bela fita vertical, sangue de Rei. Seu corpo foi a mais triste e bela decoração que uma madeira rude poderia acomodar. Mas diferente de um pinheiro erguido uma vez por ano, todos os anos. Ele foi erguido uma vez, para toda a eternidade, e isso bastou para a salvação explodir em milhares de cores por todos os cantos do planeta.

Enfim, porque haveria eu de me importar com tão profanada e desvirtuada data? Meu maior presente, a Bíblia trazida pelo velho Noel, ficará para sempre adornando minha mente e coração. O Jesus que não repousa em uma manjedoura, mas que se assenta a destra do Papai não Noel, mas Real, um dia nos buscará... e onde Ele estiver ali estarei também. Para toda eternidade.

No Natal seguinte, fiquei novamente atrás de meu pinheiro. Quando avistei o mesmo velho, saí detrás... com Bíblia em punho lhe contei um outro conto de Natal, que fez dele uma sombra que desapareceu às minhas vistas. É Noel, desculpe, mas o Natal já foi requerido por Cristo. Ele é o dono de tudo e todas as coisas estão debaixo de seu domínio.

Um abençoado 2010... que tenhamos 2010 razões para sermos cada vez mais dependentes do Verbo que se fez carne e habitou entre nós. Paz.
Araranguá - SC
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