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Palavra do leitor

Testemunho de um ex-arminiano

Arminianos não são hereges, são irmãos que pensam diferente. Iremos juntos para o céu, se cremos em Jesus pela graça de Deus e dom do Espírito. Gostaria, no entanto, de relatar minha experiência como arminiano. Meus relatos subjetivos podem ou não encontrar amparo em outros corações.

Quando era arminiano, tinha medo de ir para o inferno. Falava sobre um Pai amoroso para os outros, mas temia que meu Pai me condenasse ao inferno. Falava, baseado na bíblia, que Deus é amor, mas não me sentia amado por Deus.

Era assustador pensar na soberania de Deus, pois minha liberdade pessoal era meu grande ídolo. Deus era um parceiro importante, algumas vezes Senhor, outras apenas salvador. A exaltação de minha liberdade me deixava míope para compreender sua soberania.

Eu era legalista e não sabia. Como a decisão de receber ou rejeitar a salvação era possível, minhas percepções meritocráticas eram reforçadas. Realmente “trabalhei” muito em nome de Deus. Isso me fazia sentir merecedor, amado e seguro.

Pecava muito mais do que hoje. Eu realmente acreditava que podia vencer o pecado com minha força, sempre terminava em uma pequena depressão de três dias. Oscilava entre o monte e o vale semanalmente. Me sentia acusado, demorava a me recompor. Temia o diabo.

Um dia, discutindo no seminário com amigos sobre a questão, com minha peculiar arrogância vaticinei: “Se Deus é calvinista, Ele não é o meu Deus.”. A partir desse momento comecei a estudar a bíblia profundamente e em grande zelo, para sempre estar apto a defender a verdade bíblica arminiana. Cheguei a muitas conclusões.

Descobri um Deus de amor, me senti amado, seguro e inculpável nas mãos de um Deus soberano. Descobri a força da graça e da soberania que me fizeram descansar em Cristo, enquanto o Espírito me santificava e me fazia vencer tentações. Entendi a limitação satânica frente a Jesus Cristo. No final, me sentia escolhido. Me sentia nos céus, o inferno era um lugar para onde eu não poderia mais ser enviado, eu era filho do dono dos céus e co-herdeiro com Cristo. Não era uma questão de mérito, era um questão de ter pai.

Fui conversar com um amigo “assembleiano” e para minha surpresa, apesar de diácono na denominação, ele era calvinista. Ele me explicou o que de fato, fora os preconceitos, significava ser calvinista.

Fiquei assombrado, me aprofundei no conhecimento de Deus e me tornei calvinista sem saber. Lutei durante meses lendo, tentando me esquivar desse título tão terrificante e humilhante diante de minha arrogância.

Foi um processo e ainda é, porque quando falo ser calvinista, a mim são atribuídos rótulos imprecisos e preconceituosos. Prefiro a terminologia “adepto a doutrina da graça”, soa mais bíblico.

Arminianismo e calvinismo são dois lados da mesma moeda: como ocorre a salvação. Os dois lados estão sujos. Nenhuma teologia é perfeita. A Bíblia, a Palavra de Deus, é perfeita, as teologias são falhas, são produções humanas para explicação da verdade. No entanto, um lado está bem mais sujo do que outro. Olhando desse lado, temos muito mais dificuldades para enxergar a face impressa na moeda.

Não quero convencer os leitores desse texto a se tornarem calvinistas, quero que comecem a ler suas bíblias com toda força, dependência e piedade; que orem como nunca em busca de crescimento na doutrina de Cristo. Quero que conheçam a soberania de Deus, experimentem sua graça e se sintam amados, isso resultará em mais glória para Deus. Quero que percam o medo do inferno e do Diabo, que descansem nas mãos do Senhor quanto a sua salvação. Mas não tem problema se, ao final desse processo, você continuar se auto denominando; arminiano.
Juiz De Fora - MG
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