Palavra do leitor
- 17 de janeiro de 2009
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Teologia negra?
Nas aulas de fonética, íamos ao quadro para desenharmos o aparelho fonador humano e escrevermos o nome de cada uma das suas partes. Ao finalizarmos aqueles desenhos, a professora os olhava com um ar muito meigo e alguns de nós terminávamos ouvindo dela: "Está bonitinho, mas totalmente errado!". Pensava comigo: como algo poderia estar "bonitinho", mas totalmente errado? Descobri com o passar dos anos que há muitas coisas "bonitinhas" nos púlpitos de muitas igrejas e escritas em muitos artigos e livros do meio evangélico, mas profunda e perigosamente equivocadas.
Pensando no que disse acima, pergunto o que deve surgir na mente dos leitores diante de uma expressão como "teologia negra". Se teologia é o resultado confessional de nossa cosmovisão (segundo Rev. Ewerton Barcelos Tokashiki), deduz-se que toda teologia é um discurso sobre a divindade, sobre Deus, mas sempre como fruto de uma sistematização construída a partir de determinados pressupostos. Mas quais pressupostos?
Pressupostos podem revelar-se teístas, deístas, marxistas, antropocêntricos, humanistas, animistas, etc. Daí, ao ouvir sobre uma “teologia negra”, conjeturar-se-ia haver um discurso negro sobre Deus construído sobre pressupostos raciais? Seria isso? Sendo assim, haverá tantos discursos sobre Deus quanto há etnias e outros grupos sociais no mundo que então sedimentariam teologias negras, brancas, amarelas, vermelhas, gays, pobres, ricas, feministas? Entretanto, seriam todos esses discursos válidos? Estariam todos esses grupos discursando sobre o mesmo conteúdo? Duvido. O que decorre é que o espaço à Teologia Gay deveria ser o mesmo dado a uma Teologia Negra ou a uma Teologia Feminista. Obviamente, haver uma Teologia Negra implica na existência de outras teologias disputando espaço seja numa feira de idéias seja numa luta de ideologias. Ora, no areópago pós-moderno todos os discursos são válidos, todos são “politicamente corretos”, todos são cobertos pelo verniz do apresentável, do “bonitinho”, ainda que possam ser retóricas totalmente equivocadas.
O que seria uma Teologia Negra? Se não é outra coisa senão a própria teologia cristã, então por que ser negra? É um novo discurso sobre um Deus negro? Ou o discurso de um teólogo negro sobre Deus? Ou seria a Teologia Negra o discurso de Deus sobre os negros? Sendo isto, é uma teologia desnecessária, visto que Deus fala a todos e acerca de todos independente se somos negros, brancos, indígenas, gays, heterossexuais, e até flamenguistas! Sendo um novo discurso sobre a divindade, equipara-se, como escrevi no parágrafo anterior, a tantas outras teologias que não necessariamente são cristãs – são apenas geiseritas sedimentadas à margem da fonte da água viva a jorrar, que é o Evangelho de Jesus Cristo.
Mais uma vez ainda, o que seria uma Teologia Negra? Pode-se crer que seja uma teologia em oposição ou diferente a uma Teologia Branca? E esta existe? Se, por exemplo, a teologia branca for a teologia de Spurgeon, Calvino, Lutero, Wycllif, Agostinho, Atanásio, seria a teologia negra uma oposição a eles (ou diferente deles)? Julgava que a teologia cristã fosse tão somente supracultural, suprarracial, supragênero, supraeconômico, mas não é o que parece ao lermos o texto de Gercymar Wellington Lima e Silva (Ultimato online de 18/11/2008), que cita que o melhor exemplo de referência imediata da negritude brasileira é o candomblé! Ora, é esdrúxulo usar o espaço de uma revista cristã evangélica para discorrer sobre teologia negra e citar que o ponto máximo da cultura negra no Brasil é o candomblé e, ainda, pensar que como cristãos deveríamos apoiar as tais “políticas de ação afirmativa” que incentivam um sistema religioso (o candomblé) que produziu grandes teólogos e líderes espirituais de envergadura como... Como... Como quem mesmo? Os adeptos do Candomblé, da Umbanda e outras quaisquer manifestações religiosas têm toda liberdade de participarem de seus cultos e de promoverem os mesmos como bem entenderem. O que não se pode apoiar é que o dinheiro do povo de Deus seja usado para promover uma cultura anticristã, como já tem sido usado para promover mudança de sexo no SUS, promover kit-sodomia nas escolas públicas, e as cotas da desigualdade nas Universidades, entre tantas bizarrices federais financiadas com dinheiro de nossos impostos (que declaramos ser um dinheiro que nos é dado por Deus). Tudo isto sob a desculpa da laicidade do Estado.
Deus tem uma interpretação sobre nós, sobre nossa natureza e nossas responsabilidades coletivas e individuais. O mundo precisa compreender que não é a sua interpretação sobre a divindade o cerne da questão, mas a interpretação de Deus acerca de cada um de nós. Esta, sim, a teologia fundamental e cristã. Quando destruirmos as grades teóricas com as quais nos prendemos e passarmos tão somente a viver o Evangelho puro e simples, surgirão mais testemunhos maravilhosos de transformação cultural como o narrado no artigo “Receita afro-brasileira: uma boa alternativa para igreja” (Edição Novembro-dezembro/2008). Um ótimo exemplo de uma igreja que não se rende ao contexto em que está inserida, mas o transforma aplicando “sermões, publicações, teatro, aconselhamento e programas de oração”. Uma Igreja que simplesmente crê que o Evangelho é o poder de Deus!
Teologia Negra... Teologia Gay... Teologia Feminista... O vão escuso dos discursos criados pelo perigo de palavras que, além de informações, estão carregadas de ideologias e bandeiras partidárias. Discursos que pregam mais descontinuidade do que estabelecem pontes entre pecadores e a redenção encontrada nas Sagradas Escrituras. Enfim, discursos bonitinhos, mas totalmente equivocados.
Pensando no que disse acima, pergunto o que deve surgir na mente dos leitores diante de uma expressão como "teologia negra". Se teologia é o resultado confessional de nossa cosmovisão (segundo Rev. Ewerton Barcelos Tokashiki), deduz-se que toda teologia é um discurso sobre a divindade, sobre Deus, mas sempre como fruto de uma sistematização construída a partir de determinados pressupostos. Mas quais pressupostos?
Pressupostos podem revelar-se teístas, deístas, marxistas, antropocêntricos, humanistas, animistas, etc. Daí, ao ouvir sobre uma “teologia negra”, conjeturar-se-ia haver um discurso negro sobre Deus construído sobre pressupostos raciais? Seria isso? Sendo assim, haverá tantos discursos sobre Deus quanto há etnias e outros grupos sociais no mundo que então sedimentariam teologias negras, brancas, amarelas, vermelhas, gays, pobres, ricas, feministas? Entretanto, seriam todos esses discursos válidos? Estariam todos esses grupos discursando sobre o mesmo conteúdo? Duvido. O que decorre é que o espaço à Teologia Gay deveria ser o mesmo dado a uma Teologia Negra ou a uma Teologia Feminista. Obviamente, haver uma Teologia Negra implica na existência de outras teologias disputando espaço seja numa feira de idéias seja numa luta de ideologias. Ora, no areópago pós-moderno todos os discursos são válidos, todos são “politicamente corretos”, todos são cobertos pelo verniz do apresentável, do “bonitinho”, ainda que possam ser retóricas totalmente equivocadas.
O que seria uma Teologia Negra? Se não é outra coisa senão a própria teologia cristã, então por que ser negra? É um novo discurso sobre um Deus negro? Ou o discurso de um teólogo negro sobre Deus? Ou seria a Teologia Negra o discurso de Deus sobre os negros? Sendo isto, é uma teologia desnecessária, visto que Deus fala a todos e acerca de todos independente se somos negros, brancos, indígenas, gays, heterossexuais, e até flamenguistas! Sendo um novo discurso sobre a divindade, equipara-se, como escrevi no parágrafo anterior, a tantas outras teologias que não necessariamente são cristãs – são apenas geiseritas sedimentadas à margem da fonte da água viva a jorrar, que é o Evangelho de Jesus Cristo.
Mais uma vez ainda, o que seria uma Teologia Negra? Pode-se crer que seja uma teologia em oposição ou diferente a uma Teologia Branca? E esta existe? Se, por exemplo, a teologia branca for a teologia de Spurgeon, Calvino, Lutero, Wycllif, Agostinho, Atanásio, seria a teologia negra uma oposição a eles (ou diferente deles)? Julgava que a teologia cristã fosse tão somente supracultural, suprarracial, supragênero, supraeconômico, mas não é o que parece ao lermos o texto de Gercymar Wellington Lima e Silva (Ultimato online de 18/11/2008), que cita que o melhor exemplo de referência imediata da negritude brasileira é o candomblé! Ora, é esdrúxulo usar o espaço de uma revista cristã evangélica para discorrer sobre teologia negra e citar que o ponto máximo da cultura negra no Brasil é o candomblé e, ainda, pensar que como cristãos deveríamos apoiar as tais “políticas de ação afirmativa” que incentivam um sistema religioso (o candomblé) que produziu grandes teólogos e líderes espirituais de envergadura como... Como... Como quem mesmo? Os adeptos do Candomblé, da Umbanda e outras quaisquer manifestações religiosas têm toda liberdade de participarem de seus cultos e de promoverem os mesmos como bem entenderem. O que não se pode apoiar é que o dinheiro do povo de Deus seja usado para promover uma cultura anticristã, como já tem sido usado para promover mudança de sexo no SUS, promover kit-sodomia nas escolas públicas, e as cotas da desigualdade nas Universidades, entre tantas bizarrices federais financiadas com dinheiro de nossos impostos (que declaramos ser um dinheiro que nos é dado por Deus). Tudo isto sob a desculpa da laicidade do Estado.
Deus tem uma interpretação sobre nós, sobre nossa natureza e nossas responsabilidades coletivas e individuais. O mundo precisa compreender que não é a sua interpretação sobre a divindade o cerne da questão, mas a interpretação de Deus acerca de cada um de nós. Esta, sim, a teologia fundamental e cristã. Quando destruirmos as grades teóricas com as quais nos prendemos e passarmos tão somente a viver o Evangelho puro e simples, surgirão mais testemunhos maravilhosos de transformação cultural como o narrado no artigo “Receita afro-brasileira: uma boa alternativa para igreja” (Edição Novembro-dezembro/2008). Um ótimo exemplo de uma igreja que não se rende ao contexto em que está inserida, mas o transforma aplicando “sermões, publicações, teatro, aconselhamento e programas de oração”. Uma Igreja que simplesmente crê que o Evangelho é o poder de Deus!
Teologia Negra... Teologia Gay... Teologia Feminista... O vão escuso dos discursos criados pelo perigo de palavras que, além de informações, estão carregadas de ideologias e bandeiras partidárias. Discursos que pregam mais descontinuidade do que estabelecem pontes entre pecadores e a redenção encontrada nas Sagradas Escrituras. Enfim, discursos bonitinhos, mas totalmente equivocados.
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