Palavra do leitor
- 20 de março de 2010
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Tempo a perder!
Observo as folhas pelo chão, olho o horizonte enquanto espero o portão da minha casa se abrir. O tempo marca a hora de sair, pra retornar a tempo de iniciar meu dia, mas antes que ele se inicie tenho que ir até uma cidadezinha vizinha, chamada Biguaçú, levar uma trouxa de serviços para a nossa costureira.
Assim, saio como todas as manhãs ouvindo o 740 AM, Rádio CBN de Florianópolis. Meu rumo, a BR 101-Norte, na direção da terra que deixei, minha Curitiba, mas o anseio e saudosismo duram dois minutos, ao chegar na marginal vejo tudo parado, pego o telefone e em três cliques ligo para a Radio e converso com o Felipe Reis.
- Radio CBN, diz a voz do outro lado, eu dirigindo a 40 Km/h respondo:
- Tem um acidente na BR 101 sentido Norte, na altura de Forquilhinhas e o trânsito está terrível até o bairro Kobrasol.
Felipe Reis agradece e eu sigo olhando para o trânsito e tentando escapar pela marginal pois tenho que retornar para tomar café com a Lessa e com a Lara.
No instante clico no celular e vejo que já é 7:50, tento driblar mas fui penalizado, estou eu no meio de um monte de carros tentando fugir do trânsito, em vão. Trinta segundos se passaram e quando o Felipe volta ao ar ele noticia:
- Informação de última hora: o transito está complicado no sentido Norte da BR 101, na altura de Forquilhinhas até o Kobrasol, o rádio é mesmo o veículo mais rápido de comunicação!
O trânsito acaba e lá estou eu com o meu pé pesado no acelerador, indo a 100 km/h entrando na BR 101.
Seguindo em frente, passo caminhões, sou ultrapassado pelas motos no corredor e vez ou outra surpreendido por alguém mais apressado que eu dando aquele sinalzinho de luz na minha traseira.
Bom, como sempre só dou aquela tiradinha lateral e o meu amigo-inimigo voa avançando para o seu rumo! Chego ao destino, mas logo percebo ao descarregar os tecidos que algo não estava certo, precisava falar com a Lessa por telefone. Pedi a costureira para usar o seu fixo para ligar para o nosso fixo, e ela se prontificou. Quando olhei para o lado respondendo ao olhar dela para que ligasse, me deparei com um aparelho que está prestes a entrar no mais recente museu da telefonia, um telefone a disco de mesa Ericsson cinza. Vocês se lembram dele? É aquele mesmo que a gente tinha que discar e esperar o disco retornar para discar o seguinte número!
Faz algum tempo! Meu Deus pensei, quanto tempo vou perder usando este aparelho! Minha memória fora ligeiramente exercitada naquele momento. Me lembrei de que tínhamos que ter gatilho rápido para conseguir uma ligação para a rádio, pedindo uma música, ou então nem tão rápido para entrar em um grupo de bate papo da década de oitenta, disque amizade, 145.
Quanta recordação, quantas horas falei nesses telefones, mas agora estava o rejeitando, pelo simples fato de ter mais comodidade, dar três cliques e falar com minha esposa. Não tinha tempo a perder! Mas uma simples reflexão me levou a tirar aquela geringonça pesada do gancho e discar número por número.
Foi de fato uma viagem. Cada número indo e depois vindo, parece que tudo se passou em câmera lenta naquele momento, quase um ballet. Quando foi a vez do nove então foi a emoção maior, discar, ir até o final usando a minha própria mão e meu próprio dedo e depois soltá-lo e o ver sorrindo por dar mais uma voltinha no disco divertido daquele telefone. Parece que o nove abriu um sorriso pra mim e eu pra ele.
Acho que a costureira me achou meio esquisito, mas, foi assim que aconteceu. Você já parou pra pensar que estamos rodeados de cliques em nossa vida? Para o calor temos o clique do ar, para o frio temos o clique da lareira a gás, para o arroz temos o clique do microondas, para o bife temos o clique do fogão.
Não temos tempo a perder com coisas que vão exigir o mínimo esforço de nossa parte. Vivemos uma verdadeira revolução tecnológica, algo que nos engoliu. E agora é tarde para voltarmos atrás? Com mais um clique estamos falando com um amigo do outro lado do mundo e como se não bastasse podemos vê-lo através de uma web cam! Isso é fantástico, mas também assustador!
Não temos tempo a perder com as coisas que servem pra nos auxiliar em nosso dia a dia, mas também não temos tempo pra outras coisas mais importantes, como uma conversa, um olhar, um abraço ou uma simples oração.
Estamos distante de tudo e todos e vivemos uma grande torre de Babel, onde queremos chegar ao céu mas não falamos as mesmas línguas. Estamos nos distanciando do céu e também do nosso semelhante. Através dos cliques ”facilitamos” nossa vida mas também a complicamos.
Estamos cada vez mais vivendo o nosso pequeno mundo e esquecendo do principal, Deus! Precisamos voltar atrás, refletir e dizer não para as facilidades e apelos do mercado. Tantos cliques em nossa vida! Podíamos nos desplugar por muitos momentos e ouvir o silêncio! Precisamos sentir saudades do telefone antigo, ou da velha forma de se dizer um simples: Eu gosto de você!
Que Deus nos ajude!
Assim, saio como todas as manhãs ouvindo o 740 AM, Rádio CBN de Florianópolis. Meu rumo, a BR 101-Norte, na direção da terra que deixei, minha Curitiba, mas o anseio e saudosismo duram dois minutos, ao chegar na marginal vejo tudo parado, pego o telefone e em três cliques ligo para a Radio e converso com o Felipe Reis.
- Radio CBN, diz a voz do outro lado, eu dirigindo a 40 Km/h respondo:
- Tem um acidente na BR 101 sentido Norte, na altura de Forquilhinhas e o trânsito está terrível até o bairro Kobrasol.
Felipe Reis agradece e eu sigo olhando para o trânsito e tentando escapar pela marginal pois tenho que retornar para tomar café com a Lessa e com a Lara.
No instante clico no celular e vejo que já é 7:50, tento driblar mas fui penalizado, estou eu no meio de um monte de carros tentando fugir do trânsito, em vão. Trinta segundos se passaram e quando o Felipe volta ao ar ele noticia:
- Informação de última hora: o transito está complicado no sentido Norte da BR 101, na altura de Forquilhinhas até o Kobrasol, o rádio é mesmo o veículo mais rápido de comunicação!
O trânsito acaba e lá estou eu com o meu pé pesado no acelerador, indo a 100 km/h entrando na BR 101.
Seguindo em frente, passo caminhões, sou ultrapassado pelas motos no corredor e vez ou outra surpreendido por alguém mais apressado que eu dando aquele sinalzinho de luz na minha traseira.
Bom, como sempre só dou aquela tiradinha lateral e o meu amigo-inimigo voa avançando para o seu rumo! Chego ao destino, mas logo percebo ao descarregar os tecidos que algo não estava certo, precisava falar com a Lessa por telefone. Pedi a costureira para usar o seu fixo para ligar para o nosso fixo, e ela se prontificou. Quando olhei para o lado respondendo ao olhar dela para que ligasse, me deparei com um aparelho que está prestes a entrar no mais recente museu da telefonia, um telefone a disco de mesa Ericsson cinza. Vocês se lembram dele? É aquele mesmo que a gente tinha que discar e esperar o disco retornar para discar o seguinte número!
Faz algum tempo! Meu Deus pensei, quanto tempo vou perder usando este aparelho! Minha memória fora ligeiramente exercitada naquele momento. Me lembrei de que tínhamos que ter gatilho rápido para conseguir uma ligação para a rádio, pedindo uma música, ou então nem tão rápido para entrar em um grupo de bate papo da década de oitenta, disque amizade, 145.
Quanta recordação, quantas horas falei nesses telefones, mas agora estava o rejeitando, pelo simples fato de ter mais comodidade, dar três cliques e falar com minha esposa. Não tinha tempo a perder! Mas uma simples reflexão me levou a tirar aquela geringonça pesada do gancho e discar número por número.
Foi de fato uma viagem. Cada número indo e depois vindo, parece que tudo se passou em câmera lenta naquele momento, quase um ballet. Quando foi a vez do nove então foi a emoção maior, discar, ir até o final usando a minha própria mão e meu próprio dedo e depois soltá-lo e o ver sorrindo por dar mais uma voltinha no disco divertido daquele telefone. Parece que o nove abriu um sorriso pra mim e eu pra ele.
Acho que a costureira me achou meio esquisito, mas, foi assim que aconteceu. Você já parou pra pensar que estamos rodeados de cliques em nossa vida? Para o calor temos o clique do ar, para o frio temos o clique da lareira a gás, para o arroz temos o clique do microondas, para o bife temos o clique do fogão.
Não temos tempo a perder com coisas que vão exigir o mínimo esforço de nossa parte. Vivemos uma verdadeira revolução tecnológica, algo que nos engoliu. E agora é tarde para voltarmos atrás? Com mais um clique estamos falando com um amigo do outro lado do mundo e como se não bastasse podemos vê-lo através de uma web cam! Isso é fantástico, mas também assustador!
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Estamos distante de tudo e todos e vivemos uma grande torre de Babel, onde queremos chegar ao céu mas não falamos as mesmas línguas. Estamos nos distanciando do céu e também do nosso semelhante. Através dos cliques ”facilitamos” nossa vida mas também a complicamos.
Estamos cada vez mais vivendo o nosso pequeno mundo e esquecendo do principal, Deus! Precisamos voltar atrás, refletir e dizer não para as facilidades e apelos do mercado. Tantos cliques em nossa vida! Podíamos nos desplugar por muitos momentos e ouvir o silêncio! Precisamos sentir saudades do telefone antigo, ou da velha forma de se dizer um simples: Eu gosto de você!
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